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04.09.2011
A pesquisa, que em breve deve ser publicada em um periódico da área, mostrou que sim, a segregação tem peso no rendimento escolar dos alunos negros, em particular no caso de escolas em que são a minoria na sala de aula.
O estudo, coordenado pelo professor Luiz Scorzafave, foi iniciado em 2009 pelo então pós-graduando Roberto Manolio Valladão, em trabalho para um projeto da FEARP chamado "Observatório da Educação", e procurou em exemplos internacionais uma maneira de desenvolver sua metodologia de investigação.
Censo escolar e Prova Brasil
Para fazer a análise dessa situação, foram consultadas informações do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), um órgão oficial do Ministério da Educação. “Houve um trabalho intenso com a base de dados do Inep”, afirma Scorzafave.
Dessa fonte, foram considerados os números do censo escolar, para identificar a quantidade de alunos brancos e negros em cada escola, e da Prova Brasil, para estabelecer o desempenho dos estudantes nos diferentes municípios. A partir daí, avaliou-se a relação entre essas informações. “Fizemos um cruzamento de dados”, diz o professor.
Além disso, foram analisados casos isolados. Nesse sentido, foram escolhidos alunos brancos e negros que possuíam características socioeconômicas semelhantes, como a escolaridade dos pais, condições de habitação e financeira, entre outros. No final de todo o processo, foi criado um índice de segregação para facilitar a classificação de cada escola. Quanto maior o número, maior é a presença de segregação no ambiente escolar.
Gráfico mostra que a diferença entre notas de brancos e negros é mais acentuada onde a desproporção númerica de alunos negros e brancos é maior |
Segregação
Segundo ele, os resultados da pesquisa demonstram que, em escolas onde a grande maioria dos estudantes é formada por brancos ou negros, em relação a colégios em que a quantidade de alunos dos dois grupos é mais homogênea, a diferença entre as notas é maior. Os dados analisados são de 2005 e englobam as instituições de ensino fundamental de todas as cidades do estado de São Paulo.
Para o professor, a função do estudo não é chegar a uma conclusão, mas sim “levantar uma discussão sobre a importância desse problema social”, que ele acredita estar sendo deixado em segundo plano. Da mesma forma, atenta para o fato de que a pesquisa pode dar início a uma investigação mais profunda a respeito das causas que levam a esse resultado e de políticas públicas que o governo possa adotar para diminuir essa disparidade.
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