quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Censura está em alta no País, diz relatório

Via Estadão
Por Gabriel Manzano
16.02.2011

Brasil bateu recorde de notícias retiradas do Google na campanha eleitoral, aponta o Comitê para Proteção dos Jornalistas, de Nova York

SÃO PAULO - Só na primeira metade do ano passado, o Google foi obrigado, por autoridades brasileiras, a retirar de seus servidores 398 matérias. É um recorde mundial. O dobro do segundo da lista, que foi a Líbia.

Além disso, nos dias finais da corrida eleitoral brasileira os juízes do País emitiram 21 ordens de censura, segundo pesquisa do Centro Knight para o Jornalismo, do Texas (EUA), e muitas agências de notícias foram multadas ou tiveram de remover conteúdos. "Esse quadro mostra que a censura e a autocensura, que vem junto, estão atingindo níveis muito sérios no Brasil", resume Carlos Lauria, do Comitê para a Proteção dos Jornalistas.

Lauria, que vive em Nova York, apresentou ontem em São Paulo o relatório Ataques à Imprensa em 2010 - um livrão de 400 páginas, com outro menor sobre América Latina, num encontro promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). "Nossos levantamentos apontam 44 jornalistas mortos em serviço, no ano passado, e 145 presos, em todo o mundo", revela.

A censura ao Estado, hoje em seu 565.º dia, é o destaque de abertura do levantamento sobre o continente. "É espantoso que num país como o Brasil um dos maiores jornais seja proibido de noticiar um grande escândalo, que envolve figuras políticas conhecidas. Não consigo imaginar o Washington Post, por exemplo, sendo proibido de publicar algo sobre um ex-presidente do país." De São Paulo Lauria vai a Brasília, onde se reunirá amanhã com autoridades do Planalto, da Secretaria das Comunicações e dos Direitos Humanos. Sua agenda inclui uma visita ao Supremo Tribunal Federal. Continua