Por Andrei Netto
31.01.2012
PARIS - A menos de cinco meses da conferência Rio+20, no Rio de Janeiro, autoridades políticas e líderes ambientalistas europeus estão preocupados com a suposta “falta de foco” das propostas feitas pelo governo do Brasil, organizador do evento. As críticas sobre as prioridades brasileiras, antes feitas a portas fechadas, foram externadas em público nesta terça-feira, 31, durante encontro em Paris. O temor é de que, alargando as discussões, a Rio+20 não resulte em nada.
A insatisfação começou a ficar clara com o lançamento, no início de janeiro, do chamado Draft Zero - o rascunho de declaração final do evento preparado pelo governo brasileiro e submetido às autoridades estrangeiras e à sociedade civil. O documento estabelece como prioridades da conferência os temas da “economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza” e o “quadro institucional” para alcançar tal objetivo.
Nas 21 páginas do rascunho são citados temas “clássicos” do ambientalismo, como segurança alimentar, agricultura sustentável, gestão racional da água, acesso à energia e o estímulo às fontes renováveis, entre outras propostas. Também têm lugar as novas questões do desenvolvimento sustentável, como a criação de empregos “verdes”.
O ponto polêmico é que a tudo isso a presidência brasileira adicionou temas caros à agenda diplomática do País, como a luta contra a pobreza e a fome, os objetivos do Milênio, as relações Sul-Sul, a crise econômica na Europa e até a “transparência da informação” - que têm pouca relação direta com meio ambiente. CONTINUA