sábado, 12 de maio de 2012

Meu caro senhor - Cartas com Fritz Müller fortaleceram teoria de Darwin

Via Revista Pesquisa FAPESP
Por NELDSON MARCOLIN
Edição 194 - Abril de 2012


Meu caro senhor

Correspondência entre Darwin e Fritz Müller ajudou a consolidar a teoria da evolução

O ano de 1864 foi especial para Charles Darwin. Sob fogo cruzado de grande parte da comunidade científica de seu país e do exterior, o cientista britânico viu serem publicados um livro e um artigo científico que atacavam suas ideias sobre evolução: Exame do livro do senhor Darwin sobre a origem das espécies, do fisiologista francês Pierre Flourens, e Sobre a teoria darwinista da criação, do anatomista suíço Albert Kölliker. A origem das espécies fora lançado em 1859 e tivera todos os seus 1.250 exemplares esgotados em um dia. A controvérsia sobre o tema transformou-se num grande debate científico internacional e ultrapassou rapidamente as fronteiras da academia. Para sorte do evolucionista, também em 1864 surgiu em Leipzig, Alemanha, outra obra abordando a teoria da evolução, cujo título não deixava dúvidas para qual lado pendia: Para Darwin (Für Darwin, no original). Seu autor era Fritz Müller (1822-1897), naturalista que vivia na então cidade de Desterro (atual Florianópolis), em Santa Catarina, e dava aulas no liceu provincial.

O livro de Müller chegou às mãos de Darwin em 1865. Sua mulher, Emma, conhecedora do idioma alemão, leu para o marido já fazendo a tradução. Darwin ficou profundamente admirado com o trabalho. Ao contrário da imensa maioria dos que opinavam sobre A origem das espécies, o naturalista radicado no Brasil o fazia com propriedade, apresentando exemplos zoológicos descritos em detalhes que corroboravam a teoria da evolução, sem se deter em questões filosóficas e religiosas. 
“O livro foi muito importante para Darwin não só pelo apoio, mas também porque ajudou a consolidar a teoria darwinista 
na comunidade científica da época”, diz o biólogo e médico legista Luiz Roberto Fontes, coautor da tradução de Für Darwin (editora da UFSC, 2009) para o português com Stefano Hagen, professor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo. Ambos fazem parte do projeto Nosso Fritz Müller, de recuperação da memória do cientista alemão que viveu 
45 anos em Santa Catarina, até sua morte. Continua