Por Leilane Marinho
26.09.2011
Foto: Rebio Guaporé
“Dá pra sentir pelo cheiro”. A insistente fumaça do casco sapecado na brasa, forma como é preparada a tartaruga-da-amazônia, ainda apreciada no norte do Brasil, denuncia que o número de fêmeas capturadas no momento da desova em Praia Alta, Rondônia, não é pequeno. “Estão comendo tartaruga como nunca”, conta Eduardo Bissagio, analista ambiental do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), em Porto Velho. A captura tem ocorrido por falta de fiscalização e fechamento do escritório do Ibama justamente na área de um projeto de proteção de quelônios que tinha mais de 30 anos de atividades de sucesso.
Uma das bases do Projeto Quelônios da Amazônia (PQA) fica na Praia Alta, rio Guaporé, fronteira entre Brasil e Bolívia. Nesta região há grande concentração de Podocnemis expansa, maior tartaruga de água doce da América do Sul – chega a ter 80 centímetros de comprimento e pesar 60 quilos. Existem pelo menos 60 mil fêmeas em idade reprodutiva em todo o Brasil. Em 2010, o projeto teve seis mil covas da espécie e, em Praia Alta, 600 mil filhotes foram liberados.
Apesar dos números de outrora, a má administração de recursos já insuficientes resultou na falta de fiscalização e o que se vê atualmente é um festival de caça ilegal a um animal que deveria ser protegido pelo Ibama. “Neste último mês consumimos todo o dinheiro e tivemos que fazer novo orçamento. Quatro fiscais e um coordenador já retomaram a fiscalização e estão em Praia Alta”, afirma César Luis Guimarães, superintendente do Ibama em Rondônia. Continua