JC e-mail 4326, de 19 de Agosto de 2011.
Pós-Fukushima: R$ 300 milhões para usinas
Plano da Eletronuclear para Angra 1, 2 e 3 prevê nova avaliação de encostas, altura de ondas e intensidade de chuvas.
As ações pós-Fukushima da Eletronuclear para as três usinas nucleares brasileiras - Angra 1, 2 e 3, que ainda não começou a operar - já estão definidas num plano de investimentos de R$ 300 milhões para os próximos cinco anos. O trabalho é resultado de estudos que tiveram início logo após o acidente nuclear no Japão.
Um dos pontos contemplados é a contratação de uma consultoria externa para reavaliar o serviço de monitoramento das encostas no entorno do complexo nuclear de Angra dos Reis. Uma série de reportagens do GLOBO, publicada em março deste ano, mostrou que, a exemplo da usina japonesa, atingida por um terremoto e uma tsunami de proporções inimagináveis, a maior vulnerabilidade das usinas de Angra seria um evento atípico atingir as encostas da região, cercada por montanhas.
A consultoria deverá analisar até a hipótese de as estruturas e os sistemas de segurança já implantados pela Eletronuclear sofrerem um forte abalo, que chegasse a provocar a ruptura total das encostas. O objetivo é testar ao máximo a confiabilidade do monitoramento feito atualmente. Em 1985, fortes chuvas causaram um deslizamento que soterrou o Laboratório de Radioecologia da Eletronuclear, quase fechando a saída de água da refrigeração de Angra 1.
Além das encostas, o plano vai checar os sistemas de segurança para outros riscos naturais, como ondas gigantes, por exemplo. A ideia é monitorar o movimento do mar. Hoje, as instalações estão aptas a suportar ondas de até quatro metros de altura, mas será avaliado se é preciso aumentar o nível de proteção.
Cnen avaliará plano da Eletronuclear - A intensidade das chuvas que podem cair no local, assim como a capacidade de drenagem, também será reavaliada para impedir inundações. Simulações mostram que os canais de drenagem da central nuclear funcionam muito bem no caso da pior chuva em mil anos e, se for a pior em 10 mil anos, há extravasamento, mas a água não chega a invadir os prédios, ou seja, o espelho d'água fica abaixo do nível de entrada dos edifícios.
A Eletronuclear pretende ampliar esse estudo para verificar se é necessário aumentar a capacidade de drenagem dos canais ou alterar a soleira de entrada dos prédios. Por último, também devem ser contratados estudos para atualizar os registros sísmicos da região para afastar qualquer risco de terremotos.
O plano será submetido à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), responsável pela fiscalização das usinas, que poderá fazer outras exigências. "Nós temos muita confiança no plano proposto porque, em linhas gerais, estamos seguindo o que está se fazendo na Europa, nos EUA", afirma o assessor técnico da direção da Eletronuclear, Paulo Carneiro. "Embora o prazo de implantação seja de cinco anos, uma grande parte estará concluída dentro de três anos." Continua