sexta-feira, 20 de julho de 2012

Bênçãos traduzidas em consumo

Via Jornal da USP
Por SYLVIA MIGUEL
18.07.2012

Professores da USP comentam dados divulgados em junho pelo IBGE, que confirmam a queda do número de católicos e o crescimento dos evangélicos no Brasil

Nenhuma religião é estática. Ao passo que o catolicismo das Comunidades Eclesiais de Base se preocupava com questões sociais como direitos humanos e direito do trabalho, a Renovação Carismática foca o indivíduo e questões de foro íntimo, como liberdade sexual e direitos reprodutivos. Baseado na premissa de que as religiões se transformam de acordo com as demandas sociais em curso, não se pode pensar que a mudança do perfil religioso que se espera ocorrer no Brasil nas próximas décadas de fato resultará na extinção de algumas manifestações populares, tais como Carnaval, bumba-meu-boi, festas juninas e tantas outras que integram o calendário nacional há séculos.

As análises dos dados do Censo 2010 sobre religião, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 29 de junho, mostram que o novo perfil religioso que se delineia revela uma infidelidade religiosa maior do que a fidelidade religiosa, reflexo da busca por realização pessoal.

“As religiões mudam na mesma proporção das transformações sociais. Uma coisa é se tornar evangélico. Outra coisa é sabermos que tipo de evangelismo teremos nos próximos 20 anos. Todas as religiões mudam com o passar do tempo. Não dá para saber se as religiões predominantes no futuro irão ou não incorporar a cultura atual”, diz o professor José Reginaldo Prandi, do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. CONTINUA!