segunda-feira, 24 de março de 2014

ONG alerta para explosão da exploração sexual em sedes de Copa

Via Veja
Por Bianca Bibiano e Bruna Fasano
23.03.2014

Crianças fora da escola, intenso fluxo de turistas pelo país e fatores socioeconômicos ampliam riscos de aumento da exploração de crianças e mulheres durante o mundial de futebol no Brasil

No dia 12 de junho de 2014, os olhos de milhões de pessoas pelo mundo estarão voltados para a abertura da Copa do Mundo no Brasil, no estádio do Itaquerão, na Zona Leste de São Paulo. Durante um mês, as principais cidades do país viverão uma efervescente e atípica rotina, movimentada pela presença de até um milhão de turistas estrangeiros e do deslocamento de três milhões de brasileiros para acompanhar os jogos do mundial de futebol. Enquanto a administração pública corre contra o relógio para tentar reverter a própria incapacidade de entregar as obras de infraestrutura a tempo, são outros números que despertam a atenção da ONG sueca ChildHood, especializada em proteção à infância.
A instituição elaborou um estudo sobre o aumento de casos de exploração sexual de mulheres e crianças em sedes de grandes eventos esportivos nos últimos anos. O documento foi entregue à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República em fevereiro. Segundo a ONG, na Copa da África do Sul, em 2010, foram registrados 40.000 casos de exploração infantil (aumento de 63%) e 73.000 ocorrências de abusos contra mulheres (83% a mais) nos dois meses entre a chegada das delegações, os jogos e o término do evento. Quatro anos antes, no Mundial da desenvolvida Alemanha, foram contabilizados 20.000 casos contra crianças (aumento de 28%) e 51.000 contra mulheres (49% a mais). Nas Olimpíadas da Grécia, em 2012, foram 33.000 casos contra crianças (87% a mais) e 80.000 casos contra mulheres (78% de acréscimo). Se tomados a dimensão territorial e os fatores socioeconômicos, tudo indica que o retrato não deverá ser diferente no Brasil. 
CONTINUA!