Programa A Tarde é Sua
29.02.2012
Pedido básico:
Cadeia! Cadeia! Cadeia! Cadeia!!!!
Adelidia Chiarelli
A USP é a universidade que mais forma doutores mundialmente. A constatação é do Ranking Acadêmico de Universidades do Mundo (ARWU, na sigla em inglês) por indicadores, elaborado pelo Centro de Universidades de Classe Mundial (CWCU) e pelo Instituto de Educação Superior da Universidade Jiao Tong, em Xangai, na China, que aponta a universidade paulista como a primeira colocada em número de doutorados defendidos entre 682 instituições globais.
O ranking também indica a USP como a terceira colocada em verba anual para pesquisa, entre 637 universidades, além de a quinta em número de artigos científicos publicados, entre 1.181 instituições em todo o mundo, e a 21ª em porcentagem de professores com doutorado em um universo de 286 universidades.
Na avaliação do professor Vahan Agopyan, pró-reitor de Pós-Graduação da USP e membro do Conselho Superior da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a liderança mundial na formação de doutores, apontada pelo levantamento global, deve-se à tradição da pós-graduação da USP no Brasil. Continua
A Secretaria de Estado da Saúde fará uma força-tarefa para vistoriar cerca de 300 instituições de saúde --entre eles hospitais públicos e privados-- que mantinham contrato com a Sterimed Serviços de Esterilização em Cedral (424 km de São Paulo).
Blitz da secretaria multou e suspendeu as atividades da empresa do interior paulista após o Estado flagrar que no local eram reprocessados e esterilizados materiais hospitalares que só podem ser usados uma vez, informa reportagem de Gabriela Yamada na edição de hoje da Folha.
A reportagem está "[disponível]": para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha.
Entre eles, foram encontrados cinco seringas injetoras, 67 conectores de injeção e dois cateteres vasculares.
Para Isac Jorge Filho, conselheiro responsável pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), o ato é criminoso e expõe pacientes a riscos de contrair doenças graves e fatais, como o vírus HIV.
Segundo ele, o caso é ainda pior do que o episódio do ano passado de lençóis e outros produtos hospitalares comercializados no país.
Ontem, a Sterimed apresentou sua defesa à secretaria, que foi indeferida por falta de justificativas. A multa foi de R$ 184 mil.
Leia a reportagem completa na Folha desta quarta-feira, que já está nas bancas.
GENEBRA - O governo da Espanha critica a postura do Brasil em relação ao endurecimento das condições para a entrada de espanhóis ao País e diz que as novas medidas adotadas pelo Brasil são "injustificadas " e que são "além do normal ". Questionado pelo Estado durante um evento em Genebra, o secretário de Assuntos Externos da Espanha, Gonzalo de Benito, insistiu que Madri tentará reverter as decisões de Brasília antes da entrada em vigor das medidas, no dia 2 de abril. Continua
Às vésperas de a Câmara dos Deputados retomar as discussões sobre o texto do novo Código Florestal, alterado pelo Senado Federal, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) entregaram hoje (27) ao deputado Paulo Piau (PMDB-MG), relator da proposta, um documento em que revela 11 pontos no texto que ainda podem trazer "graves problemas" ao País. O objetivo da área científica, mais uma vez, é alertar sobre as possíveis consequências que podem resultar do projeto de lei (PLC 30/2011) que altera a legislação em vigor.
A expectativa é de que os deputados retomem a análise do texto na próxima semana, nos dias 6 e 7 de março. Após esse trâmite, o texto seguirá ao Palácio do Planalto que pode sancionar ou vetar o projeto.
Ao analisar a versão do Código Florestal apresentada pelos senadores em dezembro, os cientistas, ao mesmo tempo em que alertam sobre os pontos negativos do texto, também reconhecem avanços conquistados no Senado Federal.
"Ainda é uma incógnita o que vai ocorrer na Câmara, mas espero que os deputados mantenham [também] os ganhos obtidos no Senado", estima José Antônio Aleixo da Silva, um dos responsáveis pelo grupo de trabalho da SBPC e ABC, instituído com objetivo de fornecer dados técnico-científicos para subsidiar as discussões dos parlamentares sobre o assunto.
"Na minha avaliação, o Senado fez um esforço grande para modificar o documento. Nessas modificações alguns pontos foram bons. Outros, ruins", complementa Aleixo da Silva, também professor associado do Departamento de Ciência Florestal da Universidade Federal de Pernambuco (UFRPE).
À assessoria de imprensa da SBPC, o professor Ricardo Rodrigues, da Esalq/USP, também integrante do grupo de trabalho, disse que a ideia dos cientistas é fornecer "os parâmetros necessários para que os deputados façam as alterações que ainda são possíveis" no texto.
Dentre os pontos negativos, os cientistas listam o problema relacionado às áreas de preservação permanente (APPs). "Todas as áreas de preservação permanente (APPs) nas margens de cursos d'água e nascentes devem ser preservadas e, quando degradadas, devem ter sua vegetação integralmente restaurada. A área das APPs, que deve ser obrigatoriamente recuperada, foi reduzida em 50% no texto atual", destacam eles no documento.
Segundo o documento da SBPC e ABC, as APPs de margens de cursos d'água devem continuar a ser demarcadas, como foram até hoje, "a partir do nível mais alto da cheia do rio". A substituição do leito maior do rio pelo leito regular para a definição das APPs torna vulneráveis amplas áreas úmidas em todo o País, particularmente, na Amazônia e no Pantanal. "Essas áreas são importantes provedoras de serviços ecossistêmicos, principalmente, a proteção de nossos recursos hídricos e por isso, objeto de tratados internacionais de que o Brasil é signatário, como a Convenção de Ramsar [Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional]", sublinham os cientistas. Nesse caso, a expectativa de especialistas é de que esse ponto seja vetado pelo Palácio do Planalto, já que esse item já havia sido aprovado na Câmara Deputados.
Os cientistas também reiteram que os usos agrícolas praticados pelas comunidades tradicionais e por ribeirinhos devem ter tratamento diferenciado. Em particular, as áreas de pousio devem continuar sendo reconhecidas apenas à pequena propriedade ou posse rural familiar ou de população tradicional, como foram até o presente.
"As comunidades biológicas, as estruturas e as funções ecossistêmicas das APPs e das reservas legais são distintas. Não faz sentido incluir APPs no cômputo das Reservas Legais (RLs) como proposto no artigo 16 do Projeto de Lei", enfatiza o documento da SBPC e ABC.
O documento destaca também que a reforma do Código Florestal, em discussão no Congresso Nacional, sob a influência de grupos de pressão setoriais, representa "a desregulação" do setor do agronegócio com sérios riscos para o meio ambiente e para a própria produção agrícola. Alertam que "a proteção de áreas naturais está sendo consideravelmente diminuída e perde-se assim a oportunidade de produzir alimentos com mais eficiência e com sustentabilidade ambiental, o que deveria ser o grande diferencial da agricultura brasileira".
(Viviane Monteiro - Jornal da Ciência)
O texto do documento, bem como a tabela com apontamento dos principais problemas encontrados pelos cientistas, pode ser acessado no site http://www.sbpcnet.org.br/site/codigoflorestal/.
Brigas judiciais estão ocorrendo quando dado científico sugere risco à saúde causado por produtos, por exemplo.
Neste mês, o pneumologista da Fiocruz Hermano Castro foi surpreendido pela visita de um oficial de Justiça. O funcionário entregou um documento dando prazo de 30 dias para que ele prestasse esclarecimentos sobre estudos e declarações de sua autoria sobre os riscos do amianto, usado em telhas e outros produtos.
A interpelação judicial gerou indignação em instituições de pesquisa, mas não foi o primeiro caso em que o trabalho de um pesquisador virou assunto da Justiça. Apesar de ainda pouco comuns, os pedidos formais para que cientistas prestem explicação ou reparem danos já ocupam juízes de diferentes estados do País.
No caso de Castro, o Instituto Brasileiro do Crisotila, que reúne empresas e trabalhadores da indústria do amianto, pediu esclarecimentos sobre uma pesquisa que apontou 2.414 mortes por mesotelioma no País em 23 anos. Esse tipo de câncer pode ser provocado pela inalação de fibras do amianto.
O instituto afirma que decidiu pela interpelação por não ter recebido resposta a um ofício enviado à Fiocruz, que Castro diz desconhecer. Segundo o advogado Antônio de Vasconcellos, o objetivo é conhecer as fontes do pneumologista para prestar esclarecimentos à sociedade.
A presidência da Fiocruz repudiou o que chamou de "judicialização de um debate que está baseado em evidências técnico-científicas". O Instituto Nacional de Câncer e a Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia também manifestaram apoio ao pesquisador, ressaltando que o amianto é reconhecidamente cancerígeno.
O Instituto do Crisotila, porém, argumenta que não há perigo para o consumidor final. Já o risco para os trabalhadores, segundo o instituto, é mitigado por uma série de medidas de segurança.
Mortalidade - Situação semelhante foi vivenciada pelo professor Marcos Garcia, do campus de Sorocaba da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Ele foi processado por danos morais e materiais após publicar pesquisa apontando que a taxa de mortalidade em sete hospitais psiquiátricos da região era mais de duas vezes maior do que no restante do estado.
O estudo, feito com dados do Ministério da Saúde, levou a inspeções e à criação de uma comissão na Câmara Municipal de Sorocaba. Seis dos hospitais decidiram processar Garcia, argumentando que a metodologia utilizada não foi adequada e questionando o que apontaram como "sensacionalismo" na divulgação da pesquisa.
"Não somos contra o exercício da pesquisa, mas, no nosso entendimento, os dados estão equivocados", diz o advogado Paulo Escanhoela. Para Garcia, trata-se de tentativa de intimidação.
"A contestação de um estudo tem de se dar no âmbito acadêmico", diz. Ele publicou na internet uma "nota em defesa da liberdade de pesquisa no Brasil".
(Folha de São Paulo - 25/2)
Mais de 124 mil pessoas já foram atingidas no Acre pelas cheias dos rios Acre, Purus, Iaco e Juruá, que banham os municípios de Assis Brasil, Brasiléia, Xapuri, Porto Acre, Santa Rosa, Manoel Urbano, Sena Madureira, Cruzeiro do Sul, além de Rio Branco, a capital do Estado.
O Rio Acre atingiu a marca de 17,61 m de profundidade, em Rio Branco, às 15 horas local (17h em Brasília) deste sábado (25), de acordo com a última medição feita pela Defesa Civil Estadual. Continua
Chama-se Proantar o programa do governo que destina verbas às pesquisas na Antártica, que vinham sendo tocadas na Estação Comandante Ferraz, destruída por um incêndio no sábado (25) No ano passado, o orçamento do programa era R$ 18,3 milhões. Foi cortado à metade. Apenas R$ 9,2 milhões foram efetivamente gastos. Continua
Acidente ocorreu em dezembro e foi mantido em sigilo para evitar repercussão internacional
RIO - Uma chata (embarcação de fundo chato usada para transporte de carga) rebocada pela Marinha afundou em dezembro no litoral da Antártida com uma carga de 10 mil litros de óleo combustível.
Poluente, o produto não vazou, mas está a 40 metros de profundidade e a 900 metros da praia onde fica a Estação Antártica Comandante Ferraz, base brasileira no continente. Um compartimento dentro da embarcação armazena o diesel.
O naufrágio vem sendo mantido em sigilo tanto pela Marinha quanto pelos ministérios que integram o Programa Antártico Brasileiro (Proantar) – Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, Relações Exteriores e Minas e Energia e Defesa. Não houve vítimas no acidente.
O Brasil é signatário de tratados de preservação ambiental na Antártida e, portanto, se comprometeu a não poluir o continente. Continua
Foi com praticamente apenas as roupas de frio - e os laboratórios todos arrasados pelo incêndio - que os pesquisadores deixaram a Estação Antártica Comandante Ferraz ontem.
- Não tem palavras. A gente só tem a vida e Deus - resume o pesquisador da UFRJ João Paulo Machado Torres, que aguarda, em um hotel em Punta Arenas, no Chile, o retorno ao Brasil.
O projeto que ele coordenava, o Pinguins e Skuas, um investimento de US$ 500 mil, foi perdido, assim como as outras pesquisas na base brasileira. Torres, que estava acordado quando o fogo começou, ainda conseguiu chegar à biblioteca e salvar um laptop, mas não alcançou o alojamento, que os pesquisadores chamam de camarote.
Alguns pesquisadores dormiam quando o fogo começou, e a maioria dos colegas, conta ele, teve tempo somente de pegar seus casacos para enfrentar o frio de -5 graus. Como Torres fazia muito trabalho de coleta externa, sempre tinha equipamentos de frio mais à mão, e distribuiu as roupas extras.
Ninguém ficou ao relento, pois o grupo se abrigou em pequenos módulos que o fogo não atingira. O pesquisador relata que o alarme não soou, mas ele não acredita em falha do equipamento, que deve ter sido destruído no incêndio antes mesmo de poder funcionar. Torres estava na Antártica desde o início de fevereiro e voltaria ao Brasil no dia 11 de março.
Leia mais em Pesquisadores brasileiros relatam destruição de base na Antártica
Pesquisa mostra que menos de 3% dos adolescentes latino-americanos desejam seguir uma carreira científica
Mesmo vivendo num mundo imerso em tecnologia, o jovem, ao se deparar com a célebre pergunta “o que você quer ser quando crescer?”, dificilmente responderá “cientista”. Segundo a pesquisa Los estudiantes y la ciência, projeto do Observatório Ibero-americano de Ciência, Tecnologia e Sociedade (Ryct/Cyted), organizado pelo argentino Carmelo Polino, apenas 2,7% dos estudantes secundaristas (de 15 a 19 anos) da América Latina e Espanha pensam em seguir uma carreira nas áreas de ciências exatas ou naturais, como biologia, química, física, e matemática (as ciências agrícolas mal aparecem). Realizada entre 2008 e 2010, foram consultadas cerca de 9 mil escolas, privadas e particulares, em sete capitais: Assunção, São Paulo, Buenos Aires, Lima, Montevidéu, Bogotá e Madri. Curiosamente, 56% dos entrevistados se disseram interessados em se profissionalizar em ciências sociais e um quinto deles optou pelas engenharias. A equipe brasileira participante do projeto veio do Laboratório de Jornalismo da Unicamp (Labjor), coordenado pelo linguista Carlos Vogt, responsável pelo capítulo “Hábitos informativos sobre ciência e tecnologia” do livro, lançado em espanhol e disponível apenas para download pelo link www.oei.es/salactsi/libro-estudiantes.pdf.
“São dados preocupantes para sociedades em cujas economias há uma intensa necessidade de cientistas e engenheiros, mas há um baixo interesse dos jovens por essas profissões. E as razões alegadas igualmente são desanimadoras: 78% dos estudantes explicam sua opção por achar que as ciências exatas e as naturais são ‘muito difíceis’, quase metade dos alunos as considera ‘chatas’, enquanto um quarto deles afirma que esses campos oferecem oportunidades limitadas de emprego”, afirma Polino. “O número de alunos de ciências já está num patamar insuficiente para as necessidades da economia e indústria e, acima de tudo, para lidar com os problemas a serem enfrentados pelas sociedades no futuro.” Ainda segundo os entrevistados, o desânimo em face do desafio das ciências está ligado, em boa parte, à forma como elas são ensinadas, e reclamam que os recursos utilizados em sala de aula são limitados. Metade dos adolescentes tampouco acredita que as matérias científicas tenham aumentado sua apreciação pela natureza, nem que sejam fontes de solução para problemas de vida cotidiana.
“Há barreiras culturais, porque os jovens de hoje acham que para ter êxito na vida, ter dinheiro, não é preciso estudar muito. É possível escolher uma carreira de resultados econômicos mais rápidos. A cultura do esforço, que é a cultura da ciência, vem perdendo espaço. Temos a necessidade urgente de uma política pública de educação e comunicação da ciência”, avisa Polino. Continua
A comunidade científica internacional listou as 21 questões ambientais emergentes no século XXI, e no topo do ranking está a necessidade de ajustar a governança aos desafios da sustentabilidade global. Ou seja: no sistema atual faltam representatividade, dados, transparência, maior participação e eficiência na transição para economias de baixo carbono. O segundo lugar do ranking é surpreendente: não há profissionais capacitados para a economia verde.
Governança é um temas-chave da Rio+20, a conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável que acontece no Rio em junho. Ali o debate será sobre fortalecer e achar uma nova arquitetura para ambiente e desenvolvimento Cientistas sustentável dentro da ONU. No estudo, divulgado esta semana em Nairóbi, cientistas apontam uma falha generalizada que extrapola a ONU e existe nas pequenas comunidades, cidades e regiões e em nível nacional. Há um grande descompasso entre o que a ciência aponta como problemático e a capacidade dos governos de encontrar soluções, mesmo que existam mais de 900 acordos internacionais com foco na proteção ambiental. A convenção do clima é um dos exemplos emblemáticos.
Os problemas de governança ambiental ganharam o topo da lista de temas que 428 cientistas de todo o mundo reconhecem como muito importantes, mas que, acreditam, não estão recebendo a merecida atenção dos governos. O estudo "21 Questões para o Século 21" levou quase um ano para ser realizado pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma).
O segundo lugar no ranking é a ausência de profissionais capacitados para o desenvolvimento sustentável. Um estudo recente do Pnuma com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) nos EUA esbarrou na falta de engenheiros que pudessem desenhar geradores solares. "Nos próximos dez anos, muitas usinas nucleares no mundo serão desativadas, o que irá produzir um enorme volume de lixo atômico", explica Joseph Alcamo, cientista-chefe do Pnuma e coordenador da pesquisa.
Segundo ele, há entre 35 e 40 usinas nucleares no mundo construídas nos anos 70 e que se aproximam do prazo de validade. "O volume de lixo nuclear de uma usina desativada pode ser entre 10 a 2.000 vezes maior do que quando ela estava em operação", estima. Não há técnicos especializados neste assunto e menos ainda na proporção necessária. "É preciso educar e capacitar para estes desafios", diz.
Para 84% dos especialistas do estudo, a segurança alimentar será uma grande questão no século em que a população mundial chegará a 9 bilhões. O temor não é novo, mas há uma novidade, diz Alcamo: "É a dimensão ambiental do problema". Trata-se de produção de alimentos ameaçada pela mudança climática, pela competição pela terra entre comida e biocombustíveis ou que enfrenta falta de água.
"Peixes representam 10% das calorias consumidas pelas pessoas no mundo, e 25% dos estoques estão esgotados ou super explorados". "Há zonas pesqueiras mortas perto da costa em função da poluição das águas", destaca. A produção de biocombustíveis tem ocupado mais 2 milhões de hectares de terra por ano. Há um acréscimo de 2 a 5 milhões de hectares ao ano de solos degradados. "Há muitas soluções para isso", diz. "Um deles é recuperar as áreas degradadas."
Cientistas acreditam que reconstruir a ponte entre ciência e política é outra questão, assim como lidar com migrações resultantes da mudança do clima, o potencial colapso de sistemas oceânicos e o derretimento das geleiras.
(Valor Econômico)
fonte
O papa Bento 16 pediu a casais inférteis que evitem métodos artificiais de procriação, afirmando que tais técnicas são uma forma de arrogância. Bento 16 falou hoje ao final de uma conferência de três dias no Vaticano sobre o diagnóstico e o tratamento da infertilidade.
Ao reiterar as determinações do Vaticano, ele lembrou que o casamento é a única situação em que se é admissível conceber crianças. Ele afirmou ainda que casais inférteis devem resistir à busca de qualquer método para tentar conceber filhos que não seja o sexo entre marido e mulher. Continua
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El Papa asegura que sólo el matrimonio heterosexual es 'digno' de procrear
O Ministério da Saúde (MS) dificilmente cumprirá a meta de redução da mortalidade materna estabelecida como um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs) acertados entre o Brasil e a Organização das Nações Unidas (ONU). Dados apresentados ontem (23) pelo ministro Alexandre Padilha apontam que, em quase 10 anos, o País diminuiu pouco o número de óbitos de mulheres para cada grupo de 100 mil nascidos vivos. O compromisso com a ONU prevê, até 2015, uma queda para 35 mortes nesta mesma proporção. Em 2010, no entanto, foram 68 óbitos - em números absolutos, foram registradas 1.617. Os dados do ano passado ainda não foram fechados, mas a estimativa é que fiquem em 63. Continua
A maior parte dos pequenos agricultores que utiliza agrotóxicos em suas plantações tem consciência dos riscos causados pelo uso dos produtos, mas ainda assim negligencia o perigo que eles representam, segundo pesquisa da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP. O estudo trabalhou com a população rural do município de Bom Repouso, em Minas Gerais.
A pesquisa Análise da percepção de risco do uso de agrotóxicos em áreas rurais: um estudo junto aos agricultores no município de Bom Repouso (MG), que pretendia fazer um levantamento para saber se os produtores tinham noção dos riscos à saúde e ao meio ambiente trazidos pelo uso intensivo de agrotóxicos, constatou que cerca de 50% dos entrevistados classificava o manuseio de agrotóxicos como “muito perigoso”, e 40% deles diziam não receber nenhuma orientação técnica, mas somente a de amigos, vizinhos ou parentes, o que faz com que determinadas práticas de aplicação dos produtos químicos sejam perpetuadas. A autora da pesquisa, a assistente social Evellyn Espíndola, utilizou uma Planilha de Percepção de Riscos a Saúde e ao Meio Ambiente em uma mostra de 50 pessoas. Para responder à planilha, o próprio entrevistado ou alguém de sua família já deveria tinha sofrido intoxicações em decorrência do uso de agrotóxicos. Por este método, eles indicaram o grau de perigo para determinadas situações (como “nada perigoso”, “pouco perigoso” e “muito perigoso”).
Quando perguntados se conseguiam entender a indicação de toxicidade do produto e o que está escrito na bula, grande parte dos produtores disse que não consegue, o que se deve principalmente à sua baixa escolaridade. “A maioria deles cursou até o ensino fundamental, então mesmo que saibam ler, não conseguem entender a bula, que é cheia de termos técnicos”, diz Evellyn. Dos entrevistados por ela, 70% admitiram ser extremamente perigoso o fato de não conseguirem entender a bula. Para a pesquisadora, a dificuldade na interpretação da bula reafirma a necessidade de intervenção de um técnico ou agrônomo. Continua
© Leo Ramos |
Na tarde da quarta-feira 11 de janeiro, os pesquisadores Frederico Casarsa de Azevedo e Carlos Humberto Moraes executavam uma tarefa pouco comum para neurocientistas. Cobriam uma estante de alvenaria com cartolina branca, para esconder a janela ao fundo, limpavam uma mesa de granito e removiam recipientes de vidro, pipetas e reagentes para uma bancada ao lado, já ocupada por mais vidros, pipetas e reagentes. Eles preparavam o laboratório chefiado pelo médico Roberto Lent na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para uma sessão de fotos e filmagens. Desejavam registrar em detalhes o funcionamento de uma máquina que começaram a criar sete anos antes e que agora ficou pronta: o fracionador celular automático, que eles pretendem patentear. E o cenário não podia atrapalhar.
O equipamento de nome complicado e quase um metro de altura é uma espécie de triturador tamanho família. Tem motores elétricos que fazem girar a 400 voltas por minuto seis pistões plásticos presos a uma base móvel. Cada pistão funciona mergulhado em um recipiente de vidro contendo amostras de tecido cerebral banhadas em uma solução com detergente. Uma vez acionado o fracionador, seus pistões agitam o líquido incolor criando turbilhões que desfazem as amostras. Duas horas mais tarde, pedaços de tecido cerebral estão dissolvidos em uma mistura leitosa. É o que os pesquisadores apelidaram carinhosamente de suco de cérebro.
A máquina em teste no Laboratório de Neuroplasticidade do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da UFRJ é uma versão turbinada de um fracionador bem mais simples – um tubo e um pistão, ambos de vidro, acionados manualmente – que Lent e a neurocientista Suzana Herculano-
-Houzel usam desde 2004 para desmanchar pedaços de cérebro e contar suas células. Criada por eles próprios, essa técnica vem permitindo conhecer com mais precisão algo que já se imaginava sabido: quantos neurônios existem no cérebro e nos outros órgãos do encéfalo, que ficam abrigados no crânio.
Hoje se sabe, em parte graças ao trabalho do grupo do Rio, que há 86 bilhões de neurônios no cérebro humano, e não os 100 bilhões de que se falava anos atrás. Também se pode afirmar com mais segurança que esses neurônios estão acompanhados de 85 bilhões de células da glia, o outro tipo de célula que compõe o cérebro. Um número bem inferior ao trilhão anunciado antes.
Não são apenas detalhes. Verificar com mais exatidão quantas são e onde estão as células cerebrais é importante para compreender como o cérebro funciona e tentar conhecer as estratégias adotadas pela natureza para construir um órgão tão complexo que, no caso humano, permitiu surgir a mente autoconsciente. Também pode ajudar a identificar características que distinguem um cérebro normal de outro doente.
Mas olhar só para o número de células não é suficiente para desvendar um dos mais intrigantes e fascinantes órgãos do corpo. Hoje a neurociência considera o cérebro bem mais que uma coleção de neurônios, células que se comunicam por meio de eletricidade. Tão ou mais importante quanto o total de neurônios são as conexões efetivas que eles estabelecem entre si, criando redes que processam a informação de forma distribuída, segundo o neuroanatomista italiano Alessandro Vercelli, da Universidade de Turim. “O número, o padrão e a qualidade dessas conexões variam no espaço e no tempo”, conta Martín Cammarota, neurocientista da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, que estuda a formação e a evocação das memórias. “Ter mais neurônios ou menos neurônios não necessariamente torna um indivíduo mais inteligente que outro ou uma espécie mais inteligente que outra”, diz.
Apesar dessas considerações, os resultados que Suzana e Lent colecionam desde 2005 os levaram a questionar algumas ideias tidas como verdades absolutas a respeito da composição e da estrutura do cérebro. No ano passado, Lent considerou que os dados gerados pelo seu grupo e o de Suzana já eram consistentes o suficiente para serem consolidados em uma crítica mais direta. Com três pesquisadores de seu laboratório, ele escreveu a revisão publicada em janeiro no European Journal of Neuroscience na qual afirma que ao menos quatro conceitos básicos da neurociência precisam ser repensados.
O primeiro dogma discutido no artigo é o de que o cérebro humano e o restante do encéfalo têm, juntos, 100 bilhões de neurônios. Conhecido até por quem não é especialista, esse número circula em artigos científicos e livros didáticos há quase 30 anos. O próprio Lent tem um livro, publicado em 2001 e adotado em cursos de graduação, com o título Cem bilhões de neurônios. CONTINUA
O Ministério Público Federal em Bauru ingressou com ação civil pública pedindo a imediata suspensão dos registros de todos os agrotóxicos que contêm o princípio ativo MSMA (Metano-arseniato ácido monossódico). O produto, considerado “altamente tóxico e reconhecidamente cancerígeno” já foi proibido em diversos países europeus e sofre sérias restrições nos EUA.
O princípio ativo MSMA está classificado pela Portaria Normativa Ibama nº 84, de 15 de outubro de 1996, como “Muito Perigoso”, quanto ao potencial de periculosidade ambiental, ou seja, bioacumulação, persistência, transporte, toxicidade a diversos organismos, potencial mutagênico, teratogênico e carcinogênico.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou ao MPF que há nove diferentes produtos à base de MSMA registrados no Brasil. São herbicidas utilizados no combate à erva daninha em culturas como algodão, cana, citrícos e café.
O procurador da República Pedro Antônio de Oliveira Machado defende a suspensão dos atuais registros “até que sejam obtidas informações suficientes sobre a real segurança na sua utilização” e “esteja comprovadamente disponível e acessível à população, manipuladores e usuários, tratamento eficiente para possíveis contaminações e efeitos negativos sobre a saúde humana, inclusive através do Sistema Único de Saúde”.
Conforme posicionamento do Ibama, registrado na ata de reavaliação do MSMA, em 18/07/2002, existe estudo científico sobre os efeitos de arsenicais orgânicos (como é o caso do MSMA), que constatou “resposta positiva para câncer de pulmão em ratos”, bem como que, “segundo dados das Agências de Proteção Ambiental dos EUA e do Canadá, os compostos arsenicais sofreram, em determinados países, restrições de uso”, sendo certo que na Bélgica e na Dinamarca o ingrediente ativo MSMA está autorizado apenas como preservante de madeira.
Ainda, segundo nota técnica emitida pelo setor pericial do MPF, as informações atualizadas sobre as propriedades toxicológicas e ecotoxicológicas do ingrediente ativo conhecido como MSMA, mesmo que pesquisadas de forma expedida, revelam a possibilidade de prejuízos à saúde humana e ao meio ambiente, notadamente no que pertine à sua conversão em compostos arsenicais inorgânicos, altamente tóxicos e reconhecidamente cancerígenos, de modo que em países como EUA, Hungria e Portugal decidiu-se por severas restrições ao uso do MSMA, com eliminação (programada) do mercado dos produtos registrados, além da proibição em vários outros países, como Bélgica, Eslováquia, Alemanha, Dinamarca e Índia. Continua
Se a indústria da seca fez história no Nordeste, hoje é a indústria das chuvas que virou fenômeno no Sul do país. Prefeitos aproveitam a ineficiência da fiscalização dos órgãos de controle para superestimar danos, receber mais recursos e abusar de compras e obras sem licitação para desviar dinheiro público.
Levantamento feito pelo GLOBO em vários municípios localizou notas fiscais forjadas para justificar compras de materiais de construção nunca entregues, obras refeitas duas vezes em menos de dois anos, casas que nunca ficam prontas e pedido para construção de pontes que já existiam, além de denúncias de direcionamento de contratos e pagamentos por serviços não executados.
Para a indústria das chuvas entrar em ação, o primeiro passo é decretar emergência ou estado de calamidade, o que permite dispensa de licitação. Nos últimos quatro anos, municípios de duas das 27 unidades da Federação — Santa Catarina e Rio Grande do Sul — responderam por quase metade (45%) das declarações em todo o país.
No Ministério da Integração, apenas seis funcionários cuidam da aprovação dos decretos, sem verificar in loco os danos alegados nos relatórios.
— O prefeito decretou situação de emergência, a “porta da esperança” está aberta para a licitude — admite o vice-prefeito de Barra Velha (SC), Claudemir Matias Francisco, que assumiu o lugar do prefeito anterior, Samir Mattar, afastado por suspeita de falsa comunicação de desastres para realização de compras fraudulentas e desvio de verba pública.
Leia mais em Indústria da cheia no Sul do país
Foliões do Carnaval de 1922 no Clube Regatas Tietê, em São Paulo.Reprodução / CEDOC FPA |
As escolas não estão preparadas para exercer sua autonomia diante das inserções empresariais de educação ambiental no processo escolar. É o que afirma Carolina Messora Bagnolo em sua tese de doutorado, defendida no dia 30 de janeiro na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Num contexto de globalização, em que houve o crescimento das empresas no cenário mundial, ferramentas persuasivas como o discurso da responsabilidade social empresarial, ajudariam a legitimar a presença das organizações em espaços como a escola, por exemplo. Assim, estas têm sido cada vez mais alvo de iniciativas de empresas no campo da educação ambiental (sobretudo na região sudeste do país).
Através da observação de aulas, entrevistas, análise de documentos das escolas e de seus projetos político-pedagógicos, a pesquisadora identificou e analisou os sinais de resistência e/ou permissividade das escolas municipais de Mogi-Guaçu-SP. Nesse município as empresas costumam levar para as escolas, em alguns momentos do ano, materiais impressos e audiovisuais, jogos, atividades, palestras, teatros, buscando apresentar informações específicas na área de educação ambiental (reciclagem, biomas, agrotóxicos, entre outros). Também promovem atividades de capacitação para professores.
Bagnolo partiu da hipótese de que as escolas podem reproduzir o discurso e a prática pedagógica das empresas como uma imposição arbitrária de valores e normas de um determinado grupo ou classe; ou, resistir a essas iniciativas, exercendo sua capacidade crítica diante da realidade, através da mediação de ações (no cotidiano escolar e no currículo), filtrando, assim, os desígnios do poder e do controle externo.
Questão ambiental não é tópico individual
As escolas analisadas praticariam o que Bagnolo chama de uma educação ambiental adestradora, insistindo basicamente em posturas tidas como ambientalmente corretas e na idéia de reducionismo. Não trabalhariam a questão ambiental como algo complexo que atravessa o plano político, econômico, cultural. É o que a pesquisadora chama de despolitização da educação ambiental: “Acaba que a questão do meio ambiente fica girando num debate que o tempo todo responsabiliza o indivíduo pela atual situação, esquecendo que estamos tratando, antes de tudo, de uma questão social, no sentido amplo dessa palavra”, afirma.
Nos materiais disponibilizados pelas empresas para as escolas ocorreria a supervalorização do trabalho e da função das corporações na sociedade.
Os depoimentos dos docentes, coletados por Bagnolo, demonstram que estes enxergam uma superioridade dos conteúdos e conhecimentos produzidos pelas empresas. Além disso, as escolas parecem não se dar conta de que se trata de um material produzido a partir do ponto de vista da empresa, sem que haja a construção deste conhecimento junto ao professor.
Sem neutralidade nos objetivos
Bagnolo lembra que o trabalho de educação ambiental desenvolvido pelas empresas não é neutro, pois possui concepções diversas de educação, ambiente, sociedade, cultura. Desse modo, as ações empresariais nas escolas possuem objetivos que vão muito além da divulgação da educação ambiental: “contribuem, sobretudo, para moldar gostos e consumos, como também visões de mundo e de sociedade.”
Porém, a pesquisadora alerta que na relação empresa-escola a empresa não exerce o papel de vilã por imprimir seu estilo de atuação e sua ideologia, “devemos lembrar que, por mais que concordemos ou não com estas ações, a empresa está cumprindo o papel social que poderíamos dela esperar: propagando, em última instância, a continuidade ou o não-questionamento do modo de produção capitalista”, pondera.
O problema estaria, pois, no despreparo da escola em filtrar as ações que lhe batem à porta.
A pesquisadora também constatou a pouca atuação dos órgãos públicos na condução da educação ambiental, seja em nível federal, estadual ou municipal. Também, as universidades seriam pouco citadas nesse contexto, deixando visível o distanciamento entre o conhecimento produzido na universidade e a realidade escolar.
Bagnolo identificou também a ausência de mecanismos governamentais que regulem a penetração das empresas no processo escolar. Tudo isso “demonstra uma fragilidade da escola em desenvolver seus trabalhos de educação ambiental, necessitando de um suporte. É a partir dessa lacuna que as empresas entram em cena, e não de maneira despretensiosa ou inocente”, elucida.
As escolas não esperam do Estado a responsabilidade que lhe compete e, por isso, mesmo que de forma implícita, acreditam que a educação ambiental estaria a cargo das empresas. Tornam-se, portanto, vulneráveis às iniciativas externas e incapazes de exercer criticamente seu papel social.
A maneira como a educação ambiental vem sendo absorvida no processo escolar expressaria as deficiências crônicas e profundas na formação do professor e na atuação do Estado na educação pública.
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Contam que perguntaram, em certa ocasião, a João Paulo II: “Sua Santidade, quanta gente trabalha no Vaticano?” A que o polonês Karol Vojtyla, que foi pontífice entre 1978 e 2005, respondeu com ironia: “Mais ou menos a metade...” Agora já sabemos — continuando com o que, na verdade, não era nem é tão piada assim — a que se dedica a outra metade.
De umas semanas para cá, o Vaticano vive em comoção por conta de uma série de documentos vazados, que levaram o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, a admitir que a Igreja está sofrendo seu particular VatiLeaks — uma menção ao WikiLeaks.
A publicação de uma denúncia interna de corrupção e de um complô para matar Bento XVI deixam a descoberto as lutas de poder diante da possível iminência do fim de seu papado. Embora seja o representante de Deus na Terra, Joseph Ratzinger é, na realidade, um homem doente, às vésperas de completar 85 anos. Ou, nas palavras usadas pelo jornal “L’Osservatore Romano”, “um pastor rodeado de lobos”.
Os lobos em questão, embora se vistam com roupas vermelhas, se excitam com o sangue. E o pastor Ratzinger já avisou, há dois anos — em entrevista a Peter Seewald convertida em livro — que “quando um Papa alcança a clara consciência de não estar bem física e espiritualmente para levar adiante o encargo a ele confiado, então tem o direito — e, em algumas circunstâncias, também o dever — de se demitir.
Pensaria Bento XVI em dar este passo coincidindo com o dia do seu aniversário de 85 anos — em 16 de abril — ou com o sétimo aniversário de seu papado — três dias depois?
Leia mais em Um Papa cercado por lobos
A ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, criticou neste sábado a família da estudante Eloá Pimentel, assassinada em 2008 pelo ex-namorado Lindemberg Alves. O alvo da ministra foi o consentimento dos pais de Eloá para que a filha iniciasse o namoro quando tinha apenas 12 anos e o rapaz, 19.
Lindemberg assassinou Eloá três anos mais tarde, em 2008, num crime que chocou o país, e foi condenado a 98 anos de prisão na última quinta-feira. Para Maria do Rosário, as famílias precisam proteger suas crianças, o que passa por maior zelo para em relação à sexualidade precoce.
- Vejam, por exemplo, o que é a morte da menina Eloá. Uma situação absurda, que revolta o povo brasileiro. Mas, em todos os noticiários, nós vimos que aquele que matou a Eloá entrou na sua casa e pediu a autorização para a sua família quando ela tinha 12 anos. Será que é possível que os pais e mães não estejam atentos, que com 12 anos, enfim, não é possível que as meninas, que os meninos estejam sexualizados precocemente? - disse Maria do Rosário.
Leia mais em Ministra Maria do Rosário faz criticas à família de Eloá
Documentos vazados na internet sugerem que uma organização conhecida por atacar a ciência do clima estaria planejando uma nova ação para tentar minar o ensino do aquecimento global em escolas públicas dos Estados Unidos. Eles são de uma organização sem fins lucrativos em Chicago chamada de Instituto Heartland. O plano é promover um currículo que venha a lançar dúvidas sobre a constatação científica de que as emissões de combustíveis fósseis põem em perigo o bem-estar em longo prazo do planeta. "Diretores e professores estão fortemente inclinados na direção de uma perspectiva alarmista", relata o documento.
Antes mesmo do vazamento deste documento, cujos termos oferecem uma amostra dos argumentos da campanha contra a ciência do clima, especialistas que defendem o ensino de ciências já estavam se preparando para uma batalha. Eles alertam que os esforços para minar as matérias que tratam de aquecimento global estão se espalhando pelos Estados Unidos e temem uma luta semelhante à travada no ensino da evolução nas escolas públicas.
Em um memorando, o Instituto Heartland reconheceu que alguns dos seus documentos internos tinham sido roubados. Seu presidente, em nota, não confirmou se as versões que circulam na internet desde a última terça-feira foram modificadas ou não, alegando falta de tempo para checar estas informações.
A ONG declarou, em um comunicado de duas páginas, que os termos dos documentos vazados tinham sido falsificados. Porém, o tom e o conteúdo deles foram considerados muito parecidos com o de outros documentos não contestados. Além disso, o Instituto chegou a se desculpar com doadores cujos nomes foram divulgados nestes vazamentos, reforçando a ideia de que eles são autênticos.
Muitos detalhes das operações da ONG, incluindo salários e as ações recentes para angariar recursos, estão descritas. Os documentos foram enviados por e-mail para ativistas climáticos por um remetente que usou o nome "de dentro do Heartland". Rapidamente o material foi republicado em sites que abordam as mudanças climáticas.
A ONG, por sua vez, alegou que os documentos não são de uma pessoa de dentro da instituição, mas foram obtidos por alguém que fingiu ser membro do conselho do grupo e alegou que seu próprio endereço eletrônico estava sendo alterado. "Temos a intenção de encontrar essa pessoa e vê-la colocada na prisão por esses crimes", disse a organização.
Embora seja mais conhecida nacionalmente por seus ataques contra a ciência do clima, a Heartland se define como uma organização libertária, com interesses em uma ampla gama de questões de políticas públicas. Nos documentos vazados há a estimativa de levantar 7,7 milhões dólares neste ano.
Os vazamentos põem em dúvida se o grupo tem realizado atividades políticas partidárias, uma potencial violação da lei de imposto federal americana para grupos sem fins lucrativos. Por exemplo, o tópico do documento chamado "Operation Angry Badger" é um plano para gastar 612 mil dólares e influenciar o resultado de plebiscitos em Wisconsin sobre o papel dos sindicatos do setor público.
Tributaristas disseram nesta quarta-feira que grupos isentos de impostos foram autorizados a realizar alguns tipos de lobby e de política educacional, mas, por serem subsidiados pelos contribuintes, são proibidos de ter envolvimento direto em campanhas políticas.
Os documentos também mostram que o grupo recebeu dinheiro de algumas das maiores corporações do país, incluindo algumas que há muito defendem a luta contra a mudança climática. Os documentos normalmente dizem que essas doações foram destinadas a projetos não relacionados à mudança climática, como a publicação de boletins sobre direitos, drogas e política tecnológica. No entanto, várias das empresas se apressaram na quarta-feira a se desassociar da postura desta ONG.
"Nós não endossamos ou apoiamos os seus pontos de vista sobre o ambiente ou a mudança climática", disse Sarah Alspach, porta-voz da GlaxoSmithKline, uma empresa farmacêutica multinacional que figura nos documentos como doadora de 50 mil dólares nos últimos dois anos para apoiar um boletim médico.
Um porta-voz da Microsoft, outra doadora listada, disse que a empresa acredita que "a mudança climática é uma questão séria que exige ação imediata em todo o mundo." A companhia é apresentada nos documentos como tendo contribuído 59,9 mil dólares no ano passado para um boletim de notícias de tecnologia. Porém, o porta-voz da Microsoft, Mark Murray, disse que esta não era uma contribuição em dinheiro, mas sim o valor do software livre que a Microsoft dá a milhares de grupos sem fins lucrativos.
Talvez o aspecto mais intrigante dos documentos Heartland seja o que eles não contêm: a evidência de contribuições das grandes empresas petrolíferas de capital aberto, que ambientalistas suspeitam de financiar secretamente os esforços para minar a ciência do clima.
Os interesses do setor de petróleo, porém, estão representados. Os documentos dizem que a Fundação de Caridade Charles G. Koch contribuiu com 25 mil dólares no ano passado. Esperava-se que ela contribuísse com 200 mil este ano. Koch é um dos dois irmãos que foram proeminentes defensores de causas libertárias, bem como de outras obras de caridade. Eles controlam as indústrias Koch, uma das maiores empresas do país e refinadora de petróleo.
Os documentos sugerem que a Heartland gastou vários milhões de dólares nos últimos cinco anos em seus esforços para minar a ciência do clima, em grande parte financiada por um "doador anônimo". Desde quarta-feira começou um jogo de adivinhação sobre quem ele deve ser.
Os documentos dizem que entre 2010 e 2013, o grupo espera ter investido cerca de 1,6 milhão de dólares em financiamento do Painel Não-Governamental Internacional sobre Mudança Climática, uma entidade que publica relatórios periódicos atacando a ciência do clima e que realiza muitas conferências anuais.
O plano mais recente da Heartland, os documentos dizem, é criar um currículo para as escolas públicas no qual a ciência do clima é questionada. Para isso, a ONG separou 200 mil dólares em 2012. O currículo diria, por exemplo, que "se os seres humanos estão mudando o clima é uma grande controvérsia científica".
O que, de fato, não é uma controvérsia científica. A grande maioria dos cientistas do clima diz que as emissões geradas por seres humanos estão mudando o clima, colocando o planeta em risco a longo prazo, embora não tenham certeza sobre a magnitude exata desse risco. Porém, há uma grande controvérsia política se, e como, o país vai conter suas emissões de gases de efeito estufa.
O Centro Nacional para Educação Científica, um grupo que teve um sucesso notável na luta para melhorar o ensino da evolução nas escolas públicas, colocou recentemente a questão das mudanças climáticas em sua agenda em resposta aos apelos dos professores que dizem se sentir sob pressão para diluir a ciência.
Mark S. McCaffrey, diretor dos programas de políticas para o grupo, que está em Oakland, Califórnia, disse que os documentos Heartland revelaram que "eles continuam a promover dúvida, confusão e debate onde não há realmente nada".
(O Globo)
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A Universidade de São Paulo (USP) pode perder 40% de seus professores em cinco anos por conta de aposentadorias. O quadro é considerado "crítico" pela mais importante universidade do país. Documento da reitoria enviado à Assembleia diz ainda que 25% dos docentes poderiam pedir agora a aposentadoria (1.500 em 5.800). Dirigentes da universidade disseram que a situação é "caótica", pois muitos professores já estão se aposentando, mas não há reposição.
Para tentar contornar a situação, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) enviou projeto de lei à Assembleia, pedindo autorização para contratar 2.700 professores. Esse é o primeiro passo para que um docente ingresse na escola. Após a eventual aprovação no Legislativo, é preciso autorização interna para abertura de concurso e seleção dos candidatos.
A própria reitoria informou ontem (16) que os 2.700 postos não serão abertos de uma vez. "A aposentadoria desse pessoal demonstra a proximidade de situação crítica", diz o reitor João Grandino Rodas na defesa do projeto. Continua
BRASÍLIA - Depois de quase dois anos e 11 sessões de julgamento, a Lei da Ficha Limpa foi considerada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e será aplicada integralmente já nas eleições deste ano. Pela decisão do tribunal, a lei de iniciativa popular que contou com o apoio de 1,5 milhão de pessoas, atingirá, inclusive, atos e crimes praticados no passado, antes da sanção da norma pelo Congresso, em 2010.
A partir das eleições deste ano, não poderão se candidatar políticos condenados por órgãos judiciais colegiados por uma série de crimes, como lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e contra o patrimônio público, por improbidade administrativa, por corrupção eleitoral ou compra de voto, mesmo que ainda possam recorrer da condenação a instâncias superiores. Continua
- Quando há esquema político na área da Saúde não se resolve os problemas e as pessoas morrem - advertiu em voz alta Flávio Dino (PC do B), ex-deputado federal, juiz federal por 12 anos e atual presidente do Instituto Brasileiro do Turismo (Embratur), durante o sepultamento do corpo do seu filho Marcelo, de 13 anos, ontem, em Brasília.
Ao lado de Dino, em uma das salas de velórios do Cemitério Campo da Esperança, estava Agnelo Queiroz, ex-PC do B, governador do Distrito Federal eleito pelo PT. E pelo menos mais 200 pessoas, entre elas algumas das cabeças coroadas da República, como o vice-presidente Michel Temer, o presidente do Senado José Sarney e Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal.
Dino escolheu Agnelo para despejar sobre ele todo o seu desespero.
- Não é possível alguém morrer de asma dentro de uma UTI, Agnelo. Esse hospital [de Brasília] matou meu filho. Por que não me mataram? Eu preferia mil vezes estar naquele caixão no lugar dele.
Agnelo tentou consolar Dino - em vão. Um dos políticos mais promissores do Maranhão, candidato a prefeito da capital em 2008 e a governador do Estado em 2010, Dino segurou Agnelo pelo braço e continuou:
- Vou enterrar meu filho sem saber direito por que ele morreu. Você sabia que a necrópsia do corpo não foi completa por que tem equipamentos quebrados no Instituto Médico Legal? - perguntou Dino a Agnelo. Que calado estava, calado continuou,
- Quando meu filho parou de respirar na UTI do hospital, tentaram reanimá-lo, mas o equipamento usado para isso estava quebrado. Providenciaram outro, mas quando ele chegou já era tarde.
Àquela altura, assessores de Agnelo haviam sugerido que ele se despedisse de Dino e saísse rapidamente. Agnelo ouviu o último conselho de Dino:
- Faça pelo menos uma coisa no seu governo: interdite os hospitais de Brasília. Interdite. Vou te ligar diariamente cobrando isso.
Marcelo Dino Fonseca de Castro e Costa morreu no início da manhã da última terça-feira na UTI do Hospital Santa Lúcia – um dos maiores de Brasília. Ali havia sido internado pouco depois do meio-dia da segunda-feira. Fora vítima de uma crise de asma quando praticava esportes no Colégio Marista,onde cursava o 9º ano do Ensino Fundamental.
A suspeita de negligência e de erro médico está sendo investigada pela polícia, o Ministério Público e o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal.
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Lindemberg Alves, de 25 anos, foi condenado a pena máxima pelo assassinato da ex-namorada Eloá Pimentel, em Santo André, ABC paulista. Após quatro dias de julgamento, a juíza Milena Dias deu a sentença na tarde desta quinta-feira, 16. O crime ocorreu em 2008.
Ele foi condenado por 12 crimes, incluindo homicídio doloso de Eloá, dupla tentativa de homicídio contra Nayara Rodrigues e o sargento da PM Atos Valeriano (ambos baleados), cárcere privado e disparo de arma de fogo. Ao todo, Milena o condenou a 98 anos e 10 meses de prisão em regime fechado, mais pagamento de 1.320 dias/multa. No entanto, pela legislação penal brasileira, o tempo máximo de prisão é 30 anos. Continua
Botucatu foi uma das quatro cidades do Estado de São Paulo que, em meados do século passado, recebeu um hospital destinado ao tratamento de tuberculosos devido às condições climáticas especiais de temperaturas amenas, altitude de aproximadamente 900 m, e bons ares. Esta característica rendeu-lhe o slogan de Terra dos Bons Ares, que todo botucatuense sempre repetiu com orgulho e que todo morador vindo de outros cantos referendava com prazer.
Hoje, fevereiro de 2012, início do século XXI, escrevo com profunda saudade do tempo em que eu podia estudar, trabalhar, residir e andar por todos os lados da cidade respirando ar limpo, leve, inodoro e deveras agradável, fresco nas madrugadas e de tépido a quente durante os dias ensolarados. Sinto saudade, porque faz mais de um ano que a toxicidez de poluentes lançados ao ar indiscriminadamente, tem provocado grande desconforto em mim e em inúmeras pessoas, devido a náuseas, dores de cabeça, ardência na mucosa nasal e olhos. Uma parcela da população sofre com o odor fétido desses poluentes, outra parcela, no entanto, incapaz de detectá-lo, continua vivendo como se nada estivesse acontecendo.
A situação na cidade é séria, é grave e ficou insuportável a partir do segundo semestre de 2011. No entanto, até agora, nada foi resolvido, apesar das reclamações feitas junto aos órgãos competentes, responsáveis por zelar pelo bem-estar da população.
É imperativo que se identifique a fonte desses poluentes e se façam cumprir todas as normas de segurança, com uso de filtros adequados que impeçam a difusão dos gases tóxicos que estão transformando Botucatu, a Terra dos Bons Ares, em local destituído de condição adequada ao bem viver.
A que males, a que doenças, estamos sujeitos a médio e longo prazos devido a esses poluentes que, cotidianamente, durante os dias e madrugadas, são lançados na atmosfera? Quantas dores de cabeça inexplicáveis podem ter origem nesses poluentes?
Não basta que indústrias se instalem nas cidades, muitas vezes em grandes complexos, e se repitam os famosos e demagogos chavões de que representam empregos e, consequentemente, condições de consumo à população. É preciso que as indústrias, cônscias de suas responsabilidades, propiciem também, além de empregos, além de condições de consumo à população, condições para que seus empregados e demais munícipes vivam sem desconforto e sem ter suas vidas abreviadas por causa de venenos químicos que, imiscuídos no ar, invadem o nosso corpo e nos molestam, nos causam doenças. É preciso que as empresas poluentes respeitem a legislação vigente. Caso isto não aconteça, que o poder público atue, firme e prontamente, aplicando as multas previstas em lei, obrigando-as a adequarem-se às normas. Só assim será possível desfrutar de ambiente saudável. Só assim os moradores da cidade de Botucatu, eleitores e pagadores de impostos, não sofrerão desnecessariamente e não adoecerão.
Emprego sem saúde, num momento em que a população mundial se conscientiza da importância vital de se cuidar do ambiente para proteger este planeta tão desrespeitado, tão arrogantemente vilipendiado, é algo impensável, inadmissível. É como dar com uma mão e retirar com a outra, sendo que neste caso nos é retirado, nos é roubado o nosso bem maior: a vida!
Lucia Maria Paleari
Bióloga, Doutora em Ecologia
Docente da UNESP – Instituto de Biociências de Botucatu
Departamento de Educação
Depois da condenação de dois empresários do ramo de materiais de construção, ontem, na Itália, muitos brasileiros se perguntaram sobre a situação do amianto no nosso país. É proibido ou não é?
Há anos, o dia a dia do aposentado Eliseu Simões ficou mais difícil. “Só de conversar sinto falta de ar, andando, até pra tomar banho e secar, sinto falta de ar já”, relata. Ele foi diagnosticado com asbestose, doença que causa uma espécie de endurecimento do pulmão e diminui a capacidade respiratória. Eliseu processa, com mais 50 pessoas, a empresa em que trabalhava.
Nós podemos encontrar amianto em qualquer cidade do país. Ele está nas peças de carros, nas pastilhas de freio e juntas de motor. E também na casa de muita gente, é usado na fabricação de telhas e caixas d'água. Mas especialistas dizem que o perigo maior é para quem trabalha diretamente com o produto.
“O individuo que manipula o amianto, comparado ao indivíduo que não trabalha com amianto, ele tem risco de quase 50 vezes mais de ter câncer de pulmão”, explica Hermano de Castro, pesquisador da Fiocruz.
Continua
Leia também:
- Ex-presidentes de empresa de amianto são condenados na Itália
Eles foram considerados culpados de desastre ambiental doloso permanente e omissão dolosa de medidas de segurança para os operários.
- Presidência da Fiocruz repudia interpelação judicial a pesquisador da Fundação
- Fiocruz e Inca repudiam ação da indústria do amianto contra médico
Entre os dias 23 e 27 de janeiro, o Grupo de Fiscalização Rural ligado à Gerência Regional do Trabalho e Emprego de Ribeirão Preto realizou uma fiscalização em quatro importantes usinas nesta região do interior de São Paulo, conhecida como a Califórnia Brasileira por sua pujança econômica. O foco foram denúncias de problemas trabalhistas relacionadas ao plantio e à aplicação de agrotóxico nos canaviais.
Trabalhadores que aplicavam veneno na plantação trabalhavam com as luvas de proteção rasgadas. Fotos: Divulgação/MTE |
De acordo com o auditor fiscal Antonio Avancini, já na primeira usina fiscalizada, Santa Rita S/A – Açúcar e Álcool, em Santa Rita do Passa Quatro, foram lavrados 37 autos de infração por irregularidades. Entre elas, o não recolhimento de FGTS; excesso de jornada de trabalho; não concessão de descanso regular entre jornadas (a empregadora não obedece ao intervalo mínimo de pelo menos 11 horas entre uma jornada de trabalho e outra); trabalho nos feriados; não fornecimento gratuito, como previsto em lei, de ferramentas adequadas ao trabalho, como enxadas e enxadões; transporte de agrotóxicos no mesmo compartimento que continha alimentos ou utensílios de uso pessoal dos trabalhadores; roupas, luvas e demais equipamentos utilizados pelos trabalhadores que aplicam os agrotóxico rasgados e danificados, expondo-os à contaminação; entre outros. Continua
Jeffrey D. Sachs é professor de economia e diretor do Instituto Terra, na Columbia University. Ele é também assessor especial do secretário-geral da ONU para os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Artigo publicado no Valor Econômico de hoje (13).
Desenvolvimento sustentável significa atingir um crescimento econômico que seja amplamente compartilhado e que proteja os recursos vitais do planeta. Nossa economia mundial atual não é sustentável - mais de um bilhão de pessoas deixadas para trás pelo progresso econômico e o ambiente terrestre sofrendo danos resultantes da atividade humana. Um desenvolvimento sustentável exige a mobilização de novas tecnologias norteadas pelo compartilhamento de valores sociais.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou que o desenvolvimento sustentável está no topo da agenda mundial. Adentramos um período perigoso, em que uma população enorme e crescente, associada a com rápido crescimento econômico, agora ameaça produzir um impacto catastrófico no clima da Terra, na biodiversidade e no suprimento de água potável. Antropoceno é como os cientistas denominam esse novo período - em que os seres humanos tornaram-se os principais causadores de mutações físicas e biológicas na Terra.
O Painel de Sustentabilidade Mundial (PSM) do secretário-geral da ONU publicou um novo relatório que delineia um referencial para o desenvolvimento sustentável. O PSM corretamente observa que o desenvolvimento sustentável tem três vertentes: erradicar a pobreza extrema, garantir que a prosperidade seja compartilhada por todos, - mulheres, jovens e minorias -, e proteger o meio ambiente natural. Esses objetivos podem ser denominados pilares econômico, social e ambiental do desenvolvimento sustentável.
O PDM exortou os líderes mundiais a adotarem um novo conjunto de Metas de Desenvolvimento Sustentável (MDS) que ajudarão a moldar as políticas e ações mundiais após 2015, ano alvo das Metas de Desenvolvimento do Milénio (MDM). Considerando que o foco das Metas do Milênio é reduzir a pobreza extrema, as MDS deverão contrar-se nos três pilares do desenvolvimento sustentável: erradicar a pobreza extrema, compartilhar os benefícios do desenvolvimento econômico entre toda a sociedade e proteger a Terra.
Uma coisa é definir as metas sustentáveis e outra alcançá-las. O problema pode ser percebido examinando um desafio crucial: as mudanças climáticas. Hoje, há sete bilhões de pessoas no planeta, e cada uma é responsável, em média, pela liberação um pouco superior a quatro toneladas de dióxido de carbono na atmosfera por ano. Esse CO2 é emitido quando queimamos carvão, petróleo e gás para produzir eletricidade, conduzir carros ou aquecer nossas casas. Ao todo, os seres humanos lançam cerca de 30 bilhões de toneladas de CO2 por ano na atmosfera, o suficiente para mudar acentuadamente o clima em poucas décadas.
Em 2050, provavelmente haverá mais de nove bilhões de pessoas na Terra. Se essas pessoas forem mais ricas do que as pessoas atualmente são (e, portanto, consumirem mais energia), o total mundial de emissões poderá dobrar ou mesmo triplicar. Esse é o grande dilema: precisamos emitir menos CO2, mas estamos, mundialmente, a caminho de poluir muito mais.
Precisamos nos preocupar com esse cenário porque a permanência em um caminho de crescentes emissões em escala mundial produzirá, certamente, estragos e sofrimento para bilhões de pessoas que serão atingidas por ondas de secas e calor, furacões e muito mais. Já experimentamos o início desse sofrimento nos últimos anos, com uma série de fomes devastadoras, inundações e outros desastres relacionados ao clima.
Então, como poderão as pessoas no mundo - especialmente os pobres - beneficiar-se de mais eletricidade e mais acesso a transportes modernos, mas de uma forma que salve o planeta em vez de destruí-lo? A verdade é que não poderão - a menos que melhoremos as tecnologias que usamos.
Precisamos usar energia com muito mais sabedoria, e ao mesmo tempo precisamos abandonar os combustíveis fósseis e adotar fontes de energia que emitem pouco carbono. Essas melhorias são possíveis e economicamente realistas.
Considere, por exemplo, a ineficiência energética de um automóvel. Nós atualmente movimentamos uma máquina que pesa entre 1 mil e 2 mil quilos para transportar uma ou duas pessoas, cada um pesando talvez 75 quilos. E fazemos isso usando um motor a combustão interna que aproveita apenas uma pequena parte da energia liberada pela queima da gasolina. A maior parte da energia é perdida na forma de calor.
Poderíamos, portanto, conseguir uma grande redução nas emissões de CO2 por meio da adoção de veículos pequenos e leves dotados de motores elétricos de alta eficiência alimentados por baterias carregadas a partir de uma fonte de energia de baixo carbono, como a energia solar. Ainda melhor: adotar veículos elétricos, em vez de continuar usando os atuais, nos permitiria aproveitar os mais avançados recursos de tecnologia da informação para tornar tais veículos inteligentes - suficientemente inteligentes para até mesmo possibilitar que se movimentem sozinhos usando sistemas avançados de processamento de dados e de posicionamento.
Os benefícios das tecnologias de informação e de comunicação podem ser observados em todas as áreas da atividade humana: melhor agricultura utilizando GPS e microdosagem de fertilizantes; fabricação de precisão; edifícios que sabem como consumir menos energia, e, claro, o poder transformador da internet. Recursos de banda larga móvel já estão conectando até mesmo as aldeias mais distantes na zona rural da África e da Índia, reduzindo assim significativamente a necessidade de viagens.
Movimentações bancárias são agora feitas por telefone, assim como uma diversidade crescente de diagnósticos médicos. Livros eletrônicos são transmitidos diretamente para dispositivos portáteis sem necessidade de livrarias, deslocamentos pessoais ou da celulose e do papel nos livros físicos. A educação também baseia-se cada vez mais na internet e em breve permitirá que alunos em toda parte recebam educação de primeira qualidade a um custo marginal quase zero para a inclusão de mais um aluno.
No entanto, para migrar de onde estamos até o desenvolvimento sustentável não dependerá apenas de tecnologia. Isso envolverá também incentivos de mercado, regras governamentais e apoio público à pesquisa e desenvolvimento. Mas ainda mais fundamental do que políticas de governança será o desafio dos valores. Precisamos compreender nosso destino comum e abraçar o desenvolvimento sustentável como um compromisso comum de decência para todos os seres humanos, hoje e no futuro.
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Cartas de amor - F. Pessoa / Voz: M. Bethânia
Mundo - Drummond / Voz: Drummond
Tabacaria - F. Pessoa / Voz: Antônio Abujamra
The Sky is Low - Emily Dickinson
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