JC e-mail 4789, de 13 de Agosto de 2013.
Société d'Histoire et d'Épistémologie des Sciences du Langage manifesta-se contra o Projeto de Lei de regulamentação da profissão de historiador
Entidade conta com pesquisadores de 24 países , entre linguistas, filólogos, filósofos, lógicos, matemáticos, antropólogos e outros
Foi divulgada em Paris, no último dia 10, mais uma manifestação internacional contra o Projeto de Lei 4.699/2012 de regulamentação da profissão de historiador. Desta vez, a Sociedade de História e Epistemologia das Ciências da Linguagem (SHESL - Société d'Histoire et d'Épistémologie des Sciences du Langage), que conta com pesquisadores de 24 países, pede que seja anulado o Projeto de Lei 4.699/2012 em tramitação na Câmara dos Deputados. O documento é em apoio aos historiadores da ciência brasileiros.
De acordo com o texto, não é um diploma em história que determina ou valida as competências no campo da história das ciências da linguagem, seja na França ou internacionalmente. "A história das ciências da linguagem desenvolve modelos próprios, sendo muito enriquecedor compará-los com os de outras disciplinas, certamente os da história (como modelos de historicidade), mas também com os da história das ciências humanas e os da história da matemática, da física, da biologia, etc.", diz a carta assinada por Jacqueline Léon, presidente da SHESL.
(Jornal da Ciência)
Carta original, em francês:
Documento traduzido para o português:
SOCIEDADE DE HISTÓRIA E DE EPISTEMOLOGIA DAS CIÊNCIAS DA LINGUAGEM
(SHESL - SOCIÉTÉ D'HISTOIRE ET D'ÉPISTÉMOLOGIE DES SCIENCES DU LANGAGE)
A quem de direito
Paris, 10 de agosto de 2013
Senhoras e Senhores,
Nós, historiadores das ciências da linguagem, apoiamos os nossos colegas historiadores da ciência brasileiros que pedem que seja anulado o projeto de lei (PL) 4699/2012, que exige que os historiadores da ciência sejam diplomados em história. Nós consideramos, por um lado, que a história das ciências não pode ser distinguida da epistemologia, que inclui a reflexão sobre o confronto das teorias atuais. Por outro lado, o estudo histórico das disciplinas está muito ligado à prática dessas disciplinas. Um historiador das ciências da linguagem deve ter, prioritariamente, competências em ciências da linguagem. Enfim, a história da ciência é multidisciplinar.
Os historiadores das ciências da linguagem, os membros da nossa Sociedade de História e Epistemologia das Ciências da Linguagem (S.H.E.S.L. - Société d'Histoire et d'Épistémologie des Sciences du Langage), pertencentes a 24 países diferentes, são linguistas, filólogos, filósofos, lógicos, matemáticos, antropólogos etc., e até mesmo historiadores, que possuem prioritariamente competências nas ciências da linguagem, possuindo também um olhar histórico e epistemológico. Portanto, não é um diploma em história que determina ou valida as competências em nosso campo, seja na França ou internacionalmente. Além disso, a história das ciências da linguagem desenvolve modelos próprios, sendo muito enriquecedor compará-los com os de outras disciplinas, certamente os da história (como modelos de historicidade), mas também com os da história das ciências humanas e os da história da matemática, da física, da biologia, etc. Certamente, as práticas e ferramentas da história ocupam um lugar importante, como a coleta e consulta de arquivos, mas elas não são as únicas, e os historiadores das ciências da linguagem utilizam e desenvolvem suas próprias ferramentas: bases de dados textuais, grandes corpora, etc.
Nossos colegas historiadores da linguística da Universidade de São Paulo, com quem mantemos relações institucionais mantidas há muitos anos (especialmente o acordo de cooperação entre a Universidade Paris Diderot e da Universidade de São Paulo) são historiadores da gramática, cujas habilidades são as de gramáticos e filólogos, em concordância com as de nossos colegas no âmbito internacional. É importante que eles organizaram na USP o 9º Congresso Internacional de História das Ciências da Linguagem (9th International Congress of the History of the Language Sciences), em 2002, um simpósio realizado desde 1978 a cada três anos, quer na Europa ou na América do Norte ou do Sul.
Em conclusão, reiteramos o nosso apoio aos historiadores de ciência brasileiros, pedindo a anulação do projeto de lei (PL) 4699/2012.
Pela diretoria da SHESL,
Jacqueline Léon, presidente da SHESL