quarta-feira, 9 de abril de 2014

Para a socióloga Fátima Pacheco Jordão, repercussão da pesquisa do Ipea evidencia que violência de gênero deve ser ainda mais pesquisada (O Estado de S. Paulo – 05/04/214)

O Estado de S. Paulo
Por Mônica Manir 
Via Compromisso e Atitude
05.04.2014

Repercussão de pesquisa sobre estupro evidencia que é preciso aprofundar o assunto, apesar do índice errado quanto à mulher ‘merecer’ ser violentada, diz socióloga

Não diria surpresas, mas espantos. O primeiro foi saber, na semana passada, que 65,1% da sociedade brasileira concordava com a frase “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. O segundo foi ser informada, na sexta-feira, de que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), autor da pesquisa dos 65,1%, revertera esse número para 26%. Era uma errata no resultado mais divulgado da Tolerância Social à Violência contra as Mulheres, à qual tantas mulheres reagiram com a hashtag “EuNãoMereçoSerEstuprada”. O Ipea estava nu.
“Foi um erro rústico no processamento e na publicação”, diz a socióloga e pesquisadora Fátima Pacheco Jordão. Com décadas de experiência na análise de pesquisas, ela não desqualifica a aplicação dessa última. Muito menos o tema central. São meio milhão de estupros e violências contra a mulher anualmente, afirma, e isso apenas os casos notificados. Os não notificados poderiam abrir uma conta de 14 mil por dia.
Para Fátima, mãe de duas filhas e conselheira do Instituto Patrícia Galvão, a repercussão toda só incentiva mais enquetes. “O estupro é um fenômeno que está no eixo do machismo, não é ponto de curva.”

Veja a entrevista.