domingo, 21 de agosto de 2011

Especialista diz que Light não investiga explosões

Via blog do Noblat
21.08.2011

Taís Mendes, O Globo

Enquanto uma empresa contratada pela prefeitura vistoria, em caráter de emergência, as câmaras subterrâneas da cidade, após uma sequência de explosões em bueiros do Rio, um especialista faz um alerta: a Light não tem uma estrutura montada para investigar as causas dos acidentes registrados nos últimos anos.

É o que revela reportagem de Taís Mendes, publicada na edição deste domingo do GLOBO. De acordo com o engenheiro eletricista Estellito Rangel Junior, secretário da Divisão Técnica Especializada de Engenharia de Segurança do Clube de Engenharia do Rio, o plano de investimentos anunciado pela concessionária de energia estaria voltado apenas para aumentar a capacidade de atendimento aos consumidores e não para implementar ações visando atacar as causas das explosões.

(...)

Segundo o engenheiro, o sistema da Light segue um modelo americano, elaborado nos anos 20. Ele ressalta que um ponto preocupante é o método queima livre, ainda empregado pela Light na rede subterrânea secundária (a que alimenta os consumidores) e que hoje não é mais recomendado. Pelo sistema, os curtos-circuitos não são interrompidos por dispositivos de proteção, mas pelo próprio derretimento dos cabos.

- Nos anos 30, os americanos começaram a desenvolver fusíveis especiais de proteção porque foi constatado que nem sempre o curto era interrompido com a queima do cabo. A filosofia de concepção do queima livre pode ser muito eficiente, considerando a continuidade do serviço porque não há interrupção do fornecimento ao consumidor, mas é considerada uma prática condenável já que libera enorme energia, contribuindo para graves eventos em bueiros - afirmou.

De acordo com o especialista, um estudo feito pela concessionária de energia de Nova York mostra que 85% dos acidentes em bueiros de 2004 a 2006 foram provocados por falha no isolamento. Destes, 97% tiveram como causa problemas no cabo secundário, os da queima livre.

- E o relatório da Light, em 2011, anuncia que seu sistema é o queima livre. Então, estamos atrasados pelo menos 80 anos, uma vez que na década de 30 foram desenvolvidos dispositivos limitadores de corrente para melhor proteção do sistema - criticou.

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