quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Degradação maior nas bacias do São Francisco, Tocantins-Araguaia e Parnaíba

Via Correio Braziliense
Por Vinicius Sassine
24.04.2011

Quinze dos 20 municípios que mais desmataram o Cerrado nos últimos oito anos estão situados exatamente em regiões de nascentes nas Bacias São Francisco, Tocantins-Araguaia, Parnaíba e Paraguai. Os desmates ocorrem nas áreas altas, que drenam as bacias e garantem o abastecimento de água para as outras regiões. O caso do município de João Pinheiro (MG), o 20º maior desmatador, é emblemático. Ele está encostado na região do Alto São Francisco, onde nascem os principais rios da bacia. Carvoarias, usinas de álcool, mineradoras e plantações de eucalipto foram os principais responsáveis pelo desmatamento de 484,5 km² na cidade, entre 2002 e 2008.

A fronteira agrícola em curso no oeste da Bahia, no Maranhão e no Piauí segue a trilha das nascentes localizadas no Alto Tocantins e no Alto Parnaíba. Na Bahia, os quatro municípios próximos à região do Alto Tocantins — Formosa do Rio Preto, São Desidério, Correntina e Jaborandi — respondem por um desmatamento de 5,3 mil km2. Dentro do Alto Parnaíba, Balsas (MA), Baixa Grande do Ribeiro (PI) e Uruçuí (PI) concentram um desmate de mais de 2 mil km². No Alto Araguaia, a morte das nascentes ocorre principalmente em Crixás (GO), comprometidas pela atividade mineradora.

O Cerrado é decisivo para a formação do Pantanal. Lá, a Bacia Paraguai tem 2,19 mil nascentes, das quais 1,9 mil (87,4%) estão no Cerrado. Mesmo quase que completamente fora das imediações do bioma, a Bacia Paraguai é a que mais depende do Cerrado para existir. O fornecimento de água para a bacia, inclusive, supera 100%, o que leva aos alagamentos que caracterizam o Pantanal. Continua

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