sábado, 29 de outubro de 2011

O Dia do Saci

Via blog do Noblat
Por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
28.10.2011

Há tempos Aldo Rebelo sugeriu a troca do Halloween, o célebre Dia das Bruxas, por um Dia do Saci. Ele era contra uma festa tão americanizada em nossas terras.

Na ocasião, achei isso uma tolice sem fim: era trocar uma bobagem pela outra e o Estado se meter onde não é chamado. Que o povo escolhesse quem quer festejar e pronto. Foi o que pensei.

Hoje, dia seguinte da nomeação do admirador do Saci para o cargo de Ministro do Esporte, com a posse marcada para o Dia das Bruxas que poderia ter sido Dia do Saci se a ideia do ministro tivesse vingado, vejo que essa troca tem que ser feita e com urgência!

Chega de bruxarias em Brasília. O caldeirão das bruxas transbordou e o estrago já está de bom tamanho.

Mas o ministro teria que ter uma conversa séria com o Saci. Descrito como arteiro e brincalhão, um danadinho que adora pregar peças nas pessoas, tipo sumir com os óculos da gente, distrair os cozinheiros para que a comida queime, emaranhar os novelos, ele também é conhecido por fazer os viajantes se perderem na estrada.

Quer dizer, o Saci é antes de tudo um chato. Mas ao menos ele mostrou que cultiva a gratidão, uma das mais belas qualidades do homem. E chatice não é crime...

E qual a importância desse papo? Explico. Ser traquinas é um aspecto da personalidade do Saci. Mas não é sua função precípua. Essa é o domínio das matas onde ele guarda as ervas sagradas; ele perturba as pessoas que não lhe pedem autorização para colher as plantas.

O Saci controla, reconhece e sabe manusear todas as ervas. É o guardião do preparo do chá. E como todos sabemos, tomar chá em criança é fundamental para o adulto crescer educado.

O ministro tem que convocar o Saci...

Levar a sério os ditos populares não é, como querem crer os intelectuais de esquerda, burrice. Não foram criados do nada. Tomar chá em criança ou é de pequeno que se torce o pepino, são muito bons conselhos. Lembrar sempre que tanto morre o papa como quem não tem capa e, no intervalo, isto é, durante a vida, ter sempre em mente que mais vale saber que haver.

O saber fruto da educação que, é importante frisar, deve ser levada a sério nos dois sentidos: instrução e boas maneiras, bons hábitos. Ser educado não é só dar bom dia, boa noite, dizer obrigado e saber se portar à mesa. Também, e principalmente, é saber respeitar o que é do outro. Honrar o que é de todos. Não dar nem receber propina. Estabelecer limites para você e não confraternizar com quem rompe os princípios da correção e da honestidade.

Ah!, mas não somos a palmatória do mundo!, dirão alguns. É verdade. Mas precisamos ser a bagaceira?


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