Por Dora Kramer
08.07.2011
A aprovação do Regime Diferenciado de Contratações para as obras da Copa e da Olimpíada sem resistência nem debate no Senado e a manutenção da cota do PR no Ministério dos Transportes, depois da comprovação de que as indicações do partido foram todas deletérias, dizem quase tudo a respeito da promiscuidade nas relações entre Executivo e Legislativo.
Mostram como se opera o milagre da transformação da contestação em concordância sobre uma medida provisória rechaçada de início até pelo presidente do Senado, sem que seja necessário fazer alterações no conteúdo antes criticado.
Mostram também como um partido que indica gestores com o objetivo comprovado de se locupletar consegue não só preservar sua capitania na administração pública, como ganha a prerrogativa de comandar a substituição dos demitidos sob forte suspeita de corrupção ao ponto de condicionar a decisão da presidente da República às suas vontades.
Consolidou-se nas últimas décadas, desde a redemocratização, e aprofundou-se nos últimos anos a tese de que no modelo governo de coalizão brasileiro não há outro jeito a não ser seguir a norma segundo a qual o Executivo é comprador, fornecedor e distribuidor e o Legislativo entra na história no papel de mercadoria.
Dissemina-se também a convicção de que a vida é mesmo assim: sempre foi e sempre será. Não é verdade. O cientista político José Álvaro Moisés está lançando o livro O Papel do Congresso Nacional no Presidencialismo de Coalizão e a respeito do tema deu uma entrevista ao caderno Aliás, na edição do último domingo do Estado, dizendo que pode sim ser diferente. Continua
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