terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Brasileiro exige mais na hora de adotar criança

Via Estadão
Por Isis Brum
07.02.2011


Os brasileiros põem mais obstáculos à adoção de crianças que os estrangeiros que vêm ao País interessados em aumentar a família. Segundo dados do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), quase 100% dos casais brasileiros recusam crianças negras, pardas e indígenas enquanto 77% dos estrangeiros são indiferentes à cor da pele.

Filhos de pais portadores do vírus HIV são rejeitados por 48,9% dos casais brasileiros contra 27,4% dos estrangeiros. Já as crianças geradas por incesto são recusadas por 55% dos brasileiros e 48,5% dos estrangeiros.

Ainda no caso dos estrangeiros, embora haja mais rejeição a vítimas de estupro (85% ante 61% dos brasileiros), os maiores porcentuais de recusa se resumem a problemas de saúde, como problemas físicos e mentais.

"Os pais que vão para a adoção já tiveram parte de um sonho destruído. E recomeçam suas expectativas do filho ideal, saudável, que vai para a faculdade, se casa e lhes dão netos", explica Halia Pauliv, autora de vários livros sobre a adoção e presidente da ONG Adoção Consciente.

Para a professora de Psicologia da PUC-SP Miriam Debieux Rosa, as restrições dos brasileiros vêm de uma necessidade cultural de apagar "evidências de que a criança vem de outra origem". "Na visão dos pais, isso facilita tomar essa criança como filho. O caminho para essa identificação passar pela cor da pele e pela recusa da criança que traga um passado "impresso"", diz. "Em alguns países, há lei que permite ao filho adotivo saber quem são os pais biológicos, o que não existe aqui."

Cadastro. Hoje, o cadastro de interessados em uma adoção é nacional e contabiliza 31 mil casais para 8.014 crianças. "A desproporção se deve ao fato de que a preferência inicial dos casais ainda é adotar menina, recém-nascida e branca", resume o desembargador Antônio Carlos Malheiros, do TJ-SP.

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