Por Paulo Saldaña
18.07.2011
Problemas aumentam quando secura chega a níveis próximos de 10%; desde segunda-feira, índices em SP ficaram abaixo de 30%
O ar seco de São Paulo, fator que se agrava no inverno, representa risco real à saúde. Análise feita a partir da onda de secura registrada em agosto de 2010 mostra que a baixa umidade do ar pode triplicar o risco de morte.
É a primeira vez que se consegue dimensionar a exata influência da baixa umidade relativa do ar na saúde. "A umidade relativa apareceu como principal variável nos problemas de saúde", afirma a meteorologista Micheline Coelho, que realiza estudo na Faculdade de Medicina da USP.
O risco de morte, de acordo com a pesquisa, aumentou de 0,26% para 0,64% quando a umidade relativa variou de 100% para níveis próximos de 10%.
No estudo foram analisadas 1.252 autópsias feitas em agosto de 2010 pelo Serviço de Verificação de Óbitos da capital. Desse total, 17,7% das mortes - 212 pessoas - foram provocadas por doenças respiratórias, o escopo analisado. A maioria das vítimas é de idosos, segundo a autora.
O estudo foi realizado com dados de agosto de 2010 por se tratar de um evento extremo vivido na cidade. Foi o mês mais seco desde 1961, quando as medições de umidade do ar começaram. A cidade enfrentou uma sequência de 11 dias com umidade abaixo de 20% e com picos de 12% - a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera seguro níveis acima de 60%. De acordo com Micheline, os efeitos na saúde são medidos pela sequência de dias nessas condições. "Esses eventos extremos tendem a se repetir com as mudanças climáticas. E não estamos preparados." Continua
Veja também:
Baixa umidade do ar deixa crianças e idosos mais vulneráveis