segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O cardápio atômico japonês

Via Carta Maior
Por Toni Mori
10.09.2011



A crise nuclear criou uma nova vertente na requintada culinária japonesa, o cardápio atômico. O que era apresentado como um pequeno problema temporário, tornou-se, seis meses depois, um grave problema sócio-econômico. Vacas, javalis, peixes frutas e folhas de chá, entre outros produtos, apresentam contaminação por césio. Arroz também está sob suspeita. Milhares de agricultores e pescadores exigem indenização. O artigo é de Tomi Mori.
Tomi Mori (*)

A crise aberta em Fukushima 1 continua a aprofundar-se. Além da questão energética, que aflige os japoneses, a fuga da radiação parece prosseguir sem que a população tenha informações ou meios de evitar as consequências.

Dias após o desastre nuclear, enquanto a TEPCO e o governo insistiam que não havia risco para a população, os fatos foram provando o contrário. O primeiro indício dessa grande mentira foi a divulgação pela imprensa de que o leite e alguns tipos de verduras estavam contaminados pela radiação. Na sequência foi descoberto que a água, mesmo em Tóquio, a quilômetros de Fukushima, estava contaminada, mas, segundo eles, num nível não prejudicial às pessoas. Mas aconselhou-se que essa água não fosse dada a crianças pequenas.

A crise nuclear criava, assim, uma nova vertente na requintada culinária japonesa, o cardápio atómico O que era apresentado como um problemazinho temporário, seis meses depois, tornou-se um grave problema sócio-econômico.

O javali atômico
Para poder escrever sobre este tema, tive de estar atento, com uma lupa na mão, para, em alguns casos, encontrar informações, que julgo relevantes, nos pés de página dos jornais, como aconteceu esta manhã.

Numa breve nota, comunicava-se que, mais uma vez, fora detectada radioatividade acima da estabelecida por lei em gado bovino de corte da província de Iwate. Isso, alguns dias depois do governo afirmar que o gado proveniente dessa província não estava contaminado e ter levantado a proibição da venda da carne produzida nas províncias do nordeste. A questão do gado bovino tornou-se uma grande e triste novela desde que, semanas atrás, foi descoberto que uma vaca, abatida num matadouro, num bairro central de Tóquio, estava contaminada pelo césio. Na sequência das averiguações confirmou-se que outras vacas também abatidas nesse matadouro também estavam contaminadas. A bola de neve foi aumentando e, com o passar dos dias, o governo proibiu que algumas províncias produtoras (Fukushima, Miyagi, Iwate, Tochigi) dispusessem o seu gado para abate. Continua


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