segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Rede desorientada

Via Link/Estadão
Por Filipe Serrano
19.08.2012

Para Andrew Keen, que vem ao Brasil esta semana, o lado social das redes é ilusão

SÃO PAULO – Desde que lançou seu primeiro livro em 2007, o empresário britânico Andrew Keen se estabeleceu como um dos principais críticos da tecnologia no Vale do Silício. Se no primeiro livro, O Culto do Amador, Keen criticava o conteúdo produzido por usuários amadores, o alvo agora é a superexposição provocada por Facebook, Twitter e outras redes sociais.

Em Vertigem Digital, que chega hoje às livrarias, Keen argumenta que estamos substituindo nosso cotidiano pela vida em uma rede ilusória e digitalizada.

Em uma passagem, ele afirma que as redes sociais nos transformam em pequenos Big Brothers de nós mesmos e que reputação e amizade viraram mercadorias. Uma rede de “milhões de amigos que não sabem os nomes de seus vizinhos”, escreve.

Keen vem ao Brasil esta semana e participa em São Paulo da conferência The Next Web Latin America (dias 22 e 23), onde faz uma palestra na quinta-feira. Ele falou ao Link por e-mail sobre os efeitos das redes sociais.

O que é a “vertigem digital”?
Uso o termo de diferentes formas. Primeiro, é uma metáfora do filme Um Corpo que Cai (cujo título original, ‘Vertigo’, significa vertigem), de Hitchcock, no sentido de que estamos nos apaixonando por algo que não existe. Do mesmo jeito em que no filme Jimmy Stewart se apaixona por uma loira que não era loira, nós também nos apaixonamos por uma internet que tem algo de “social”, mas que não é realmente social. É exatamente o oposto. Vertigem digital também é a sensação de desorientação, resultado das atualizações em tempo real no Facebook e no Twitter.

Qual é o problema das redes sociais?
Ao viver mais e mais em público nas redes sociais, estamos enfraquecendo nosso lado humano, banalizando nosso eu interior, transformando nossos sentimentos e emoções em mercadorias. Quanto mais nos expomos publicamente, mais narcisistas nos tornamos. Como (Michel) Foucault argumentou, a visibilidade é uma armadilha. E em nossa era de hipervisibilidade, ela é uma hiperarmadilha. CONTINUA!