Por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
26.08.2012
Casados há menos de dois meses, ainda estávamos hospedados numa casa na praia da Piedade enquanto nosso apartamento no bairro do Derby, Recife, acabava de ser montado.
A casa tinha uma bela varanda debruçada sobre o mar e lá nos sentamos, com o potente rádio que ganháramos de um tio. E foi nesse rádio que acompanhamos toda a transmissão da chegada da Apollo na Lua. Olhando para a Lua, com o mar banhado pelo luar prateado, a emoção foi indescritível. O som nos chegou limpo, claro e a voz de Neil Armstrong calou fundo em nossos corações.
Choramos os dois.
Foi a segunda vez na vida que chorei de emoção por conta do Espaço. A primeira foi em abril de 1961 e eu estava em Paris, subindo a avenida dos Champs Elysées. A bela avenida tinha alto-falantes em quase todos os postes e a mensagem do Yuri Gagarin, La terre est bleu!, La terre est bleu!, provocou em mim uma emoção muito forte. E eu chorei.
Chorona? Se sou.
Não sei qual foi a maior emoção nem qual o choro mais sentido. Sei que na casa da Piedade, em plena lua de mel, o pequeno passo gigantesco do Neil Armstrong nos deu vontade de chorar, mas em seguida de dançar e dançar. Pusemos na vitrola, no mais alto volume possível, a belíssima Moonlight Serenade e fomos dançar.
Obrigada, Neil Armstrong e até lá. Na Lua, onde nos veremos algum dia, se Deus quiser.