Por Dora Kramer
13.07.2011
A julgar pelas declarações de Luiz Antonio Pagot e das homenagens que recebeu de senadores da base governista, quem pecou foi a presidente Dilma Rousseff ao, primeiro, acusar a cúpula do Ministério dos Transportes de tentar "inviabilizar" o governo e, depois, ao demitir Alfredo Nascimento e companhia quando a reprimenda foi parar na imprensa.
Um após o outro, senadores do PT e da base aliada ao governo no Parlamento ressaltaram a "coragem", a "correção" e a "competência" do até então tido como ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), mas que ontem tratou de desmentir a presidente para dizer-se "responsável pela gestão do Dnit" em férias até o próximo dia 21.
Se houve ou não o propagado acerto para que Pagot não arrastasse novos personagens às denúncias envolvendo o Ministério dos Transportes, é uma questão que será esclarecida pela atitude que vier a tomar a presidente diante da flagrante e cínica quebra de hierarquia funcional do subordinado que lhe subtraiu autoridade perante o Senado.
Se calar e aceitar a insubordinação, estará autorizando a conclusão de que o governo realmente fez algum tipo de negociação com Pagot.
Mais que isso: reconhece que estava errada, que foi injusta e precipitada - para não dizer leviana - ao anunciar a demissão de um funcionário que afirma ter explicado a ela "ponto por ponto" a razão de os preços das obras do ministério terem apresentado o que a presidente tratou como superfaturamento e, segundo Pagot, foi apenas "mudança de escopo" em relação aos projetos originais.
Em seu depoimento, Luiz Antonio Pagot comportou-se como se tudo o que a presidente e seus auxiliares disseram e fizeram nos últimos dias valesse zero. A demissão entrou-lhe por um ouvido e saiu-lhe pelo outro. Para ele, o que conta são suas férias, "previamente marcadas" e o absoluto rigor com que se comportam seu departamento e os órgãos de controle: Tribunal de Contas, Controladoria-Geral e auditorias internas, "que não deixam passar nada". Continua