Por Rosa Falcão
05.02.2011
Falha técnica no sistema operacional, falta de manutenção nos equipamentos, falta de investimentos, falha humana? São perguntas que os nordestinos fazem para entender o apagão elétrico que atingiu sete estados da região na madrugada da sexta-feira. Especialistas do setor elétrico consultados pelo Diario apontam uma conjugação de fatores que podem ter levado ao colapso do fornecimento de energia na Região Nordeste. A ausência de uma política energética no país, o loteamento político do Ministério das Minas e Energia (MME) e a ausência de investimentos nos sistemas de transmissão das usinas hidrelétricas. São algumas pistas que podem esclarecer porque os brasileiros ficam à mercê dos eventuais apagões.
Contundente, o professor Heitor Scalambrini, do Departamento de Energia Elétrica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), diz que há ausência completa de transparência dos gestores brasileiros. Irônico ele afirma que ´é uma piada explicar ao povo brasileiro e ao povo nordestino que uma falha num componente elétrico deixou sete estados sem energia`. E vai mais além ao citar o apagão de Bauru no ano passado, quando o MME e o Operador Nacional do Sistema (ONS) colocaram a culpa num raio e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) rebateu informando que não houve tempestade na região.
´Há vinte anos, o Ministério das Minas e Energia é loteado para o grupo de Sarney e se colocam pessoas sem qualificação técnica na gestão de uma área estratégica para o país. Existe uma miopia completa para a política energética`, dispara Scalambrini. Ele defende o uso de fontes alternativas de energia para diversificar a matriz energética, e diz que o problema brasileiro não é de produção de energia, mas de falta de visão estratégica. Pior: prevê que os ´apagões se incorporarão ao calendário brasileiro`. Continua