domingo, 21 de fevereiro de 2010

Anarquistas da ciência

Via Ciência Hoje - Por Adilson de Oliveira - 19.02.2010



Ilustração da curvatura do espaço-tempo causada pela presença de matéria (no caso, a Terra). Esse efeito faz parte da teoria da relatividade geral, proposta revolucionária de Albert Einstein que é hoje um dos pilares da física (imagem: Wikimedia Commons).


Da teoria da relatividade à mecânica quântica, Adilson de Oliveira discute os avanços no conhecimento sobre o mundo físico, que muitas vezes surgem do rompimento com os modelos preestabelecidos.


A física é uma ciência que vem sendo construída ao longo de centenas de anos por diversos cientistas e pesquisadores. Alguns se destacam mais nessa empreitada, mas a grande maioria é formada apenas por pequenos coadjuvantes.

Por exemplo, milhares de artigos científicos na área da física são publicados por mês em todo o mundo, sendo que quase todos relatam apenas resultados e teorias incrementais, ou seja, que se tornam pequenos avanços – embora essenciais – para a compreensão do mundo físico. As grandes descobertas são raras e as que revolucionam profundamente a física são ainda mais difíceis de acontecer.

Esse fato mostra que a física é um campo de conhecimento sólido, que não é facilmente alterado, pois somente aquilo que é realmente verificado e testado de maneira independente e exaustiva se consolida.

Em certos momentos, alguns cientistas resolvem desafiar o status quo e propor ideias revolucionárias. Como se fossem ‘anarquistas científicos’, tentam quebrar os modelos e a ordem estabelecida dentro do campo científico.

Contraditoriamente, um dos maiores anarquistas da ciência durante a juventude transformou-se em um forte conservador quando ficou mais velho. Seu nome: Albert Einstein (1879-1955).

Em 1905, cinco anos após ter se graduado em física pela Escola Politécnica de Zurique (Suíça), Einstein ainda não tinha conseguido um cargo de pesquisador ou professor em alguma universidade europeia. Seu grande amigo dos tempos de universidade, Michele Besso (1873-1955), conseguiu uma indicação para ele trabalhar como analista de patentes no Bureau de Patentes em Berna (Suíça). Como o próprio Einstein dizia, lá havia tempo suficiente para realizar o seu trabalho e também ter ideias revolucionárias e anárquicas sobre a natureza da luz, da matéria, do tempo e do espaço. Continua


O físico Adilson de Oliveira é professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).