Por Rafael Sampaio
06.03.2012
'Bicicletada Nacional' reuniu ciclistas na Avenida Paulista nesta terça-feira (Foto: Rafael Sampaio/G1) |
Morte de ciclista na avenida na sexta-feira (3) é um dos motivos.
Cerca de 500 ciclistas, segundo a Polícia Militar, se reuniram na Avenida Paulista, em São Paulo, para fazer um protesto na noite desta terça-feira (6) contra o atropelamento de três pessoas que estavam em bicicletas em diferentes cidades. Uma das vítimas foi Juliana Dias, morta na principal avenida da capital na última sexta-feira (2).
A manifestação, chamada de Bicicletada Nacional, ocorre em pelo menos 25 cidades.
A Polícia Militar destacou 30 homens, 16 motos e cinco carros de polícia para atuar na operação. Responsável pelo policiamento, o comandante Benedito Del Vecchio afirmou que a manifestação era pacífica.
Os manifestantes saíram por volta das 20h20 da Praça do Ciclista, na Consolação, em direção ao Museu de Arte de São Paulo. No momento da largada, eles ocuparam todas as pistas da Paulista no sentido Paraíso. O protesto seguiu por toda a Avenida e chegou a ultrapassar as ruas Pamplona, Joaquim Eugênio de Lima, e a Avenida Brigadeiro Luiz Antônio. Continua
Via Blog Coletivo Outras Palavras
Por Antonio Martins
02.03.2012
Três mortes em grandes cidades brasileiras, num só dia. Protestos terça (6/3) em todo o país. Perseguidos pela ditadura do automóvel, ciclistas resistem e se multiplicam
Chamava-se Juliana (Julie) Dias a bióloga de 33 anos atropelada e morta na manhã de sexta-feira (2/3), na avenida Paulista (foto). Mudou-se há um ano para São Paulo, vinda de São José dos Campos, para trabalhar no banco público de sangue de cordão umbilical do Hospital Sírio-Libanês. Escolheu morar na Vila Mariana, de onde podia ir ao trabalho com autonomia e sem poluir o planeta: de bicicleta. ”Era uma pessoa super alegre, para frente, que fazia tudo por um mundo melhor”, contou Luiza Calandra, sua vizinha, que compartilhava com ela a opção por pedalar.
As circunstâncias precisas do acidente seguem obscuras. A causa essencial parece certa: altares de uma adoração fundamentalista ao automóvel, as metrópoles brasileiras odeiam todos os outros meios de transporte — alguns, ainda mais profundamente. Juliana pedalava pela segunda faixa, a partir da calçada. As testemunhas dizem que foi fechada por um carro ou um ônibus, talvez ambos. Exasperada, gritou: “Eu tou aqui. Cuidado comigo”. Em meio ao fluxo frenético do trânsito, desequilibrou-se, tombou sobre a faixa de ônibus e foi colhida por outro coletivo. Morreu na hora.
No mesmo dia, duas outras mortes de ciclistas fizeram do Brasil um país mais árido. Em Brasília, um homem ainda não identificado não resistiu aos ferimentos e sucumbiu, depois de atropelado por um ônibus no Riacho Fundo — próximo à residência oficial onde, em 1976, o presidente Ernesto Geisel recebeu a notícia do assassinato por tortura do operário Manuel Fiel Filho, no DOI-Codi de São Paulo. Em Marituba (PA), região metropolitana de Belém, um ciclista que se resignara ao acostamento da BR-316 foi morto quando um automóvel o atingiu, para se safar de outro veículo. Continua