sábado, 27 de março de 2010

Ao não denunciar pedofilia eclesiástica, Igreja incorre em crime de ‘Obstrução de Justiça’

Via Correio da Cidadania - Por Mário Maestri - 23.03.2010


No dia 21 de março, na mensagem tradicional da praça São Pedro, em Roma, o papa Ratzinger defendeu a necessidade de sermos "intransigentes com o pecado (...) e indulgentes com os pecadores". A declaração piedosa foi vinculada pela imprensa à carta publicada na véspera aos "Católicos da Irlanda", sobre as denúncias de graves e freqüentes crimes sexuais contra crianças por parte de padres e religiosos. A carta papal foi publicada em momento de grandes dificuldades do Vaticano. Foi lida como resposta às crescentes denúncias de crimes de pedofilia eclesiástica – e seu encobrimento –, que não cessam de se avolumar na Irlanda, Alemanha, Holanda e Áustria, após causarem enormes estragos à Igreja nos Estados Unidos.

Na Alemanha, terra do pontífice, 23 das 26 dioceses já foram atingidas por denúncias de casos de pedofilia clerical. E, mais e mais, as denúncias aproximam-se do papa alemão, apesar dos desmentidos explícitos do Vaticano. O monsenhor George Ratzinger, irmão do pontífice, inquirido sobre crimes de pedofilia ocorridos na instituição que dirigiu, de 1964 a 1994, afirmou que jamais fora informado sobre eles. Reconheceu que esbofeteava crianças sob sua autoridade. Mais antigas, as acusações ao hoje bispo de Roma referem-se ao encobrimento direto de, ao menos, um crime contra um menor. Mais grave ainda, denunciam a orquestração realizada por Ratzinger para que os bispos de todo o mundo encobrissem tais fatos. Continua