sexta-feira, 31 de agosto de 2012

El espectáculo de Saturno

No El País
Por A.R.
Madrid 30 AGO 2012


El planeta Saturno y su luna Titán, cruzándose por delante,
fotografiados por la sonda espacial 'Cassini'. / NASA/JPL-Caltech/SSI

VEJA A MATÉRIA AQUI!


Relator apresenta voto sobre empréstimos do Rural ao PT e Valério

Via Jornal Nacional
30.08.2012

No novo item, os réus que começaram a ser julgados pelo relator Joaquim Barbosa eram dirigentes do Banco Rural na época do mensalão.

O relator do processo do mensalão começou nesta quinta-feira (30) a apresentar seu voto sobre uma nova acusação: a gestão fraudulenta do Banco Rural nos empréstimos ao PT e a empresas de Marcos Valério.

No novo item, os réus que começaram a ser julgados pelo relator Joaquim Barbosa eram dirigentes do Banco Rural na época do mensalão.

Kátia Rabello, José Roberto Salgado, Ayanna Tenório e Vinicius Samarane. Segundo o Ministério Público, eles teriam simulado a concessão de empréstimos para empresas de Marcos Valério e para o PT, e o dinheiro teria sido usado para abastecer o esquema do mensalão.

Para o relator, o Banco Rural descumpriu normas do Banco Central de combate à lavagem de dinheiro, concedeu os empréstimos sem as devidas garantias, ocultou os riscos das operações e usou mecanismos fraudulentos. VEJA A MATÉRIA COMPLETA. VEJA O VÍDEO.

Ministros do STF condenam 5 réus pelos desvios no BB e na Câmara

Via Jornal Nacional
30.08.2012

O voto do presidente do Supremo foi decisivo para a condenação do deputado João Paulo Cunha por lavagem de dinheiro.

Os ministros do Supremo Tribunal Federal concluíram a análise do primeiro item do julgamento do mensalão, e condenaram cinco réus pelos desvios no Banco do Brasil e na Câmara. O voto do presidente do Supremo foi decisivo para a condenação do deputado João Paulo Cunha por lavagem de dinheiro.

O ministro Ayres Britto, presidente do Supremo Tribunal Federal, votou com o relator e condenou todos os cinco réus. Para o ministro, as provas apresentadas pelo Ministério Público comprovam a existência de crimes. Ayres Britto citou padre Antônio Vieira ao falar sobre corrupção.

“Padre Antônio Vieira dizia: os governadores gerais chegam pobres às Índias ricas e retornam ricos das Índias pobres”, disse. VEJA A MATÉRIA COMPLETA. VEJA O VÍDEO.

Invasão da UnB completa 44 anos


JC e-mail 4573, de 30 de Agosto de 2012.
Invasão da UnB completa 44 anos


Universidade foi a que mais sofreu com o golpe, diz historiador.

A invasão da Universidade de Brasília (UnB) por tropas do Exército completa 44 anos ontem (29). A UnB foi a instituição de ensino superior que mais sofreu durante o regime militar, na opinião do historiador José Otávio Nogueira Guimarães, coordenador de investigação da Comissão de Memória e Verdade Anísio Teixeira.

Recentemente instalada, a comissão vem desenvolvendo o trabalho de apurar violações de direitos humanos e liberdades individuais na universidade, ocorridas entre abril de 1964 (golpe militar) e outubro de 1988 (promulgação da Constituição).

Guimarães acredita que a repressão teve forte impacto na UnB porque a instituição tinha um projeto inovador em termos educacionais, mas ainda era incipiente. Por isso, segundo ele, mereceu a desconfiança dos militares. "Não era uma universidade que estava ali há muito tempo, como a USP [Universidade de São Paulo]. Era uma universidade nova [em funcionamento há dois anos]. Face ao projeto original e aos quadros [de docentes] que Darcy Ribeiro tinha conseguido trazer, eu não tenho dúvida: ela foi a universidade mais atingida".

O historiador lembra que no dia 9 de abril de 1964, nove dias depois do golpe, nove professores foram demitidos, além do reitor Anísio Teixeira e do vice-reitor Almir de Castro. As demissões foram feitas com base no Ato Institucional nº 1 (AI-1), que previa "investigação sumária", com demissão e dispensa de funcionários públicos, contra quem tivesse "tentado contra a segurança do País, o regime democrático [sic] e a probidade da administração pública".

Além das dispensas após o AI-1, 223 professores pediram demissão da universidade em setembro de 1965 por causa das intervenções. "Foi aquela diáspora", comentava Darcy Ribeiro (morto em 1997), um dos idealizadores da UnB. Segundo ele, a instituição foi concebida "para cuidar das causas do atraso do Brasil", mas mesmo antes do golpe já incomodava.

"Brasília não podia ter duas coisas: operários fabris fazendo greve e estudantes fazendo baderna", disse Darcy Ribeiro, em depoimento registrado no documentário Barra 68, de Wladimir Carvalho, que retrata a invasão. Na invasão, um estudante foi baleado, 60 pessoas foram presas e 500 chegaram a ser detidas provisoriamente, junto com parlamentares, na quadra de basquete.

A invasão ocorreu porque os alunos haviam protestado recentemente contra a morte do estudante secundarista Edson Luis de Lima Souto, no Rio de Janeiro. Um decreto determinava a prisão de sete universitários. Com a ordem, agentes das polícias Militar e Civil, do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) e do Exército invadiram a universidade. "Ignorância militar era uma coisa absurda. A UnB incomodava por causa da maneira como foi idealizada", pondera Cláudio Antônio de Almeida, então estudante de economia.

Almeida era amigo de Honestino Guimarães, aluno de geologia e presidente da Federação dos Estudantes Universitários de Brasília (Feub), um dos sete que tinham ordem de prisão decretada na invasão. Segundo o ex-aluno, Honestino foi levado em "cena de sequestro". Ele lembra que estava tendo aula de política e programação econômica, com o professor Lauro Campos, morto em 2003, quando começou a ouvir gritos: "prenderam Honestino!".

Na sequência, os alunos saíram correndo da sala de aula. "Fomos avisados de que um grupo de policiais saiu arrastando Honestino de maneira violenta, batendo nele, colocaram-no dentro de uma viatura e saíram dando tiros pela janela, até o próprio motorista", relatou à Agência Brasil.

A invasão da UnB marcou uma mudança nas intervenções na universidade. A partir dali, o governo militar usou outras estratégias para combater o que considerava "subversão" acadêmica: entre elas, a exclusão de professores e estudantes de programa de bolsas, a produção de material contra docentes e depoimentos falsos. "O propósito era criar fatos para desmoralizar as pessoas e fazer uma limpeza na universidade", analisa José Otávio Guimarães.

Segundo ele, há documentos no Arquivo Nacional que comprovam a atuação de agentes do Serviço Nacional de Inteligência (SNI) e do Serviço de Inteligência do Ministério da Educação para investigar alunos e professores.

Com esse material, Guimarães espera que Comissão da Verdade vá além de contar a resistência "heroica" à ditadura militar. Segundo ele, pode ser que se chegue a documentos que mostrem que ocorreu delação e que foram forjadas histórias sobre as pessoas. A comissão faz nesta semana sua segunda reunião fechada para definir prioridades.
(Agência Brasil)

Brasil investiga apreensão de material radioativo na Bolívia


JC e-mail 4573, de 30 de Agosto de 2012.
Brasil investiga apreensão de material radioativo na Bolívia


Após apreensão de duas toneladas de material radioativo em um edifício em La Paz, a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) investigam uma possível rota de contrabando de urânio extraído em solo brasileiro rumo à Venezuela e que poderia ter como destino final o Irã.

O risco foi evidenciado na noite de anteontem (28), quando o ministro do Interior da Bolívia, Carlos Romero, anunciou que a polícia havia apreendido duas toneladas de urânio na garagem de um edifício no centro da capital. Quatro pessoas foram presas na operação, fruto, segundo o ministro, de uma investigação que durou 45 dias.

O prédio onde foi feita a apreensão é vizinho à Embaixada dos Estados Unidos e à residência oficial do embaixador do Brasil em La Paz, Marcel Biato. Além disso, o edifício abriga os adidos militares da Venezuela.

Ontem, no entanto, Romero recuou, dizendo que "a possível existência ou não de urânio ainda merece uma investigação científica". Ele encarregou o Instituto de Tecnologia Nuclear e o Serviço de Geologia e Minas do país de fazer as análises. Disse ainda, sem explicar como chegou a tal informação, que o material - uma série de rochas embaladas em sacolas de pano na caçamba de uma camionete - teria saído do Brasil, passando pela Bolívia com destino ao Chile, de onde seria embarcado para a Europa. CONTINUA!

Sequelas de Fukushima, artigo de Joaquim Francisco de Carvalho e Emico Okuno


JC e-mail 4573, de 30 de Agosto de 2012.
Sequelas de Fukushima, artigo de Joaquim Francisco de Carvalho e Emico Okuno


Joaquim de Carvalho é pesquisador associado ao Instituto de Energia e Eletrotécnica da USP. Emico Okuno é professora do Instituto de Física da USP. Artigo publicado no jornal O Globo de ontem (29).

Estimativas de risco de acidentes graves em usinas como Angra 3 baseiam-se em abordagens probabilísticas, e as normas de controle e garantia da qualidade dos milhares de componentes mecânicos e elétricos das usinas nucleares limitam em centésimos de milésimos a probabilidade de um acidente grave. Depois do acidente de Fukushima, entretanto, quase todos os países nuclearizados resolveram aproveitar a lição daquela catástrofe e testar a segurança de suas centrais nucleares.

Os países europeus encaminharam os resultados desses testes à Comissão Europeia, em Bruxelas - que os submeteu à avaliação de especialistas, que recomendam ações urgentes, tais como reforços das proteções das usinas contra enchentes e fenômenos sísmicos e a introdução de bombas mais robustas para os sistemas de refrigeração, inclusive para as piscinas de armazenamento de combustíveis exauridos e sua instrumentação. Também urgente é a fixação de diretrizes para o procedimento de evacuação dos habitantes de regiões vizinhas às usinas.

Com a aplicação dessas recomendações, o custo da eletricidade gerada nas usinas nucleares aumentará muito. Na França prevê-se um aumento de 20%. Se as novas normas forem aplicadas no Brasil, estima-se que o aumento de custo inviabilizará as usinas nucleares, até em relação às termelétricas a bagaço de cana.

Por outro lado, por mais rigorosas que sejam as novas normas de segurança, sempre haverá uma probabilidade de acidente grave, porque não existe obra de engenharia 100% segura. Ocorre que acidentes nucleares se propagam pelo espaço e pelo tempo. Muitos anos depois de um acidente, dezenas de milhares de pessoas em regiões inteiras sofrerão males induzidos por exposição a radiações ionizantes, como está acontecendo em consequência do acidente de Chernobyl. Até 2005, foram registradas mais de 100.000 mortes entre os cerca de 600.000 empregados na descontaminação da usina - e estima-se que nas próximas décadas o câncer de tireoide afetará muitas dezenas de milhares de habitantes de regiões vizinhas.

Para Fukushima os números ainda não são conhecidos, porque as aberrações cromossômicas causadas pelas radiações e as consequentes lesões cancerígenas só aparecerão daqui a alguns anos e, pior, persistirão por várias décadas. Entretanto, já foram constatadas aberrações genéticas e disformias em insetos, como as borboletas que vivem naquela região.

O Brasil não precisa correr risco semelhante, porque dispõe de abundantes recursos energéticos renováveis e capacidade técnica para aproveitá-los. De fato, se aproveitarmos apenas 80% da capacidade hidráulica ainda por explorar e 50% da capacidade eólica, poderemos estruturar uma "malha inteligente" interligando um sistema capaz de gerar anualmente cerca de 1,4 bilhão de MWh.

Isto será suficiente para que - na década de 2040, quando, segundo o IBGE, a população estará estabilizada em 215 milhões de habitantes - atenda-se a uma demanda per capita de 6.600 kWh por habitante por ano.

* A equipe do Jornal da Ciência esclarece que o conteúdo e opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do jornal.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Está no ar a Hemeroteca Digital Brasileira


JC e-mail 4572, de 29 de Agosto de 2012.
Está no ar a Hemeroteca Digital Brasileira


Cinco milhões de páginas digitalizadas à disposição dos interessados. Assim é a Hemeroteca Digital Brasileira, lançada oficialmente na última semana e disponível para consulta gratuita no site da Biblioteca Nacional.

A Fundação Biblioteca Nacional oferece aos seus usuários a Hemeroteca Digital Brasileira, portal de periódicos nacionais que proporciona ampla consulta, pela internet, ao seu acervo de periódicos - jornais, revistas, anuários, boletins etc. - e de publicações seriadas.

Na Hemeroteca Digital Brasileira pesquisadores de qualquer parte do mundo passam a ter acesso, inteiramente livre e sem qualquer ônus, a títulos que incluem desde os primeiros jornais criados no país - como o Correio Braziliense e a Gazeta do Rio de Janeiro, ambos fundados em 1808 - a jornais extintos no século XX, como o Diário Carioca e Correio da Manhã, ou que não circulam mais na forma impressa, caso do Jornal do Brasil.

Entre as publicações mais antigas e mesmo raras do século XIX estão, por exemplo, O Espelho, Reverbero Constitucional Fluminense, O Jornal das Senhoras, O Homem de Cor, Marmota Fluminense, Semana Illustrada, A Vida Fluminense, O Mosquito, A República, Gazeta de Notícias, Revista Illustrada, O Besouro, O Abolicionista, Correio de S. Paulo, Correio do Povo, O Paiz, Diário de Notícias, e também os primeiros jornais das províncias do Império.

Quanto ao século XX, podem ser consultadas revistas de grande importância como Careta, O Malho, O Gato, Revista da Semana, Klaxon, Revista Verde, Diretrizes e jornais que marcaram fortemente a história da imprensa no Brasil, como A Noite, Correio Paulistano, A Manha, A Manhã e Última Hora.

Periódicos de instituições científicas também compõem um segmento especial do acervo já disponível. São alguns deles os Annaes da Escola de Minas de Ouro Preto, O Progresso Médico, a Revista Médica Brasileira, os Annaes de Medicina Brasiliense, o Boletim da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, a Revista do Instituto Polytechnico Brasileiro, a Rodriguesia: revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o Jornal do Agricultor, entre muitos outros. O pesquisador pode consultar também outras modalidades de publicação, como o Boletim da Illustríssima Câmara Municipal da Corte, os Relatórios dos Presidentes das Províncias (no Império) o Boletim do Museu Paraense de História Natural e Ethnographia, a Revista do Archivo Público Mineiro, a Gazeta dos Tribunaes: dos juízes e factos judiciaes, do foro e da jurisprudência (Rio de Janeiro) etc.

A consulta, possível a partir de qualquer aparelho conectado à internet, é plena e avançada. Pode ser realizada por título, período, edição, local de publicação e palavra(s). A busca por palavras é possível devido à utilização da tecnologia de Reconhecimento Ótico de Caracteres (Optical Character Recognition - OCR), que proporciona aos pesquisadores maior alcance na pesquisa textual em periódicos. Outra vantagem do portal é que o usuário pode também imprimir em casa as páginas desejadas.

Além da chancela do Ministério da Cultura, a Hemeroteca Digital Brasileira é reconhecida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e tem o apoio financeiro da Finep, o que tornou possível a compra dos equipamentos necessários e a contratação de pessoal para a sua criação e manutenção. Neste momento do lançamento do portal - julho de 2012 -, são cinco milhões de páginas digitalizadas de periódicos raros ou extintos à disposição dos pesquisadores, número que se multiplicará com a continuidade da reprodução digital.

Confira: http://hemerotecadigital.bn.br/

 (Informações da Biblioteca Nacional)

A qualidade dos médicos no Brasil,
artigo de José Bonamigo e Florentino Cardoso



JC e-mail 4572, de 29 de Agosto de 2012.
A qualidade dos médicos no Brasil, artigo de José Bonamigo e Florentino Cardoso


José Bonamigo é clínico, hematologista e tesoureiro da Associação Médica Brasileira. Florentino Cardoso é cirurgião oncológico e presidente da Associação Médica Brasileira. Artigo publicado na Folha de São Paulo de hoje (29).

O Brasil é medalhista no número de escolas médicas. Temos a medalha de prata, com 196 escolas em atividade. Perdemos apenas para a Índia. China e EUA, países com população bastante superior - e, no caso dos EUA, muito mais rico - contam com 150 e 137 escolas médicas cada.

A expansão se acentuou desde a década de 1990, principalmente no ensino privado, mas também no público. Muitos cursos, inclusive de instituições públicas, abrem sem hospital-escola ou mesmo uma rede básica de ambulatórios para o treinamento prático.

Não bastasse a expansão desordenada, vivemos uma invasão de médicos formados no exterior, muitos deles brasileiros, vindo principalmente de Cuba e da Bolívia. Segundo estimativas do Colégio Médico da Bolívia, há 25 mil brasileiros em cursos de medicina lá. Ausência de vestibular, mensalidades irrisórias e o baixo custo de vida comparado com o Brasil atraem os jovens para o eldorado boliviano.

O problema é que, além de essas escolas terem centenas de alunos por turma, nelas falta tudo, inclusive pacientes para o treinamento prático. A tentativa de revalidação de diploma desses candidatos a médicos revela números alarmantes.

Nossas universidades estatais têm autonomia para realizar a avaliação de egressos de universidades estrangeiras. Por causa da baixa qualidade das avaliações em alguns locais e por pressão de entidades médicas, o Inep criou em 2010 o Revalida, exame para unificar esta avaliação.

Aderiram ao projeto piloto 37 instituições públicas de ensino superior. Na primeira edição, de 517 inscritos, somente dois foram aprovados. Na segunda edição, em 2011, de 677 inscritos, apenas 65 foram aprovados (9,6%). Ainda não temos data para o exame em 2012, por quê?

Hoje, as escolas médicas no Brasil oferecem 16.892 vagas por ano. Nos programas de residência, padrão para formação de especialistas, há 10.196 vagas de acesso direto disponíveis para os recém-formados.

Desconsiderando a ociosidade nos programas de residência e as desistências durante o curso, podemos inferir que só 60% dos médicos têm acesso à especialização. Entram no mercado, sem treinamento adicional, mais de 6.000 médicos ao ano. O exame realizado desde 2005 pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) é prova da péssima qualidade da formação médica no Brasil. Em sete anos, 46,7% dos 4.821 alunos que realizaram o exame foram reprovados.

Como a adesão era voluntária, é cabível supor que os alunos que se consideravam mais bem preparados prestaram o exame. Aguardamos os números do exame de 2012, que será obrigatório para os formados no Estado de São Paulo, mas ainda não restringirá o exercício profissional em caso de reprovação.

Cabe ressaltar que o Revalida e o exame do Cremesp são provas básicas, que avaliam a capacidade de diagnóstico e tratamento de doenças frequentes. Muito diferentes dos exames de seleção para a residência, que têm caráter eliminatório e são mais abrangentes e complexos.

Tal contingente de médicos mal formados, sem especialização, entra no mercado de trabalho e nele fica por cerca de 40 anos. Muitas vezes não sabe coletar a história clínica nem examinar o paciente. Solicita exames além do necessário, pois não soube chegar ao diagnóstico na consulta.

São médicos que não sabem interpretar exames e terminam encaminhando o paciente para recursos de maior complexidade, superlotando hospitais e prontos-socorros, abarrotados de casos que deveriam ter sido resolvidos no posto de saúde.

Não existem duas medicinas. Os que defendem a abertura indiscriminada de faculdades com o argumento de ampliar o acesso da população aos médicos, ou como ouvimos frequentemente para "formar médicos para o SUS", são os responsáveis pela precarização da saúde dos brasileiros e pelo desperdício dos insuficientes recursos que nosso sistema de saúde dispõe.

Está instalado o SUS pobre de resolubilidade para os mais carentes. Enquanto isso, os políticos vão se consultar nos hospitais privados e nos grandes hospitais públicos universitários, onde só entra médico com título de especialista.

* A equipe do Jornal da Ciência esclarece que o conteúdo e opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do jornal.

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Leia também:
Onde vão parar os alunos de medicina? Artigo de João Sobreira


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Las tabaqueras asaltan los países en desarrollo

Via esMateria
Por Manuel Ansede
17.08.2012




Brasil gasta mais de R$ 20 bilhões para tratar doenças relacionadas ao tabaco

Via Estadão
Por Agência Brasil
29.08.2012

Dados mostram que 82% dos casos de câncer de pulmão no país são causados pelo fumo; 83% dos tumores de laringe e 13% dos cânceres do colo do útero também

O Brasil gastou 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011 para tratar doenças relacionadas ao tabaco, conforme levantamento feito pela organização não governamental Aliança do Controle do Tabagismo (ACT). Os gastos somaram quase R$ 21 bilhões no ano passado. O Dia Nacional de Combate ao Fumo é lembrado nesta quarta-feira, 29, em todo o país.

De acordo com os dados da ACT, 82% dos casos de câncer de pulmão no país são causados pelo fumo. Outros problemas de saúde também são provocados pelo cigarro: 83% dos casos de câncer de laringe estão relacionados ao tabagismo, 13% dos casos de câncer do colo do útero e 17% dos casos de leucemia mieloide.

No Distrito Federal (DF), por exemplo, a arrecadação, em média, é R$ 6,2 milhões mensais com a venda de cigarros (o valor corresponde a 25% do preço por maço). Por outro lado, o governo local gasta R$ 18 milhões por mês com o tratamento de doenças vinculadas ao fumo, segundo o pneumologista e coordenador do Programa de Controle do Tabagismo da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Celso Rodrigues. CONTINUA!


Veja também:
link EUA derrubam exigência de fotos em maços de cigarros
link Ministros reagem contra resolução do BC alinhada com política antitabagista
link Consumo de cigarros cresce no Nordeste, Grande Rio e Distrito Federal

Maioria do Supremo condena deputado João Paulo Cunha por mensalão

Via Folha de São Paulo
DE SÃO PAULO
DE BRASÍLIA
29.08.2012

Com o placar de 6 votos a 2, a maioria dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) votou pela condenação do deputado federal João Paulo Cunha pelos crimes de corrupção passiva e peculato por desvio de recursos públicos relacionado ao mensalão.

Os ministros, no entanto, ainda estão divididos sobre a acusação de lavagem de dinheiro e em relação à acusação de um segundo peculato.

Candidato a prefeito de Osasco, na grande São Paulo, João Paulo é acusado de receber R$ 50 mil para beneficiar agência do empresário Marcos Valério em contrato com a Câmara.

O voto que definiu maioria pela condenação foi proferido pelo ministro Gilmar Mendes, oitavo a votar sobre o caso no julgamento do mensalão.

Também votaram pela condenação Cezar Peluso, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Rosa Weber, além do relator, Joaquim Barbosa. O ministro Dias Toffoli seguiu a decisão do revisor, Ricardo Lewandowski, pela absolvição. Três ministros ainda precisam votar.

Segundo Mendes, as provas dos autos mostram "evidência inequivocamente que o valor mencionado não teve origem no PT". Isso rebate a tese de parte dos réus do mensalão de que os desvios apontados correspondem a caixa dois eleitoral, e não compra de votos de parlamentares, como aponta o Ministério Público. CONTINUA!

Sem manutenção, Biblioteca Nacional está sob ameaça

Via Estadão
Por ROBERTA PENNAFORT
28.08.2012

Falta de ar-condicionado, fachada deteriorada, gambiarras, rachaduras em paredes e pisos. São alguns dos problemas estruturais por que passa a centenária sede da Biblioteca Nacional, no centro do Rio, e que constam de manifestos públicos de funcionários. A direção está com uma série de projetos de restauração e reequipamento em andamento, mas isso não diminui a apreensão de quem trabalha num dos únicos edifícios históricos da Cinelândia que ainda não passaram por reforma.

"É um prédio de cem anos sem manutenção. Trabalho desde 1982 e nunca vi uma obra estrutural; só estética, e no início dos anos 90", conta o chefe da divisão de obras gerais, Rutonio Sant''Anna, que foi presidente da associação de servidores por seis mandatos. "As estantes de metal dão choque. É tudo cheio de gambiarra, benjamim... Muito perigoso. Acima de tudo, está a vida das pessoas e o patrimônio do País."

Maior da América Latina, a instituição, federal, criada há 200 anos por D. João VI com uma parte do acervo da família real trazido de Portugal, é considerada pela Unesco uma das dez maiores bibliotecas nacionais do mundo. O edifício, tombado, guarda nove milhões de itens e recebe cópias de todos os jornais e livros publicados no Brasil (são 100 mil volumes por ano), sendo muito procurada por estudantes e pesquisadores. CONTINUA!

Comentário básico:
Ki vergonha!!!!
Ki vergonha!!!!
Adelidia Chiarelli

Aluna que criou 'Diário de Classe' já foi procurada por políticos de Florianópolis

Via Estadão
Por Estadão.edu, com Kazuo Inoue,
Especial para O Estado de S. Paulo,
e Ocimara Balmant
28.08.2012


Isadora diz que continuará lutando
 pela melhoria da escola pública
(Divulgação)
A estudante de Florianópolis Isadora Faber, de 13 anos, que virou celebridade por denunciar problemas de infraestrutura de sua escola no Facebook, ironizou na noite desta terça-feira, 28, as declarações da secretária municipal de Educação e da diretora da Escola Básica Maria Tomázia Coelho. De acordo com a Assessoria de Imprensa da pasta, as gestoras reconheceram as deficiências no colégio e disseram que apoiam a iniciativa da adolescente.

Na página 'Diário de Classe', Isadora posta fotos de sua escola e reclama, entre outras coisas, da existência de porta sem maçaneta, fios desencapados, carteiras quebradas e ventiladores que dão choque. Até as 22h desta terça, cerca de 128 mil pessoas haviam "curtido" a ideia.

Assim que a página foi criada, em 11 de julho, Mel Faber - mãe de Isadora - foi convocada à escola e avisada: era melhor tirar essa ideia da cabeça da menina antes que ela começasse a sofrer ameaças ou até fosse presa. "Fui taxativa no meu não. Minha filha quer é o que é dela por direito", respondeu Mel. CONTINUA!


terça-feira, 28 de agosto de 2012

Moonlight Serenade em 20 de julho de 1969

Via blog do Noblat
Por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
26.08.2012


Casados há menos de dois meses, ainda estávamos hospedados numa casa na praia da Piedade enquanto nosso apartamento no bairro do Derby, Recife, acabava de ser montado.
A casa tinha uma bela varanda debruçada sobre o mar e lá nos sentamos, com o potente rádio que ganháramos de um tio. E foi nesse rádio que acompanhamos toda a transmissão da chegada da Apollo na Lua. Olhando para a Lua, com o mar banhado pelo luar prateado, a emoção foi indescritível. O som nos chegou limpo, claro e a voz de Neil Armstrong calou fundo em nossos corações.

Choramos os dois.

Foi a segunda vez na vida que chorei de emoção por conta do Espaço. A primeira foi em abril de 1961 e eu estava em Paris, subindo a avenida dos Champs Elysées. A bela avenida tinha alto-falantes em quase todos os postes e a mensagem do Yuri Gagarin, La terre est bleu!, La terre est bleu!, provocou em mim uma emoção muito forte. E eu chorei.

Chorona? Se sou.

Não sei qual foi a maior emoção nem qual o choro mais sentido. Sei que na casa da Piedade, em plena lua de mel, o pequeno passo gigantesco do Neil Armstrong nos deu vontade de chorar, mas em seguida de dançar e dançar. Pusemos na vitrola, no mais alto volume possível, a belíssima Moonlight Serenade e fomos dançar.

Obrigada, Neil Armstrong e até lá. Na Lua, onde nos veremos algum dia, se Deus quiser.




Quem manda no capitalismo brasileiro,
por Carlos Tautz

Via blog do Noblat
Por Carlos Tautz
28.08.2012

Apesar de estarem parcialmente suspensas pela Justiça federal no Maranhão, a duplicação da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e a ampliação de terminais da Vale no Pará e Maranhão foram agraciadas com um empréstimo de R$ 3,9 bilhões pelo BNDES.

O banco público desconsiderou a decisão judicial que questiona o impacto da obra sobre os indígenas Awa Guajá e 80 comunidades remanescentes de quilombos – grupos sociais que têm proteção especial da Constituição brasileira –, e aprovou a liberação de recursos para a corporação mineradora. CONTINUA!

UM ANO E MEIO SEM FUMAR!!!!!




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E se Neil Armstrong não tivesse voltado da Lua?



Pedro Doria, O Globo

Em 1969, Richard Nixon tinha em mãos as instruções para o caso de Armstrong e Buzz Aldrin não conseguirem voltar para a nave. No momento em que as esperanças fossem consideradas perdidas, a NASA cessaria contato com os astronautas na Lua. Ninguém ouviria seus gritos de desespero. Nixon ligaria para cada uma das viúvas. E, então, faria o seguinte discurso à nação:

O destino quis que os homens que seguiram à Lua para explorar em paz na Lua fiquem para descansar em paz.

Estes bravos homens, Neil Armstrong e Edwin Aldrin, sabem que não há esperança para resgate. Mas também sabem que há esperança para a humanidade em seu sacrifício. Ambos deixam suas vidas pelo mais nobre objetivo da humanidade: a busca pela verdade e compreensão.

Eles serão pranteados por suas famílias e amigos; serão pranteados pela nação; serão pranteados por todos no mundo. Serão pranteados pela Mãe Terra que ousou enviar dois filhos ao desconhecido.

Leia a íntegra em  E se Neil Armstrong não tivesse voltado da Lua?


Via blog do Noblat

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Neil Armstrong






Charge do Amarildo/Via blog do Noblat

Sorria! Você está sendo rastreado

Via Link/Estadão
Por Redação Link
26.08.2012

Natasha Singer, The New York Times

Ela sabe quem você é. Sabe onde você mora e sabe o que você faz.

Vasculha a vida mais do que o próprio FBI ou o IRS (Serviço da Receita dos EUA), ou do que o apurado olhar digital do Facebook e do Google. É muito provável que ela saiba coisas sobre você como idade, raça, sexo, peso, altura, estado civil, escolaridade, tendência política, hábitos de consumo, preocupações com a saúde da família, sonhos para férias – e assim por diante.

Neste momento, em Conway, cidade do Estado de Arkansas, sudeste do país, mais de 23 mil servidores capturam, comparam e analisam dados de consumidores para uma empresa de alta tecnologia que, ao contrário dos grandes nomes do Vale do Silício, raramente aparece nas manchetes. CONTINUA!

domingo, 26 de agosto de 2012

Entre a cátedra e o ateliê - Arte e ciência nos desenhos anatômicos de da Vinci

Via Revista Pesquisa FAPESP
Por CARLOS HAAG
Edição 198 - Agosto de 2012

de Londres

Desenhos de anatomia de Leonardo da Vinci, desconhecidos por séculos, revelam tentativa de unir arte e ciência

O que há por trás do sorriso de Mona Lisa? A resposta talvez desaponte os fãs de códigos secretos: a tentativa de Leonardo da Vinci (1452-1519) de romper limites e aproximar arte e ciência na Renascença. Mais do que um pintor que se “aventurava” em questões científicas, Leonardo desejava a criação de uma “ciência visual”. A anatomia foi o campo escolhido por Da Vinci para sua síntese de arte e ciência, como revelam a exposição Leonardo da Vinci: anatomist, que reúne os mais de 200 desenhos feitos pelo pintor do corpo humano, em cartaz em Londres até 7 de outubro, e o estudo A natureza, a razão e a ciência do homem: edição dos estudos de anatomia de Leonardo da Vinci, do historiador Eduardo Kickhöfel, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O projeto prevê a edição comentada da série “anatômica” de Leonardo, analisando a posição do artista como anatomista na história da filosofia natural, ajudando a descrever como se deu o desenvolvimento dos termos “arte” e “ciência”.

Entre 1490 e 1513, o pintor dissecou mais de 30 corpos e retratou o que viu com precisão, um verdadeiro tratado que, se publicado, teria transformado o estudo da anatomia na Europa muito antes e melhor do que em De humanis corporis fabrica (1543), de Vesalius. “Não havia desenhos de anatomia na época de Leonardo. O conhecimento anatômico era o texto, em especial o livro de Mondino de Liuzzi, um anatomista do século XIV, que era lido nas demonstrações realizadas nas universidades. Como faria Vesalius, mais tarde, Da Vinci preconizava a experiência direta e criou uma pintura tão informada pelas ciências naturais que ela própria passava a ser uma ciência. Não há nada na Renascença italiana que se assemelhe ao legado dele”, explica Eduardo. “A maioria das estruturas que ele descreveu só seria retratada séculos mais tarde. Se ele tivesse publicado o seu tratado de anatomia, hoje seria conhecido como um dos maiores cientistas da história”, avalia o historiador Martin Clayt on, curador da exposição londrina, em exibição na Queen’s Gallery. CONTINUA!

sábado, 25 de agosto de 2012

Alice Herz-Sommer







La personalidad de Alice Herz-Sommer es simplemente fascinante, sus historias regalan una hermosa lección de esperanza y optimismo en una sociedad que diariamente se empeña en destruirse a si misma. (Texto do youtube)


Sobre Alice Herz-Sommer


Valeu, Carlinhos, mon amour!

Código florestal: águas ameaçadas.
Artigo de Antonio Nobre e Ricardo Rodrigues


JC e-mail 4569, de 24 de Agosto de 2012.
Código florestal: águas ameaçadas. Artigo de Antonio Nobre e Ricardo Rodrigues


Antonio Donato Nobre, agrônomo e PhD em Ciências da Terra, é pesquisador sênior do Inpa e coordenador do Grupo de Modelagem de Terrenos no Centro de Ciências do Sistema Terrestre do Inpe. Ricardo Ribeiro Rodrigues, doutor em Biologia Vegetal, é professor titular e coordenador do Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/ USP. Os dois autores atuaram como relatores no estudo feito pela SBPC e ABC sobre o Código Florestal.

Artigo publicado no Valor Econômico de hoje (24).

No país dos superlativos, o gigantismo do nosso sistema hidrológico também entra no rol de maior do mundo: são mais de 9 milhões de quilômetros de rios. Enfileirados dariam 220 voltas na Terra, ou cobririam 22 vezes a distância à Lua. Da estabilidade, vigor e saúde desses rios dependem o suprimento das cidades, a segurança hidrológica, a geração de eletricidade, a irrigação na agricultura e a sobrevivência de preciosa biodiversidade. As bacias hidrográficas adequadamente florestadas, como ainda vemos em parte da Amazônia, mantém rios ricos e saudáveis. No contraponto, as terras agrícolas degradadas e os efluentes urbanos e industriais tem péssimas consequências.

A destruição indiscriminada dos ecossistemas resulta sempre em elevados prejuízos. Com a degradação das terras, das águas, do clima e da biodiversidade surgem múltiplos impactos na saúde e também consequências econômicas, nem sempre devidamente reconhecidas ou contabilizadas. A complacência com a destruição é herança da mentalidade colonial europeia e da revolução industrial, dois aríetes históricos que deixaram um rastro de destruição mundo afora. Mas a consciência sobre a necessidade de preservação das florestas não é recente nem é um luxo urbano. Em 1537 o governador desta colônia portuguesa, Duarte Coelho, determinou: "E assim mando que todo povo se sirva e logre dos ditos matos,..., tirando fazer roça que não farão,... e... árvores maiores... não cortarão sem minha licença..., porque tais árvores são para outras coisas de maior substância..., e assim resguardarão todas as madeiras e matos que estão ao redor dos ribeiros e fontes." Em meados do século XIX, D. Pedro II, premido pela degradação da água que abastecia o Rio de Janeiro, desapropriou fazendas no maciço da Tijuca e mandou reflorestar a mata Atlântica. Hoje, como no tempo do descobrimento, fluem cristalinas as águas alí.

Como resposta a séculos de abuso, o primeiro código florestal de 1934 já veio tarde. O desrespeito generalizado ao "resguardo das madeiras e matos ao redor de ribeiros e fontes" comprometeu águas por toda parte. E para azar dos rios, o despejo crescente de esgotos e todo tipo de contaminantes somou-se à centenária erosão das terras desnudas. O código florestal evoluiu no interesse do bem comum, peitando a arraigada mentalidade desmatadora, oferecendo assim um mínimo de proteção para as florestas, e com elas para as águas e para os rios. Apesar disso, para muitos a lei era regra de papel, e as florestas continuaram a tombar. Acumulou-se extenso passivo de ilegalidade nas propriedades, situação colocada em evidencia pelo eficiente cerco de fiscalização e punição dos anos recentes. A reação no setor rural foi curiosa: se a obediência é inescapável, então desconstrua-se a lei. Suportados por uma azeitada máquina política no Congresso e investindo pesado em retórica, lideranças deste setor vem tentando justificar o afrouxamento na lei.

Com recurso à ciência, analisemos apenas a alegação de que restaurar matas de galeria, os indispensáveis cílios ecológicos de proteção aos corpos d"água, reduzirá a área disponível para a produção de alimentos. Estudos feitos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), cobrindo milhões de hectares em várias partes do país, encontraram que a superfície que era destinada à proteção de matas ciliares em propriedades privadas, seguindo as estipulações do revogado Código Florestal de 1965, ocupava apenas de 7 a 9% da área total; para proteger todas nascentes acrescentavam-se ínfimos 0,2%. Superando duas vezes essa área de proteção, a superfície ocupada por terrenos úmidos foi estimada em 17%. Ora, os terrenos úmidos, com lençol freático exposto, são impróprios para a maioria das práticas agrícolas.

O arroz irrigado, uma das poucas culturas aptas a crescer em terrenos úmidos, foi usado repetidamente como exemplo de área agrícola consolidada, na tentativa de justificar a redução generalizada das áreas de proteção no entorno de rios. Contudo, com aproximadamente 1,3 milhões de hectares, essa cultura ocupa menos de 1% dos 144 milhões de hectares de terrenos úmidos e representa menos de 0,5% da ocupação agropecuária do país. Já os arroios, riachos e igarapés dos altos cursos - aqueles com menos de 10 metros de largura - representam 86% da extensão dos rios e não tem interferência significativa com a produção de arroz, cultivado em várzeas amplas de rios maiores. Sobre esse vasto sistema hidrológico capilar se abaterá massiva e adversamente as consequências do afrouxamento na lei. A pequena ocupação da cultura de arroz irrigado, ou ocupação ainda menor das culturas de vazante na Amazônia, não podem justificar a redução da proteção no atacado como fora feito.

Não há, portanto, argumento científico ou do interesse agrícola, mesmo em relação a pequenas e médias propriedades, para não recompor integralmente as matas ciliares, permitindo que desempenhem seu vital papel no condicionamento das águas e proteção dos rios. Ademais, surge no horizonte valorização econômica significativa para os chamados serviços ambientais das matas naturais. Um estudo feito para o Estado da Geórgia, nos EUA, estimou em US$ 37 bilhões o valor anual dos serviços ambientais prestados por florestas preservadas em propriedades rurais naquele Estado, que é do tamanho do Acre. A lógica econômica é simples: tornar potável águas contaminadas chega a custar cem vezes mais do que aquelas servidas, cristalinas, pelas florestas naturais.

* A equipe do Jornal da Ciência esclarece que o conteúdo e opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do jornal.

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Comentário básico:

olhos d’água...
olhos d’água...
só restarão os teus,
só restarão os meus.

Adelidia Chiarelli


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Las lenguas indoeuropeas nacieron en Turquía

Via esMateria.com
Por Miguel Ángel Criado
23.08.2012

Investigadores de una decena de universidades usan un método tomado de los biólogos evolutivos para situar el origen de estas lenguas en Anatolia. La expansión de la agricultura fue su vector de difusión


En este mapa se puede observar la difusión de las lenguas indoeuropeas. Los colores muestran la edad aproximada de cada familia con las ahora perdidas lenguas anatólicas en la base. / Science/ Remco Bouckaert et al.
 
Desde Islandia, en el extremo norte del Atlántico, hasta Sri Lanka, en el Índico, miles de millones de personas hablan más de un centenar de lenguas que una vez fueron una. Durante casi 60 años, los lingüistas se han peleado por el origen de aquel idioma primigenio. Ahora, usando un método tomado del estudio de la expansión de los virus y comparando la evolución de miles de palabras similares, investigadores de una decena de universidades han determinado que todo empezó en el sur de Anatolia, en la actual Turquía. La difusión de la agricultura habría sido el vector de expansión de la Babel en que se han convertido las lenguas indoeuropeas.

Integrada por algo más de 150 lenguas que son habladas por unos 3.200 millones de personas, la familia de lenguas indoeuropeas es la mayor de las que hay en el planeta. A primera vista, el inglés, el ruso, el griego, el hindi o el español pueden parecer idiomas sin niguna relación de parentesco. Pero si se va a palabras básicas de su vocabulario se observa la similitud formal y fonética entre mother, mat’, mitéra, Māṁ y madre. El árbol familiar, a pesar de algunas discrepencias, parece estar claro: las subfamilias itálica, celta, germánica, balto-eslava, indo-irania, albanesa, griega, armenia y las ya desaparecidas anatolia y tocaria habrían degenerado en los idiomas de hoy.

Pero lo que no está claro es su origen. En 1956, la arquéologa Marija Gimbutas postuló que el primer indoeuropeo debió ser el de los kurganes. Esta vieja civilización seminómada, que se desplazaba a lomos de caballo, se expandió hace unos 6.000 años desde sus tierras originales en las estepas pónticas al norte del Mar Negro por buena parte de Europa y el sur de Asia llevando consigo su idioma. Pero, en 1987 otro arqueólogo, Colin Renfrew, propuso que las lenguas indoeuropeas vienen de Anatolia. Para él, no fue la cultura del caballo sino la expansión de la agricultura del neolítico anatolio unos 9.500 años atrás por las tierras europeas y asiáticas la fuente de todo. CONTINUA!

Quem calcula os custos do automóvel nas cidades?,
por Washington Novaes

Via Estadão
Por Washington Novaes
24.08.2012

Parece inacreditável, mas o alarme vem das montadoras de automóveis - as mais interessadas em vender seus produtos. Texto de Cleide Silva na edição de 13/8 deste jornal informa que o "excesso de automóveis (mais 80 milhões de veículos no mercado global este ano) já preocupa as montadoras no mundo" e por isso "o trânsito nas megacidades leva fabricantes a incentivar debate sobre saída para o caos". Nesta mesma hora, o tema mal chega às campanhas para as eleições municipais no Brasil. E em São Paulo, embora documentos da Prefeitura mencionem a possibilidade de instituir a cobrança do pedágio urbano e haja até projeto a esse respeito na Câmara Municipal (Estado, 1.º/8), não há intenção concreta de avançar nesse rumo neste final de gestão.

Professor universitário especialista na matéria, trazido por uma das montadoras, o alemão Michael Schrekenberg impressionou-se com o caos paulistano e chegou a sugerir inspeções rigorosas de veículos para evitar quebras e interrupções no trânsito, controle das emissões de poluentes, ampliação dos acostamentos, criação de faixas exclusivas para carros com mais de uma pessoa, "trens para ligar regiões da metrópole às periféricas".

As soluções, entretanto, terão de ser rápidas. São Paulo já tem frota de mais de 7,2 milhões de veículos, dos quais 3,8 milhões circulam diariamente. E não há regras para motocicletas. Este ano ficará na capital paulista grande parte dos mais de 3,6 milhões de veículos vendidos no País. O documento da Prefeitura que menciona o pedágio urbano em 233 quilômetros quadrados do centro expandido, com tarifa de R$ 1 (em Londres é de R$ 25), convive com outro da Secretaria de Transportes que prevê para isso investimento de R$ 15 milhões, assim como a construção de três garagens subterrâneas (na gestão municipal de Jânio Quadros, há décadas, foi prevista a construção de 12 garagens subterrâneas, mas só duas foram construídas).

Muito pouco para uma cidade onde a frota cresceu 3% (213,2 mil veículos) em um ano e para um Estado já com 23,5 milhões (1,31 veículo por habitante em São José do Rio Preto, 1,34 em Araçatuba, 1,39 em Ribeirão Preto, 1,41 em Jundiaí, segundo a CartaCapital em 31/7). Uma fila única dos veículos da capital teria mais de 20 mil quilômetros de extensão (Estado, 7/8), embora a rede viária local tenha apenas 17 mil quilômetros. A cidade perde R$ 55 bilhões anuais com congestionamentos, diz a Fundação Getúlio Vargas. No segundo semestre do ano passado, eles atingiram 226,2 quilômetros em um dia. Este ano baixaram para 184,8 (Estado, 9/8). Tecnologias como GPS, imagens de satélites e outras são cada vez mais comuns entre motoristas. Já os agentes municipais de trânsito só têm os próprios olhos para observar menos de 200 das 15 mil vias públicas (15/8). Apesar dos dramas, o Diário Oficial chegou a publicar texto desaconselhando o uso de bicicleta (12/7), alternativa que só cresce em tantos países.

Também fora daqui, a China - que já tem problemas graves com trânsito - implantou 20 mil milhas de vias expressas e 12 rodovias nacionais. Só em Xangai foram 1.500 milhas. Não por acaso, o país já é o maior produtor de carros. E sabe que até 2025 terá de pavimentar 5 bilhões de metros quadrados de rodovias (Foreign Policy, 17/8); até 2025, nada menos que 64% de sua população estará nas cidades (48% em 2010); 22 cidades terão mais de 1 milhão de habitantes. Sua frota de veículos poderá subir para 600 milhões em 2030.

Seria interessante que nossos planejadores/gestores lessem, por exemplo, documentos como A bicicleta e as cidades, do Instituto de Energia e Meio Ambiente (2010), que aponta problemas cruciais. "Prevalece", diz esse texto, "a visão de que a cidade pode expandir-se continuamente e desconsideram-se os custos de implantação de infraestrutura necessária para dar suporte ao atual padrão de mobilidade, centrado no automóvel, cujos efeitos negativos são distribuídos por toda a sociedade, inclusive entre aqueles que não possuem carros". Entre os custos, a degradação da qualidade do ar (e seus reflexos nos custos da saúde pública, 5,9% dos orçamentos públicos), a contribuição para o aquecimento global, os desastres no trânsito. Hoje 70% do espaço público já é destinado ao transporte (há poucos anos a Associação Nacional de Transportes Terrestres mencionava 50%), embora apenas de 20% a 40% dos habitantes usem automóveis. As estatísticas do estudo dizem que 38,1% dos deslocamentos diários nas regiões metropolitanas brasileiras são feitos a pé; se forem considerados trajetos feitos em até 15 minutos, os deslocamentos sem automóveis sobem para 70%. Nas regiões metropolitanas como um todo, os deslocamentos em automóveis situam-se em 27,2%; em coletivos, 29,4%; a pé, 38,1%; em motos, 2,5%. E o transporte público no Brasil está em 50% do total, enquanto na Europa chega a mais de 80% (mas nos Estados Unidos a apenas 5%).

Outra consequência nefasta da ocupação do espaço público pelas estruturas viárias - avenidas, túneis, viadutos, etc., nas áreas centrais -, diz o documento, é forçar os habitantes a mudar-se para outras áreas habitáveis, o que, por sua vez, gera a necessidade de urbanização dessas novas áreas - com a pletora de custos que isso implica.

Das questões globais (aquecimento) às econômicas, sociais (injustiça com os setores sociais mais desfavorecidos e taxados pesadamente pelos custos), culturais, fiscais (isenção ou redução de impostos para veículos, sem nenhuma contrapartida), etc., tudo está envolvido nas questões do transporte, já que mais de 80% da população brasileira hoje é urbana. Não precisamos esperar que o drama se agrave, com a frota atual de veículos no País passando dos 37 milhões atuais para 70 milhões no fim desta década. Por mais complicada que seja, essa é uma tarefa para hoje.

Até as montadoras de veículos já sabem disso.

* JORNALISTA
E-MAIL:
WLRNOVAES@UOL.COM.BR

Sobre o produtivismo acadêmico,
artigo de José Maria Alves da Silva


JC e-mail 4568, de 23 de Agosto de 2012.
Sobre o produtivismo acadêmico, artigo de José Maria Alves da Silva


José Maria Alves da Silva é professor da Universidade Federal de Viçosa. Artigo enviado ao JC Email pelo autor.

Nos primórdios da humanidade, o tamanho da população e suas possibilidades de reprodução dependiam crucialmente da disponibilidade de meios de subsistência. "Maximizar o aproveitamento de recursos", princípio que representa o sentido original da palavra economia (do grego oikosnomia), era então uma questão vital.

Na sociedade capitalista contemporânea a situação é muito diferente. O avanço tecnológico, impulsionado pelo conhecimento científico, elevou a capacidade produtiva para níveis muito além das necessidades humanas essenciais e o imperativo econômico passou a ser o lucro. Nesse contexto, a produção de bens materiais adquire uma finalidade em si mesma e as necessidades humanas tornam-se pretextos que precisam ser reinventados incessantemente. Não se trata mais de "produzir para consumir para viver", mas sim de "viver para produzir para consumir". Consumismo e produtivismo são termos pejorativos surgidos na crítica denunciadora dessa inversão de valores.

Por contágio dessa cultura, introduziram-se nas universidades, primeiro as norte-americanas, modos de produção acadêmica de alta escala. Em conseqüência da institucionalização do lema "mass production", adquirem valor próprio quantidades de papel escritos na forma de livros, artigos em revistas indexadas e tudo o mais que pode servir para entulhar bibliotecas, sem necessariamente ter algo a ver com novas idéias ou avanço de conhecimento. Esse é o sintoma principal do mal conhecido como produtivismo acadêmico.

Onde o produtivismo acadêmico impera, conforme a imposta regra categórica do "publish or perish", não é preciso pensar ou pesquisar desde que se passe a impressão de estar fazendo isso, ao passo que os pensam e pesquisam seriamente correm o risco da exclusão, caso não consigam criar essa aparência. Aulas, conferências e palestras brilhantes, ou qualquer outro tipo de comunicação, fora dos meios reconhecidos, não contam, por mais que sirvam para solucionar problemas, enriquecer espíritos ou abrir novos caminhos de pensamento. Além de levar a uma rotinização da atividade acadêmica, tornando professores cada vez mais semelhantes a burocratas - os "buroprofessores", nos dizeres do saudoso geógrafo Milton Santos - isso contribui também para um clima cada vez mais competitivo, hostil e estressante nos campi universitários.

Nos países ricos, o produtivismo acadêmico tem um lado positivo na medida em que contribui para a geração de empregos de pessoal altamente qualificado, aliviando preocupações governamentais. Entretanto, nos países que mais carecem de soluções criativas para problemas cruciais, a existência de especialistas nas universidades públicas mais preocupados em gerar indicadores e atingir metas ditadas por agências de avaliação, constitui paradoxal desperdício de recursos valiosos investidos na formação de mestres e doutores.

* A equipe do Jornal da Ciência esclarece que o conteúdo e opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do jornal.

Cientistas fazem balanço dos resultados da RIO+20

Via Agência FAPESP
Por Fábio de Castro
24.08.2012

Agência FAPESP – A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (RIO+20) mobilizou a comunidade científica e foi palco de discussões que revelaram avanços sem precedentes no conhecimento sobre os limites do planeta – conceito indispensável para determinar uma agenda dedicada à sustentabilidade global.

No entanto, nada disso se refletiu no documento final da conferência, intitulado “O Futuro que queremos”, que teve até mesmo o termo “ciência” cortado do único tópico onde aparecia com destaque, de acordo com cientistas reunidos no dia 23 de agosto no 2º Workshop Conjunto BIOTA-BIOEN-Mudanças Climáticas: o futuro que não queremos – uma reflexão sobre a RIO+20.

O evento, realizado na sede da FAPESP, reuniu pesquisadores envolvidos com os três grandes programas da FAPESP sobre temas relacionados ao meio ambiente – biodiversidade (BIOTA-FAPESP), bioenergia (BIOEN) e mudanças climáticas globais (PFPMCG) – com a finalidade de fazer uma avaliação crítica dos resultados da RIO+20, especialmente no que diz respeito às perspectivas de participação da comunidade científica nas discussões internacionais nos próximos anos.

De acordo com Carlos Alfredo Joly, coordenador do Programa BIOTA-FAPESP, a comunidade científica brasileira e internacional se mobilizou intensamente durante a RIO+20 e chegou à conferência preparada para fornecer subsídios capazes de influenciar a agenda de implementação do desenvolvimento sustentável.

“Nada disso se refletiu na declaração final. Chegou-se a um documento genérico, que não determina metas e prazos e não estabelece uma agenda de transição para uma economia mais verde ou uma sustentabilidade maior da economia”, disse Joly à Agência FAPESP.

A maior esperança dos cientistas para que a conferência tivesse um resultado concreto, de acordo com Joly, era que o texto final reconhecesse, já em sua introdução, o conceito de limites planetários, proposto em 2009 por Johan Rockström, da Universidade de Estocolmo. A expectativa, porém, foi frustrada.

“De 1992 até hoje, tivemos um grande avanço no conhecimento em relação aos limites planetários e o trabalho de Rockström já se tornou um clássico. Destacar isso no texto final poderia contribuir para uma mudança de paradigmas que definiria uma nova trajetória para o planeta. Mas isso não foi feito”, disse.

Rockström, do Stockholm Resilience Centre Planetary, participou do workshop por meio de videoconferência, e apresentou palestra sobre o tema “Planetary boundaries are valuable for policy”.

O fato do avanço do conhecimento científico não estar refletido no documento, entretanto, não deve ser usado como argumento para desestimular a comunidade científica que trabalha nessa área ambiental, segundo Joly.

“Para nós que trabalhamos com a biodiversidade, a prioridade agora volta a ser a discussão sobre o veto às mudanças no código florestal, uma questão que ainda está em aberto”, disse. CONTINUA!

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Portal da USP tem 800 videoaulas

Via Estadão
Por Estadão.edu,
com informações da Assessoria de Imprensa da USP
22.08.2012

É possível assistir tanto a aulas isoladas como a disciplinas inteiras, sem direito a certificado

A USP lançou em maio um portal que já reúne 800 videoaulas, produzidas por seus professores, nas áreas de Exatas, Humanas e Biológicas. Os interessados podem assistir tanto a aulas isoladas como a disciplinas inteiras, mas sem direito a qualquer tipo de certificado. O Portal e-Aulas USP ( www.eaulas.usp.br) foi inspirado em projetos semelhantes de universidades como Harvard, Princeton e MIT.
 
"Com esse portal estamos, em primeiro lugar, aumentando a possibilidade da utilização de novas ferramentas no ensino presencial e, em segundo lugar, abrindo para toda a população brasileira parte do acervo da universidade, fazendo com que, democraticamente, o internauta possa assistir a qualquer vídeo, a qualquer momento", disse o reitor João Grandino Rodas, segundo notícia divulgada pela Assessoria de Imprensa da universidade. "Isso é indispensável para que a USP possa avançar mais um patamar e ficar mais próxima do futuro."

De acordo com a USP, as videoaulas "atendem à demanda crescente por conteúdos digitalizados por parte das novas gerações, habituadas ao ambiente virtual e ávidas consumidoras de vídeos".

Na página inicial do site aparecem as três videoaulas mais assistidas e as últimas três publicadas. O interessado também pode navegar pelas categorias Exatas, Humanas e Biológicas e escolher, dentro delas, a aula de qual curso gostaria de assistir. A plataforma também sugere vídeos com conteúdo relacionado e é compatível com as redes sociais Facebook, Twitter e Google Plus. Algumas aulas estão disponíveis para download.

O novo serviço foi criado pela Superintendência de Tecnologia da Informação (STI) da universidade. O órgão quer ter, em breve, cinco equipes de produção de vídeos à disposição dos professores que estejam dispostos a gravar seus conteúdos. "Isso deverá otimizar a produção e aumentar a quantidade de vídeos de qualidade produzidos pela USP", afirmou o superintendente Gil da Costa Marques, da STI.

Na segunda fase do projeto, que deverá ser implantada até o fim do ano, o portal permitirá que os vídeos sejam legendados e que outros arquivos sobre o assunto em questão, mesmo que estejam em formatos diferentes, possam ser publicados.

A ideia é que, no futuro, a página de busca do Sistema Integrado de Bibliotecas também entregue no resultado vídeos produzidos sobre o tema pesquisado, além de livros, teses e artigos.

Agrotóxico na alimentação: sinal vermelho, artigo de Gilvander Luís Moreira

Via EcoDebate
Por Gilvander Luís Moreira
22.08.2012



[EcoDebate] “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Fez questão de registrar o/a autor/a do quarto evangelho da Bíblia. Sendo vegetariano e mantendo viva a comida de verdade, que é a da mãe, da avó, da bisavó…, o povo dos Macabeus – relata a Bíblia – resistiu à invasão cultural do imperialismo grego que insistia em enfiar goela abaixo “carne de porco para todo mundo”. Para o povo da Bíblia “comer carne de porco” era trair a herança de muitas lutas libertárias. Hoje, seria empanturrar-se no Mac Donalds. Hipócrates dizia: “que o alimento seja seu melhor remédio.” Mas hoje é preciso acrescentar: que alimentos saudáveis, colhidos dentro do paradigma da agroecologia, seja nosso melhor remédio. Tristemente, o veneno está na mesa do povo brasileiro, denuncia o cineasta Sílvio Tendler no Filme-documentário “O veneno está na mesa”.

Diz a sabedoria popular que peixe morre pela boca, mas não só peixe, no Brasil, muita gente está sendo morta antes do tempo pelo agronegócio. A indústria dos agrotóxicos, grandes produtores, comerciantes e muita gente que não tem compromisso com a vida está envenenando a alimentação do povo. Li atentamente as 192 páginas do Relatório do Deputado Padre João Carlos (PT/MG), da Subcomissão Especial sobre o Uso dos Agrotóxicos e suas Consequências à Saúde, instalada em maio de 2011 e integrante da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados. Fiquei estarrecido. A situação é muito mais grave do que imaginamos. Epidemias avassaladoras de câncer e tantas outras doenças estão sendo construídas com incentivo/cumplicidade/omissão do Estado (= Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário), protagonismo da classe dominante e omissão/resignação de grande parte da sociedade.

O objetivo geral da referida Subcomissão foi o de “avaliar os processos de controle e usos dos agrotóxicos e suas repercussões na saúde pública.” Brasil, país celeiro do mundo, atualmente ocupa a primeira posição no valor despendido com a aquisição de substâncias agrotóxicas em todo o mundo. O Brasil se tornou a nação que mais consome agrotóxicos no mundo.

Paralelamente ao aumento no consumo, alavancado por uma política econômica estúpida que visa incluir pelo consumo, como se o ser humano fosse só “estômago”, está comprovado pelo Programa de Avaliação de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos – PARA -, da ANVISA3: a) a presença de resíduos de agrotóxicos em alimentos acima dos limites máximos “recomendados”, não por quem come, mas pelo deus mercado que só pensa em lucrar, lucrar; b) a presença em muitos alimentos de venenos não permitidos. Afora isso, nas fiscalizações junto às empresas produtoras de agrotóxicos observa-se, recorrentemente, muitas irregularidades.

Assim, estão sendo contaminados o solo, as águas e o ar, Doenças se multiplicam em progressão geométrica. O envenenamento da comida está sendo perpetrado pelo uso exagerado de agrotóxicos, pelo emprego de venenos não recomendados para determinadas culturas, ou ainda pelo desrespeito ao intervalo de “segurança (?)” (período mínimo entre a última aplicação e a colheita).

Apenas no ano de 2010 foram comercializados mais de um milhão de toneladas (= 1 bilhão de quilos) de agrotóxicos em todo o território nacional. Desse total, 750 mil toneladas foram produzidas no País, sendo o restante importado, cerca de 318 mil toneladas ( Dados da ANVISA no Ofício nº. 641/2011 – GADIP/ANVISA). Esses dados são oficiais. Ao incluir o comércio clandestino de agrotóxico, o contrabandeado, a quantidade deverá ser bem maior. Cada pessoa está ingerindo, em média, 5,2 quilos de agrotóxico por ano. Haja estômago! O crescimento do consumo de agrotóxicos no mundo aumentou quase 100%, entre os anos de 2000 e 2009. No Brasil, a taxa de crescimento atingiu quase 200%, o que indica que teremos no mínimo o dobro de pessoas doentes em relação à média mundial.

Atualmente existem 2.195 agrotóxicos registrados no Brasil, mas só 900 são comercializados. Ou seja, além dos já comercializados, outros 1.295 tipos de agrotóxicos podem entrar mercado a qualquer hora. Os registros são de titularidade de apenas 136 empresas diferentes, ou seja, poucas grandes empresas auferem muita grana envenenando a alimentação do povo. São cerca de 430 ingredientes ativos registrados. A comercialização desses produtos no país movimentou recursos da ordem de 14,6 bilhões de reais, somente no ano de 2009. Quantas pessoas adoeceram? Quantas morreram? Quanto o povo tem gasto, via SUS, para tentar socorrer as vítimas dos agrotóxicos?

Já existem fortes indícios de que o uso dos agrotóxicos provoca câncer e outras doenças graves. Relatório da ANVISA (2010) informa que foram encontrados 234 ingredientes ativos de agrotóxicos em hortaliças, frutas e leguminosas. Em “todas” as espécies testadas foram utilizados agrotóxicos não autorizados. No pimentão, por exemplo, no ano de 2009, 64,8% das amostras testadas revelaram a presença de agrotóxicos não autorizados. Atenção: Por “ser agrotóxico autorizado” não garante que não faça mal à saúde. Todo agrotóxico é substância química, é tóxico. No Município de Lucas de Rio Verde, em Mato Grosso, constatou-se a contaminação do leite materno, das águas da chuva, do solo e até do ar. Estima-se que, a cada ano, 25 milhões de trabalhadores são contaminados com agrotóxicos apenas nos países empobrecidos.

O Relatório põe o dedo na ferida: “A incidência de câncer em regiões produtoras de Minas Gerais, que usam intensamente agrotóxicos em patamares bem acima das médias nacional e mundial, sugere uma relação estreita entre essa moléstia e a presença de agrotóxico. Neste estado, na cidade de Unaí, está sendo construído um Hospital do Câncer, em virtude da grande ocorrência desta doença na região. Segundo os dados apresentados na Ausculta Pública que realizamos nesse município, já estão ocorrendo cerca de 1.260 casos/ano/100.000 pessoas. A média mundial não ultrapassa 400 casos/ano/100.000 pessoas.” Ou seja, se não houver uma redução drástica no uso de agrotóxico, daqui a 10 anos, poderá ter na cidade de Unaí, mais de 12.600 pessoas com câncer, sem contar o grande número de pessoas que já contraíram câncer. Onde já se viu uma cidade com apenas 100 mil habitantes ter Hospital do Câncer? Eis um sinal dos tempos e do lugar! Feliz quem entender a gravidade desse sinal vermelho.

Várias leis já foram criadas para tratar dos agrotóxicos: Lei nº 7.802/1989, Lei nº 9.974/2000, Lei nº 11.657/2008, institui o dia 18 de agosto como o Dia Nacional do Campo Limpo; Lei nº 6.938/81, referente a Política Nacional de Meio Ambiente e a Lei nº 12.305/10, referente a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Essas leis são dribladas o tempo todo, além de serem “generosas” com a indústria dos agrotóxicos, o que fere mortalmente dignidade humana e toda a biodiversidade.

Padre João Carlos afirma no Relatório: “O uso de agrotóxicos representa uma série de riscos à pessoa humana, à saúde humana, ao meio ambiente, fato que já é de conhecimento geral. Quando o uso é indiscriminado, tais riscos são muito mais elevados e não podem ser relegados, nem pela sociedade, muito menos pelo Poder Público, em especial pelos órgãos responsáveis pelo controle e fiscalização de tais produtos.”

A aplicação de agrotóxicos contamina os trabalhadores, as populações que residem nas áreas periféricas às lavouras, os alimentos, os cursos d’água, enfim todo o ambiente. O sinal vermelho do agrotóxico acendeu-se. Feliz quem abraçar pra valer a luta pela construção de reforma agrária com agricultura familiar segundo o paradigma da agroecologia, caminho para produção de alimentos saudáveis e vida em plenitude.

Belo Horizonte, MG, Brasil, 20 de agosto de 2012.

Gilvander Luís Moreira – Frei e padre carmelita, mestre em Exegese Bíblica; assessor da CPT, CEBI, SAB e Via Campesina, em Minas Gerais, Brasil; e-mail: gilvander@igrejadocarmo.com.br – www.gilvander.org.brwww.twitter.com/gilvanderluis – facebook: Gilvander Moreira

Greve de servidores da Anvisa causa falta de medicamentos em hospitais

Via Jornal Nacional
22.08.2012

De cada quatro unidades particulares, três estão com estoques no fim ou já têm falta de algum remédio. Paralisação prejudica diagnósticos e tratamentos de pacientes com doenças graves.

As greves no serviço público federal começaram a produzir consequências na área da saúde, prejudicando o diagnóstico e o tratamento de doenças graves.

Almir Braz precisou tirar o esôfago e parte do estômago, mas a cura do câncer depende da quimioterapia, interrompida nesta quarta-feira (22). O hospital está sem o remédio de que ele precisa.

“A médica foi bem enfática, ‘você precisa tomar todos os ciclos’. Então a gente fica sem saída”, diz o paciente.

O estoque de outros dez medicamentos não dura uma semana. Outros pacientes do hospital podem ser prejudicados.

“O atraso na repetição significa você reduzir a quantidade de quimioterápicos que o paciente está sendo exposto. Então isso pode claramente reduzir a eficácia do tratamento”, explica o oncologista, Helano Freitas.

Os fabricantes dizem que a greve dos servidores públicos da Anvisa e da Receita Federal está retendo nas alfândegas os produtos químicos usados na indústria.

Por nota, a Anvisa informou que 70% dos funcionários de áreas essenciais já voltaram ao trabalho e lembrou que os servidores da Receita realizam operação padrão.

A Receita respondeu que libera todo medicamento com a urgência necessária.

"No âmbito da Receita Federal não existe retenção nem retardamento na liberação de medicamentos", alega o subsecretário de Aduana da Receita Federal, Ernani Checcucci.

De cada quatro hospitais particulares, três estão com os estoques no fim ou já têm falta de algum remédio. A informação é da associação que representa essas instituições. Outros hospitais e laboratórios do país também estão com problemas. VEJA A MATÉRIA COMPLETA. VEJA O VÍDEO!


Usina nuclear entra em estado de alerta na Argentina


JC e-mail 4567, de 22 de Agosto de 2012.
Usina nuclear entra em estado de alerta na Argentina


Pedido foi feito depois que apareceram fissuras na estrutura de um reator igual na Bélgica.

A central nuclear de Atucha 1, na Argentina, entrou em estado de alerta. O pedido foi feito pela Agência de Energia Nuclear da Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento, depois que foram constadas fissuras na estrutura do reator de uma central belga, construída pela mesma empresa que a argentina.

A usina belga foi fechada há dois meses e todos os reatores construídos pela empresa holandesa RDM vão ser submetidos a uma rigorosa inspeção internacional. A usina de Atucha 1 é a mais antiga da América do Sul. Funciona desde 1974 e fica a apenas cem quilômetros de Buenos Aires. Segundo o Greenpeace, ao menos 22 milhões de pessoas vivem a menos de 300 quilômetros da central em risco.

Atucha I é uma das 19 centrais nucleares do planeta que contam com um reator construído pela empresa holandesa, segundo o jornal argentino "La Nación". As outras ficam na Europa e nos Estados Unidos.

A denúncia sobre os riscos de Atucha I foi feita por ambientalistas do Greenpeace, da Fundação Ambiente e Recursos Naturais e dos verdes argentinos. Eles pedem que o governo de Cristina Kirchner esclareça a situação real da usina argentina, mas até agora não tiveram resposta. Os ativistas lembram que a Bélgica já cogita fechar definitivamente sua central danificada.

Ativistas argentinos pediram no último dia 14 informações à Autoridade Regulatória Nacional e à Comissão Nacional de Energia Atômica. "Até agora não se conseguiu resposta alguma da parte das autoridades", explicou Juan Carlos Villalonga, dos Verdes, à imprensa argentina.

Mas ontem a AEN confirmou que Atucha I é um dos 19 reatores com material fornecido pela empresa RDM.

Mauro Fernández, integrante do Greenpeace, disse que há 22 milhões de argentinos vivendo a menos de 300 quilômetros da usina e que o governo deve fornecer informações sobre o caso.
(O Globo)

Brasil relaxou no controle da Aids, afirma manifesto


JC e-mail 4567, de 22 de Agosto de 2012.
Brasil relaxou no controle da Aids, afirma manifesto


Dados do Ministério da Saúde apontam que o número de mortes no País cresceu 8,8%.

Manifesto lançado ontem (21) por 14 instituições e 54 pesquisadores e ativistas do movimento anti-Aids aponta sérios problemas no controle da epidemia da doença no País. Entre eles estão o aumento no número de casos e de mortes.

Dados do Ministério da Saúde mostram que o número de casos passou de 33.166, em 2005, para 37.219, em 2010 (aumento de 12%). No mesmo período, as mortes pularam de 11.100 para 12.073 (aumento de 8,8%). "Não é uma situação esperada. Com a melhoria do tratamento, deveríamos estar reduzindo o número de óbitos. Se tivéssemos uma política de prevenção efetiva, não teríamos tantos casos novos", afirma Alexandre Grangeiro, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) que assina o manifesto.

O diagnóstico tardio, verificado em mais da metade dos pacientes, é apontado como a principal causa para o aumento de mortes. "Uma pessoa sem tratamento tem mais risco de morrer e de transmitir o vírus para outras. Em tratamento, ela reduz em 94% as chances de infectar outras pessoas."

Segundo Grangeiro, o Brasil tem uma epidemia muito específica, com 90% dos casos concentrados em 400 municípios, e um crescente aumento de casos entre a população jovem, que está iniciando a vida sexual.

Para Vera Paiva, coordenadora do Núcleo de Estudos para a Prevenção da Aids (USP), é preciso reverter a "banalização" da Aids. "Os pesquisadores estão mostrando que o povo acha que não precisa mais usar camisinha, que é coisa de gente velha. E o vírus parou de circular? De jeito nenhum."

Paiva afirma que é preciso baixar a curva da doença, estabilizada em patamar mais alto do que deveria, em sua avaliação. E que essa é uma questão a ser resolvida por diferentes governos. "Não é um problema específico do governo federal, é nacional."

Críticas - Considerado uma referência mundial, o programa brasileiro de DST/Aids tem sido bastante criticado. No mês passado, durante uma conferência internacional em Washington, pesquisadores fizeram alertas sobre a falta de médicos, leitos e exames para os pacientes com HIV e de medicamentos para tratar doenças causadas pelos antirretrovirais.

Durante o evento, o coordenador de HIV/Aids da Opas (Organização Panamericana da Saúde), Massimo Ghidinelli, disse que o aumento da pressão de grupos religiosos e a redução das campanhas de prevenção dedicadas às populações de maior risco são a principal ameaça ao programa brasileiro.

"O programa precisa mudar e se adaptar rapidamente a esses novos desafios da epidemia e manter um grande enfoque nas populações vulneráveis", afirmou.
Outro lado

Outro lado - O secretário de vigilância em saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, questionou a leitura dos dados da Aids feita pelo manifesto. "O óbito aumentou entre aspas. A população aumentou, então a taxa de mortalidade está estabilizada."

Ele faz o mesmo raciocínio para o número de casos da doença e diz que a taxa de incidência caiu nitidamente no Sudeste, onde a epidemia está consolidada. E isso, continua, mesmo com o maior número de testagens feitas para o HIV.

Sobre o percentual de gestantes com o vírus em tratamento, Barbosa afirma que dados de 2011 mostram que também há estabilidade. Ele diz que é preciso fazer uma análise epidemiológica mais aprofundada dos números. E argumenta que os dados da doença no Brasil são bons frente a países com características semelhantes.

Segundo o secretário, a política de Aids é aberta no País, discutida periodicamente com especialistas e a sociedade civil. "Algumas questões que eles colocam como inquietações são compartilhadas, estamos fazendo políticas para atendê-las." As preocupações, diz, são a aproximação com os grupos mais vulneráveis (como jovens gays) e testes precoces para a doença.
(Folha de São Paulo)

Sociedade Brasileira de Física (SBF):
Reforma do ensino médio não pode sucatear ciência


JC e-mail 4567, de 22 de Agosto de 2012.
SBF: Reforma do ensino médio não pode sucatear ciência


Sociedade Brasileira de Física (SBF) envia carta ao ministro da Educação com sugestões de como modernizar e aperfeiçoar o ensino das disciplinas científicas nas escolas.

A reforma do currículo do ensino médio proposta pelo Ministério da Educação é importante e desejável, mas há de se tomar cuidado para não agravar, em vez de solucionar, alguns dos sérios problemas enfrentados hoje no setor de educação.

Em carta enviada ao ministro Aloizio Mercadante, a diretoria da Sociedade Brasileira de Física manifesta sua preocupação de que as disciplinas de física, biologia e química sejam reunidas sob um único curso de "ciências da natureza". A iniciativa deve diluir ainda mais a apresentação dos conteúdos científicos, que hoje carecem de aprofundamento e modernização na grade curricular.

Em vez disso, a SBF sugere que haja diversificação optativa no ensino médio, com aumento de carga horária para essas disciplinas destinado aos alunos que pretendem seguir carreira técnica ou científica.

Veja a íntegra da carta enviada ao ministro Mercadante.

Ao M.D.
Sr. Dr. Aloizio Mercadante Oliva
Ministro
c/c Dr. Cesar Callegari
Secretário de Educação Básica
Ministério da Educação


Sr. Ministro,
Diante das notícias de que o MEC inicia um processo de discussões sobre a reforma do currículo do ensino médio no País com o objetivo de, até o início de 2013, encaminhar proposta de resolução nesse sentido ao Conselho Nacional de Educação (CNE), a Sociedade Brasileira de Física gostaria de apresentar as seguintes considerações:

. entendemos como necessária uma reforma curricular imediata que leve ao aumento da flexibilidade da escolha de disciplinas por parte dos alunos do ensino médio;

. existe hoje, de fato, uma enorme carência de profissionais formados em áreas técnicas. Como resultado do avanço da economia do País e da necessidade de uma maior competitividade em sua inserção no mercado internacional, essa carência deverá se tornar ainda mais grave nos próximos anos. Para supri-la, defendemos o aumento da carga horária de disciplinas como matemática, física, química e biologia para aqueles alunos que pretendam seguir carreiras técnicas ou de nível superior nessas áreas;

. da mesma forma, julgamos necessária uma discussão urgente que vise a modernização do conteúdo dessas disciplinas, de maneira a torná-las mais adequadas à formação de profissionais do século 21 e de maior interesse aos estudantes do ensino médio;

Pelas razões acima, julgamos um retrocesso danoso aos interesses do País a proposta de reunir o ensino de física, química e biologia em uma única disciplina chamada de "ciências da natureza" (ou equivalente). Entendemos que essa opção levaria a que o conteúdo específico de cada uma delas fosse gravemente diluído e, portanto, irremediavelmente comprometido, ao mesmo tempo em que passaríamos a ter dificuldades quase insuperáveis para a formação e atualização de professores na quantidade necessária e com a qualidade mínima indispensável para ministrar tal disciplina.

A Sociedade Brasileira de Física se coloca de pronto à disposição do Ministério da Educação, do Conselho Nacional de Educação e das secretarias estaduais de educação para debater esses pontos e apresentar sua colaboração para que a proposta de resolução a ser definida venha a melhor contribuir para a formação de jovens mais habilitados para o mercado profissional e o exercício da cidadania plena no Brasil das próximas décadas.

São Paulo, 21 de agosto de 2012
Sociedade Brasileira de Física


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Na cidade de São Paulo, Fundo faz obras ilegais no Parque da Água Branca

Via Estadão
Por Diego Zanchetta
21.08.2012

Intervenções em imóveis tombados são feitas sem autorização; MP vai cobrar multa de R$ 500 mil e pedir embargo de reforma

SÃO PAULO - Obras realizadas pelo Fundo Social do Estado na área externa de três prédios tombados no Parque da Água Branca, na zona oeste de São Paulo, estão desrespeitando uma decisão liminar da Justiça e as autorizações concedidas pelo Departamento do Patrimônio Histórico (DPH). O Estado flagrou nos últimos dois dias pedreiros que trocavam o telhado e realizavam intervenções na fachada dos casarões em estilo normando, símbolos da cultura cafeeira, construídos no início do século 20.

Informado por usuários sobre as irregularidades, o promotor Washington Luis Lincoln de Assis pediu nesta terça-feira, 21, à Justiça o embargo e afirmou que emitirá multa hoje de R$ 500 mil. O parque, com 131 mil metros quadrados, esteve em obras de abril de 2010 a novembro de 2011. A nova intervenção teve início no dia 3 de maio, quando a ONG SOS Parque da Água Branca procurou o Ministério Público (MP) e uma ação civil pública foi instaurada contra a obra. A Justiça, então, concedeu liminar para barrá-la.

Além dos três casarões em reforma, por todos os lados há interdições com cercas laranjas, fitas de isolamento amarelas e caçambas com entulho. Um alojamento para operários foi improvisado em contêineres.

Estão em obras o Espaço Lucy Montoro (antigo gabinete de desenho e fotografia), o Centro Histórico e Pedagógico e o prédio do Fundo de Desenvolvimento da Pecuária (antigo laboratório de análise de mel). Os telhados antigos das casas (números 29, 35 e 37) foram substituídos por um forro de metal. VEJA A MATÉRIA COMPLETA. VEJA AS FOTOS.

São Paulo atravessa a madrugada para ver Monet, Cézanne e Van Gogh

Via Jornal da USP
Por LEILA KIYOMURA
12.08.2012

A exposição “Impressionismo: Paris e a Modernidade – Obras-Primas do Museu d’Orsay”, no Centro Cultural Banco do Brasil, movimenta a cidade. Mais de 10 mil pessoas se enfileiram dia e noite para recepcionar os mestres da pintura

Quadro mais impressionista do que os pintores retratando as cores da vida parisiense é o do centro da cidade de São Paulo todo iluminado. E elegante para atravessar a madrugada apreciando a leveza das bailarinas de Edgar Degas, a natureza de Paul Cézanne, a boemia de Toulouse Lautrec.

O amanhecer frio, a garoa, a chuva. Lá estavam as famílias paulistanas e de cidades e Estados de todo o País, na expectativa de prestigiar as 85 obras-primas do acervo Museu d’Orsay. Mais de 10 mil pessoas, em uma fila cordial e ininterrupta, esperando a sua vez para entrar no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).

Ao ver tamanho movimento no dia, noite e madrugada da estreia de “Impressionismo: Paris e a Modernidade”, o presidente do Museu d’Orsay, Guy Gogeval, elogia: “Nunca vi um público tão interessado e disposto. É uma grande honra trazer o nosso acervo para ser apresentado aos brasileiros”. Gogeval explica que a maioria das obras está saindo do museu e de Paris pela primeira vez. “Esta atitude faz parte de um projeto de internacionalização que estamos desenvolvendo.”

O movimento do público mostra mais uma vez que a nossa vida cultural está mudando. O Brasil, no ano passado, segundo levantamento da revista americana The Art Newspaper, teve três das dez exposições com maior público do mundo. “O mundo mágico de Escher” bateu recorde de visitação diária do planeta, cerca de 9.677 visitantes por dia. Também “Oneness”, da japonesa Marico Mori, que mistura arte e tecnologia, atraiu com a sua nave espacial cerca de 7 mil pessoas. E a retrospectiva da americana “Eu em Tu”, da americana Laurie Anderson, teve 6.934 visitantes. Todas essas mostras tiveram entrada franca e foram apresentadas pelo Centro Cultural Banco do Brasil. A sede do Rio de Janeiro é a responsável por esses índices, porém a de São Paulo tem uma frequência surpreendente. CONTINUA!

STF concede liberdade a fazendeiro acusado de matar Dorothy Stang

Via Estadão
22.08.2012

Segundo decisão, a prisão só poderia ocorrer após o fim de todos os recursos da defesa pendentes

SÃO PAULO - O ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu, nesta terça-feira, 21, liminar em habeas corpus que determina liberdade provisória para Regivaldo Pereira Galvão, condenado pelo Tribunal do Júri de Belém (PA) a 30 anos de prisão pela morte da missionária Dorothy Mae Stang. Segundo o ministro, o alvará de soltura deve ser cumprido "com as cautelas próprias", caso Regivaldo não esteja preso por outro motivo. Regivaldo está preso em Altamira (PA) desde setembro de 2011, quando se apresentou à polícia. CONTINUA!

Depressão e transtorno bipolar podem acelerar envelhecimento

Via Revista Pesquisa FAPESP
Por RICARDO ZORZETTO
Edição 197 - Julho de 2012

Tempestades do corpo e da alma

Crises de depressão e de euforia provocam desequilíbrios químicos que podem danificar as células e acelerar o envelhecimento do corpo

Desde 2009 o psiquiatra Rodrigo Bressan e outros pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) acompanham um grupo de adolescentes com alto risco de desenvolver doenças mentais graves como o transtorno bipolar e a esquizofrenia. Eles querem descobrir o momento adequado para agir antes que os problemas se manifestem e, assim, tentar evitar que se instalem. Ao mesmo tempo, procuram ensinar os adolescentes e seus familiares a lidar com situações estressantes que podem disparar as crises. Assim que possível, Bressan e os psiquiatras Elisa Brietzke e Ary Araripe Neto querem ver se compostos anti-inflamatórios, antioxidantes ou neurotróficos poderiam proteger as células cerebrais e, quem sabe, reduzir o risco de desenvolver essas doenças mentais.

A estratégia de tentar proteger o cérebro com esses e outros compostos se baseia na hipótese de que os neurônios e outras células cerebrais sofrem danos gradativos a partir do primeiro episódio mais intenso da doença – há quem suspeite de que os danos podem começar até mesmo antes. Estudos recentes indicam que nesses distúrbios o cérebro produz certos compostos em níveis nocivos que atrapalham o funcionamento das células e podem causar danos irreparáveis à medida que se sucedem, levando à deterioração das capacidades de raciocínio, planejamento e aprendizagem e até a uma alteração leve e definitiva do humor. Simultaneamente ao aumento na concentração dessas substâncias, haveria também uma diminuição nos de compostos neuroprotetores naturalmente produzidos pelo organismo.

Um dos pesquisadores que ajudou a desenvolver essa hipótese é o psiquiatra Flávio Kapc-zinski, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Translacional. Ele está convencido de que a evolução dramática dos casos graves de transtorno bipolar e de depressão é consequência de alterações fisiológicas causadas pelas crises recorrentes.

As crises que de tempos em tempos atormentam a mente também intoxicam o corpo, acredita Kapc-zinski. Elas seriam como tempestades químicas que desfazem o equilíbrio das células cerebrais e liberam compostos que, carregados pelo sangue, inundariam o organismo – às vezes levando a um grau de intoxicação quase tão grave como o enfrentado por quem desenvolve uma infecção generalizada (sepse). Repetidas ao longo de anos ou décadas, essas avalanches tóxicas precipitadas por surtos de depressão ou de mania produziriam um desgaste lento e progressivo do cérebro e de todo o corpo, reduzindo a capacidade de recuperação e acelerando o processo de envelhecimento. CONTINUA!