domingo, 27 de fevereiro de 2011

Educando para a revolta

Via Estadão
Por Filipe Campante* e Davin Chor** / International Herald Tribune
24.02.2011

Pessoas de um nível de educação mais elevado costumam participar de todas as formas de atividades políticas

Muitos observadores da tempestade que se abate sobre o mundo árabe concordariam num ponto: tudo isso foi totalmente inesperado.

Embora sempre tenham existido correntes de insatisfação contra os vários ditadores, poucos poderiam prever a iminência de uma rebelião ou a escala destas manifestações. Entretanto, vários fatores visíveis relacionados à educação, demografia e falta de oportunidades econômicas, indicavam havia algum tempo um grau crescente de instabilidade política na região.

Embora as notícias sobre o levante no Egito falem em grande parte de uma “revolução jovem”, parecem reduzir a importância do efeito crucial que o nível de educação cada vez mais elevado entre os jovens egípcios exerceu na explosão das críticas contra os regimes encastelados na região.

Não há dúvida de que os participantes dos enormes protestos pertenciam a uma imensa faixa da sociedade egípcia. Mas não se pode deixar de notar que no movimento de oposição se destacaram também engenheiros, médicos, estudantes universitários e até mesmo executivos de empresas.

Este fato coincide com um dos acontecimentos mais amplamente documentados na ciência política – as pessoas de um nível de educação mais elevado costumam participar de todas as formas de atividades políticas, desde o ato mais básico que é o voto até os protestos públicos. Continua

TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
* CAMPANTE É PROFESSOR-ASSISTENTE DE POLÍTICAS PÚBLICAS NA HARVARD KENNDY SCHOOL
**CHOR É PROFESSOR-ASSISTENTE NA SINGAPORE MANAGEMENT UNIVERSITY



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