No mundo do crime também existem classes entre bandidos; cada qual com sua categoria. Os grandes assaltantes de quantias milionárias têm status por sua esperteza e competência. Um assalto de milhões a um banco ou a uma empresa qualquer que seja, privada ou pública, não é para qualquer um. Até porque o objetivo desse tipo de assalto é conseguir um resultado "limpo", sem sangue. Pois o bandido já está num estágio de querer se sentir integrado ao mundo dos ricos. Sentir-se "admirado" e poderoso.
Um grande assalto quase sempre é muito bem arquitetado para evitar a necessidade de matar. Não por generosidade, mas porque o risco será muito maior devido à comoção social causada por alguma morte; que acaba gerando maior cobrança de justiça e perseguição mais intensa da polícia. Ou seja, uma desmoralização total para assaltantes profissionais. Já os amadores matam até sem querer e ainda se sentem "injustiçados". Mais. Os amadores enlameiam a vida de quem não tem a ver com seus crimes e, perversamente, se calam: que os outros respondam por eles.
Dessas coisas, mais ou menos, já se sabe. A novidade agora é o estudo da antropóloga Jania Perla de Aquino, que conversou com dezenas de assaltantes milionários. Em sua pesquisa constatou que eles vivem, "trabalham" e desenvolvem o gosto pelo risco como se fossem empreendedores de verdade. Sem dimensionar a diferença que os separa do mundo empresarial legal, chegam a investir em negócios lícitos. Parecem mesmo esquecer a identidade criminosa; a realidade de serem do mundo ilegal.
Segundo a antropóloga, em entrevista a Mariana Sanches na Época desta semana, esses bandidos não se enxergam como honestos, "mas não se consideram mais criminosos que a maior parte das pessoas ricas". Por quê? Porque têm a percepção de que a sociedade em que vivem é corrupta. O que não chega a surpreender. Entretanto, Jania conclui que eles não se contentam em ser apenas de classe média. E a razão disso está num desejo maior: o de entrar em lojas finas e ser bajulados. Mais ainda. Eles querem de fato "ser a elite"; consumir mais, circular em meios sofisticados. Classe média, portanto, seria coisa de mané. "Eles entraram no crime não porque ser pobre é ruim, mas porque ser rico é muito bom", diz a antropóloga. Continua
Via Bombou na web
por Rafael Pereira
Está na rede!
Via Época; G1, UOL; Portal Terra
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