27.04.2012
Obra
de Belo Monte Foto: Greenpeace
Versão
em português da entrevista sobre Belo
Monte e a Rio+20
concedida ao jornalista Mauro
Villone, do jornal La
Stampa, Itália.
Mauro Villone: Qual é a situação real atual do projeto da barragem? A
que ponto estão os trabalhos?
Telma Monteiro: Belo Monte já é uma grande cicatriz sangrando na Amazônia. As obras já
vão avançadas invadindo o leito do rio Xingu e imagens mostram árvores inteiras
e fragmentos de vegetação sendo arrastados pela correnteza, o rio turvo tingido
pela terra removida das margens. Neste momento estão sendo construidas as
ensecadeiras que permitirão secar uma parte dor rio para fazer a barragem.
Também estão sendo feitas as escavações na rocha para abrir 20 quilômetros de
canais que vão desviar grande parte das águas do Xingu para um reservatório
artificial. Ás águas desse reservatório artificial, contidas por dezenas de
diques no meio da floresta, vão fazer funcionar as turbinas da casa de força
principal. Este momento das obras é devastador para o rio que sofre com as
interferências no seu fluxo. É agora que as grandes máquinas escavadeiras
revolvem a terra para construir uma espécie de passagem dentro do rio Xingu; é
quando as árvores são derrubadas para dar lugar à destruição com sérias
consequências para a fauna e a flora. Outra grande interferência diz respeito
ao que chamam de "bota fora" ou seja, todo o material que é escavado, terra e
pedras, têm que ser depositados em algum lugar na região; o trânsito de
caminhões e a poluição aumentam os riscos para aqueles que moram nas comunidades
próximas. Neste momento a face da Volta Grande do Xingu está sendo alterada para
sempre. Continua
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