quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Gravuras rupestres somem de sítios arqueológicos da Amazônia

Via EBC
Por Elaíze Farias - Agência Pública
06.08.2013



Um sítio arqueológico localizado em terra indígena no município de São Gabriel da Cachoeira, na região do Alto Rio Negro, no norte do Estado do Amazonas, vem sendo alvo de depredações e, possivelmente, de furtos para atender demandas de colecionadores ou de comercialização de gravuras rupestres (petróglifos) em outras regiões do país ou no exterior.

Em São Gabriel da Cachoeira (a 858 quilômetros de Manaus), 90% da população é indígena, pertencente a 23 etnias. Ali estão  alguns dos mais relevantes sítios arqueológicos do Brasil, formados por rochas ribeirinhas, sazonalmente submersas, com gravuras rupestres com mais de 3 mil anos, segundo arqueólogos. Os indígenas consideram as áreas das gravuras rupestres um local sagrado e de forte relação com a sua cosmologia e ancestralidade.

As figuras ficam visíveis apenas na época da vazante do rio, cujo início acontece geralmente no mês de setembro (atualmente o local está submerso). Muitos dos desenhos rupestres estão documentados em publicações do etnólogo alemão Theodor Koch-Grünberg (1872-1924).

As depredações foram denunciadas em documento enviado em março passado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) pela Federação das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro (Foirn), mas até o momento o órgão federal não se manifestou.

A constatação de que o sítio arqueológico sofreu algum tipo de dano grave, propositalmente, para objetivos ainda desconhecidos ocorreu no final de 2012, época da “seca” do rio, quando uma equipe de professores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (Ifam), com sede em São Gabriel da Cachoeira, percebeu que camadas de pedras tinham sido removidas em um lugar conhecido como Itapinima, na região do rio Uaupés, afluente do rio Negro.

Um dos integrantes da equipe, o professor indígena da etnia tukano, Joscival Vasconcelos, fotografou a área onde teria ocorrido o furto e enviou as imagens para a direção do Ifam e para a Foirn. Continua.