domingo, 11 de agosto de 2013

A sedução das vitaminas

Via Época
Por Cristiane Segatto
09.08.2013

Quem garante a segurança e a eficácia da medicina alternativa?

Sempre que vejo uma celebridade fazendo propaganda de remédio ou vitamina, fico curiosa para saber em qual categoria ela melhor se enquadra:
a) é corajosa
b) é desinformada
c) é inescrupulosa
d) é ingênua
Mesmo que o cachê seja altamente compensador, é arriscado emprestar a própria imagem a um produto que altera a saúde das pessoas – e nem sempre para melhor. Vender remédio não é inofensivo como anunciar uma cama king size ou as últimas tendências da moda.
Para um medicamento convencional chegar ao mercado, ele precisa ser submetido a rigorosos testes de segurança e eficácia. Milhares de pacientes, milhões de dólares e anos de pesquisa são necessários para comprovar o benefício alegado. A indústria farmacêutica é altamente regulada. Ainda assim, de tempos em tempos, algum remédio é retirado do mercado porque, após anos de uso, se descobre que ele aumenta o risco de morte e outros sérios danos.
E aí? Como fica a imagem e a consciência da celebridade que anunciou o produto? Imagine a conversa de botequim: 
“Sabe o fulano? Tomou o remédio do Bola de Ouro da Copa e infartou."
No caso das cápsulas para ganhar músculos, suplementos vitamínicos que prometem saúde e vitalidade, antioxidantes contra o envelhecimento, dietas de eliminar esse ou aquele alimento e tantas outras ilusões, o problema é ainda mais grave. As empresas não têm a obrigação de comprovar a eficácia e a segurança de nada. Colocam apelos irresistíveis nos rótulos, contratam uma celebridade e pumba! Se o consumidor se der mal, azar o dele. 
Isso não acontece só no Brasil. Metade dos americanos usa algum tipo de vitamina, suplemento alimentar ou qualquer outra forma de medicina alternativa. É uma indústria de US$ 34 bilhões por ano. Até a indústria farmacêutica tradicional (a Big Pharma) está entrando nesse mercado. Em 2012, a Pfizer comprou a Alacer Corporation, um dos maiores fabricantes de megavitaminas nos EUA. Continua.