domingo, 6 de janeiro de 2013
A humanidade ainda está no caminho da autodestruição, diz guru ambiental
Via Instituto Humanitas Unisinos
04.01.2013
Em 1972, o guru ambiental Dennis Meadows previu em seu estudo seminal “The Limits to Growth” (“Os limites para o crescimento") que o mundo estava caminhando para um colapso econômico. O fato de o colapso econômico não ter ocorrido, não o faz desacreditar que ocorrerá no futuro. "Não há dúvida de que o mundo está mudando, e nós vamos ter de acompanhar essas mudanças. Há duas maneiras de fazer isso: uma é você perceber a necessidade de mudança antes do tempo e realizar a alteração necessária. A outra é você não fazer nada e, no final, ser obrigado a fazer a mudança de qualquer maneira", responde Meadows à Markus Becker.
A entrevista foi publicada pela revista Der Spiegel e reproduzida pelo portal Uol, 26-12-2012.
Eis a entrevista.
Professor Meadows, 40 anos atrás, você publicou "The Limits to Growth" ("Os limites para o crescimento", em tradução livre) com sua esposa e seus colegas. Esse livro transformou você no pai intelectual do movimento ambiental. A mensagem central do livro continua válida hoje: a humanidade está explorando brutalmente os recursos naturais e está no caminho da autodestruição. Você acredita que o colapso final do nosso sistema econômico ainda pode ser evitado?
O problema que deve ser enfrentado por nossas sociedades é o fato de termos desenvolvido indústrias e políticas que eram adequadas para um determinado momento histórico, mas que agora começam a reduzir o bem-estar da humanidade. Por exemplo: a indústria do petróleo e dos automóveis. Seu poder político e financeiro é tão grande que ela é capaz de impedir as mudanças. Eu espero que ela tenha sucesso. Isso significa que nós vamos evoluir por meio de uma crise, e não por meio de uma mudança proativa.
Várias das previsões centrais feitas em seu livro se tornaram realidade, como o crescimento exponencial da população mundial e a destruição ambiental generalizada. Mas sua previsão de que o crescimento econômico cessaria e que a economia mundial entraria em colapso ainda não aconteceu.
O fato de o colapso não ter ocorrido até agora não significa que ele não acontecerá no futuro. Não há dúvida de que o mundo está mudando, e nós vamos ter de acompanhar essas mudanças. Há duas maneiras de fazer isso: uma é você perceber a necessidade de mudança antes do tempo e realizar a alteração necessária. A outra é você não fazer nada e, no final, ser obrigado a fazer a mudança de qualquer maneira. Vamos dizer que você esteja dirigindo um carro dentro de um armazém ou de uma fábrica. Há duas maneiras de parar o carro: ou você põe o pé no freio ou você continua até bater na parede. Mas você vai parar, pois o edifício é finito. E o mesmo vale para os recursos da Terra.
Isso soa convincente, mas será que é realmente verdade? Será que as empresas privadas não vão reagir à escassez de recursos com inovação, em um esforço para manter sua lucratividade?
As mudanças realmente grandes não são promovidas por indústrias estabelecidas. Quem fez o iPhone? Não foi a Nokia nem a Motorola nem nenhum dos outros fabricantes de celulares estabelecidos. O iPhone foi criado pela Apple, que estava totalmente fora desse setor. Há muitos outros exemplos desse tipo. CONTINUA!
04.01.2013
Em 1972, o guru ambiental Dennis Meadows previu em seu estudo seminal “The Limits to Growth” (“Os limites para o crescimento") que o mundo estava caminhando para um colapso econômico. O fato de o colapso econômico não ter ocorrido, não o faz desacreditar que ocorrerá no futuro. "Não há dúvida de que o mundo está mudando, e nós vamos ter de acompanhar essas mudanças. Há duas maneiras de fazer isso: uma é você perceber a necessidade de mudança antes do tempo e realizar a alteração necessária. A outra é você não fazer nada e, no final, ser obrigado a fazer a mudança de qualquer maneira", responde Meadows à Markus Becker.
A entrevista foi publicada pela revista Der Spiegel e reproduzida pelo portal Uol, 26-12-2012.
Eis a entrevista.
Professor Meadows, 40 anos atrás, você publicou "The Limits to Growth" ("Os limites para o crescimento", em tradução livre) com sua esposa e seus colegas. Esse livro transformou você no pai intelectual do movimento ambiental. A mensagem central do livro continua válida hoje: a humanidade está explorando brutalmente os recursos naturais e está no caminho da autodestruição. Você acredita que o colapso final do nosso sistema econômico ainda pode ser evitado?
O problema que deve ser enfrentado por nossas sociedades é o fato de termos desenvolvido indústrias e políticas que eram adequadas para um determinado momento histórico, mas que agora começam a reduzir o bem-estar da humanidade. Por exemplo: a indústria do petróleo e dos automóveis. Seu poder político e financeiro é tão grande que ela é capaz de impedir as mudanças. Eu espero que ela tenha sucesso. Isso significa que nós vamos evoluir por meio de uma crise, e não por meio de uma mudança proativa.
Várias das previsões centrais feitas em seu livro se tornaram realidade, como o crescimento exponencial da população mundial e a destruição ambiental generalizada. Mas sua previsão de que o crescimento econômico cessaria e que a economia mundial entraria em colapso ainda não aconteceu.
O fato de o colapso não ter ocorrido até agora não significa que ele não acontecerá no futuro. Não há dúvida de que o mundo está mudando, e nós vamos ter de acompanhar essas mudanças. Há duas maneiras de fazer isso: uma é você perceber a necessidade de mudança antes do tempo e realizar a alteração necessária. A outra é você não fazer nada e, no final, ser obrigado a fazer a mudança de qualquer maneira. Vamos dizer que você esteja dirigindo um carro dentro de um armazém ou de uma fábrica. Há duas maneiras de parar o carro: ou você põe o pé no freio ou você continua até bater na parede. Mas você vai parar, pois o edifício é finito. E o mesmo vale para os recursos da Terra.
Isso soa convincente, mas será que é realmente verdade? Será que as empresas privadas não vão reagir à escassez de recursos com inovação, em um esforço para manter sua lucratividade?
As mudanças realmente grandes não são promovidas por indústrias estabelecidas. Quem fez o iPhone? Não foi a Nokia nem a Motorola nem nenhum dos outros fabricantes de celulares estabelecidos. O iPhone foi criado pela Apple, que estava totalmente fora desse setor. Há muitos outros exemplos desse tipo. CONTINUA!