JC e-mail 4927, de 04 de abril de 2014
Medicina terá exame bienal obrigatório
Mudança entrará em vigor a partir de 2016; resultado será classificatório para o ingresso na residência médica
Estudantes de medicina terão de fazer, a partir de 2016, exames bienais para comprovar o conhecimento adquirido no curso. O resultado será classificatório para o ingresso na residência.
A regulamentação de regras para a graduação de medicina foi aprovada ontem pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), seguindo mudanças previstas na lei que criou o Mais Médicos. A avaliação dos alunos será obrigatória e aplicada pelo Inep, órgão do Ministério da Educação responsável pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
Estudantes que já estão matriculados em cursos de medicina não serão atingidos pelas novas regras da graduação, mas poderão optar por seguir o modelo futuro. "Ela [prova] passa a ser um componente curricular, como o internato", afirmou Gilberto Braga, presidente da comissão responsável por analisar o tema. Para entrar em vigor, a resolução precisa ainda ser confirmada pelo ministro Henrique Paim (Educação), o que deve ocorrer em breve, segundo a Folha apurou.
DISCUSSÃO
JadeteLampert, presidente da Abem (Associação Brasileira de Educação Médica), é favorável aos exames sazonais, mas afirma que é necessário discutir o formato a ser adotado para a prova.
Para ela, a avaliação deveria considerar, além dos conhecimentos dos estudantes, questões práticas que surgem no dia a dia do profissional. "O que temos [como padrão] é uma prova escrita, que avalia mais conhecimentos. As habilidades do médico também são fazer um exame clínico simples, uma anamnese [entrevista com o paciente]", afirma.
Sancionada em outubro do ano passado, a lei que criou o programa Mais Médicos definiu um prazo de seis meses para a manifestação do CNE. A proposta original do governo previa a ampliação do curso de medicina de seis anos para oito. Mas, diante das críticas, a ideia foi abandonada.
REDE PÚBLICA
O conselho definiu ainda que 30% da carga horária do internato médico será dedicada à atenção básica, em unidades públicas de saúde. Hoje, não está definido um percentual mínimo. "[A graduação de medicina] fica mais cidadã. Ela se insere definitivamente num projeto de Estado, numa relação com o SUS. Isso era timidamente tratado na diretriz anterior", avalia Braga.
Para Lampert, essa decisão terá impacto também sobre a infraestrutura dos postos de atenção básica do país, ainda carentes de equipamentos, segundo ela. "Uma coisa traz outra: não podemos obrigar o aluno a ir a um centro [de atenção básica] que não existe."
(Flávia Foreque/Folha de S.Paulo)