26.02.2012
Silvia Fonseca, Rennan Setti e Ana Lucia Valinho, O Globo
Foi com praticamente apenas as roupas de frio - e os laboratórios todos arrasados pelo incêndio - que os pesquisadores deixaram a Estação Antártica Comandante Ferraz ontem.
- Não tem palavras. A gente só tem a vida e Deus - resume o pesquisador da UFRJ João Paulo Machado Torres, que aguarda, em um hotel em Punta Arenas, no Chile, o retorno ao Brasil.
O projeto que ele coordenava, o Pinguins e Skuas, um investimento de US$ 500 mil, foi perdido, assim como as outras pesquisas na base brasileira. Torres, que estava acordado quando o fogo começou, ainda conseguiu chegar à biblioteca e salvar um laptop, mas não alcançou o alojamento, que os pesquisadores chamam de camarote.
Alguns pesquisadores dormiam quando o fogo começou, e a maioria dos colegas, conta ele, teve tempo somente de pegar seus casacos para enfrentar o frio de -5 graus. Como Torres fazia muito trabalho de coleta externa, sempre tinha equipamentos de frio mais à mão, e distribuiu as roupas extras.
Ninguém ficou ao relento, pois o grupo se abrigou em pequenos módulos que o fogo não atingira. O pesquisador relata que o alarme não soou, mas ele não acredita em falha do equipamento, que deve ter sido destruído no incêndio antes mesmo de poder funcionar. Torres estava na Antártica desde o início de fevereiro e voltaria ao Brasil no dia 11 de março.
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