terça-feira, 28 de junho de 2011

Competitividade na escola é criticada

JC e-mail 4287, de 27 de Junho de 2011.

Competitividade na escola é criticada



Ambiente escolar voltado apenas para resultado de vestibular desestimula aprendizado, defende educadora em artigo na 'Science'.

Um ambiente escolar extremamente competitivo - e voltado para testes de ingresso na universidade - está prejudicando a vida de muita gente. O diagnóstico não partiu de educadores indulgentes ou de adolescentes preguiçosos: mereceu um editorial da prestigiosa revista Science, publicação da Associação Americana para o Avanço da Ciência.

A autora, Deborah Stipek, da Faculdade de Educação da Universidade Stanford, em Palo Alto, na Califórnia, estuda a motivação dos jovens no ambiente escolar há 35 anos. Na terça-feira passada, em uma entrevista, ela recordou o dia em que a sua filha chegou em casa, comemorando: "Nunca mais vou estudar francês." A garota tinha acabado de fazer uma prova que a auxiliaria a concorrer a uma vaga no sistema de ensino superior americano. "Ficou claro que não estava interessada em dialogar com outras culturas, em viajar ou em adquirir uma habilidade útil para a vida", pondera Deborah.

Para a pesquisadora de Stanford, os jovens são treinados para obter um excelente desempenho em testes de múltipla escolha. Também são animados a enfeitar seu incipiente currículo com atividades esportivas ou cívicas que rendam um perfil atraente aos olhos das principais universidades dos Estados Unidos, como Harvard, Colúmbia, a própria Stanford. Nada contra o desempenho extraordinário nos exames ou contra atividades fora das quatro paredes da sala de aula. Mas Deborah aponta que há algo de aberrante na educação focada em resultados mensuráveis, currículos e rankings.

Segundo ela, em nome da eficácia administrativa da preparação para os exames, sufocam-se, por exemplo, a alegria do aprendizado, uma visão construtiva dos próprios erros e a formação de uma personalidade madura e equilibrada. Continua