11.08.2011
Um serviço de rotina –o conserto de um vazamento no teto da Câmara— levou à descoberta de uma preciosidade histórica.
Para detectar a fresta por onde passava a água, foi preciso abrir um buraco na laje que recobre o prédio de Oscar Niemeyer.
A cavidade conduziu a um vão, um espaço entre a superfície externa do prédio e o teto da Câmara. Ali, no oco do vazio, a grande surpresa.
Encontraram-se meia dúzia de
mensagens
escritas na parede pelos operários que ergueram o Congresso.
No início, Brasília era um canteiro de indícios. O ritmo de toque de caixa, a lama, o vaivém de máquinas pesadas… Nada fazia crer que aquilo acabaria bem.
Porém, como que inspiradas no Nirvana vendido por Juscelino, as mensagens deixadas na “caverna” descoberta na Câmara previam um futuro radioso.
Em português precário, que denuncia a condição dos autores –brasileiros de primeiras letras—, as inscrições falavam de esperança, amor, honestidade e compaixão.
As palavras dos operários são de 1959. No ano seguinte, 1960, Brasília seria inaugurada com pompas que não insinuavam as circunstâncias do porvir.
Decorridos 51 anos, o futuro remoto ansiado pelos candangos mais parece um período histórico incorporado à Idade da Pedra Lascada.
Continua
Jornal Nacional
11.08.2011
são descobertas no prédio da Câmara dos Deputados