sexta-feira, 20 de abril de 2012
Pesquisa avalia o impacto de excesso de barragens na Amazônia
JC e-mail 4480, de 19 de Abril de 2012.
Pesquisa avalia o impacto de excesso de barragens na Amazônia
Estão previstos 150 novos barramentos de rio, sendo que 50% serão de alto impacto ambiental e 80% causarão perdas de florestas.
Uma das regiões de maior biodiversidade do planeta, a Amazônia está sofrendo grande pressão por conta da construção de hidrelétricas. Estudo publicado nesta quarta-feira (18) na revista "PLoS ONE" revela que há projetos para 150 novas barragens nos seis maiores rios que conectam os Andes à Amazônia. Isto representa um aumento de 300% em relação às já existentes em uma área que se espalha por cinco países: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador e Peru.
De acordo com a pesquisa, cujos autores principais são Matt Finer (das ONGs Salve as Florestas da América e Centro para Leis Internacionais de Meio Ambiente) e Clinton Jenkins (da Universidade da Carolina do Norte), mais da metade das barragens seriam para grandes usinas, com capacidade superior a 100 megawatts. Cerca de 40% dos projetos já estão em estado avançado.
Ao analisar cada um dos 150 projetos, os pesquisadores observaram que 60% deles provocariam, em muitos rios, quebra da conectividade entre as cabeceiras protegidas dos Andes e as planícies da Amazônia. Além disso, 80% das barragens propostas vão provocar perda de florestas. Pelo menos 50% destas novas construções foram consideradas de alto impacto ambiental e somente 19%, de baixo.
"As cinco barragens de maior impacto ambiental estão associadas ao acordo energético entre Peru e Brasil (Inambari, Mainique, Paquitzapango, Tambo 40 e Tambo 60), por causa da fragmentação do rio e da necessidade de construção de estradas, linhas de transmissão e de infraestrutura", destacou Finer.
Os Andes fornecem a maioria dos sedimentos, nutrientes e matéria orgânica para a Amazônia. Muitas espécies de peixes amazônicos desovam em rios que dependem da influência andina, incluindo os que migram para as cabeceiras. "A energia hidrelétrica pode ser boa se houver um planejamento estratégico", ressaltou Finer. "Recomendamos que as barragens de baixo impacto sejam priorizadas, e as de alto, eliminadas, com cuidadosa reconsideração em relação às de médio impacto. Além disso, é preciso evitar a perda da conexão entre os Andes e a Amazônia".
Para o geólogo Albano Araújo, coordenador de Conservação de Água Doce da ONG The Nature Conservancy (TNC), a construção de barragens é a principal ameaça não apenas à Amazônia, mas também ao Pantanal. Ele participou de uma pesquisa publicada em fevereiro que avaliou os riscos ecológicos na bacia do Rio Paraguai.
"A barragem quebra a conectividade ao longo do rio e a chamada conectividade lateral. A variação entre seca e cheia cria áreas que inundam regularmente. Vários processos ecológicos na Amazônia dependem desta inundação sazonal", explicou. "É necessário levar em conta a questão ecológica para decidir se há ou não barragens. E os impactos podem ser minimizados na construção e na operação".
Ainda é necessário realizar mais estudos para entender melhor as consequências ambientais de barragens, ressalta Jenkis. "A interrupção da conexão entre entre os Andes e as planícies da Amazônia é muito importante. Ainda há muitas incertezas porque ainda é um sistema pouco estudado. O impacto total das barragens propostas ainda não é conhecido, mas isto deveria ser determinado antes da construção delas, e não depois, quando será tarde demais", ressaltou Jenkis.
(O Globo)
Comentário básico:
tenho de concordar
com a Didi:
perdemos o pé
da involução humana.
Adelidia Chiarelli
Pesquisa avalia o impacto de excesso de barragens na Amazônia
Estão previstos 150 novos barramentos de rio, sendo que 50% serão de alto impacto ambiental e 80% causarão perdas de florestas.
Uma das regiões de maior biodiversidade do planeta, a Amazônia está sofrendo grande pressão por conta da construção de hidrelétricas. Estudo publicado nesta quarta-feira (18) na revista "PLoS ONE" revela que há projetos para 150 novas barragens nos seis maiores rios que conectam os Andes à Amazônia. Isto representa um aumento de 300% em relação às já existentes em uma área que se espalha por cinco países: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador e Peru.
De acordo com a pesquisa, cujos autores principais são Matt Finer (das ONGs Salve as Florestas da América e Centro para Leis Internacionais de Meio Ambiente) e Clinton Jenkins (da Universidade da Carolina do Norte), mais da metade das barragens seriam para grandes usinas, com capacidade superior a 100 megawatts. Cerca de 40% dos projetos já estão em estado avançado.
Ao analisar cada um dos 150 projetos, os pesquisadores observaram que 60% deles provocariam, em muitos rios, quebra da conectividade entre as cabeceiras protegidas dos Andes e as planícies da Amazônia. Além disso, 80% das barragens propostas vão provocar perda de florestas. Pelo menos 50% destas novas construções foram consideradas de alto impacto ambiental e somente 19%, de baixo.
"As cinco barragens de maior impacto ambiental estão associadas ao acordo energético entre Peru e Brasil (Inambari, Mainique, Paquitzapango, Tambo 40 e Tambo 60), por causa da fragmentação do rio e da necessidade de construção de estradas, linhas de transmissão e de infraestrutura", destacou Finer.
Os Andes fornecem a maioria dos sedimentos, nutrientes e matéria orgânica para a Amazônia. Muitas espécies de peixes amazônicos desovam em rios que dependem da influência andina, incluindo os que migram para as cabeceiras. "A energia hidrelétrica pode ser boa se houver um planejamento estratégico", ressaltou Finer. "Recomendamos que as barragens de baixo impacto sejam priorizadas, e as de alto, eliminadas, com cuidadosa reconsideração em relação às de médio impacto. Além disso, é preciso evitar a perda da conexão entre os Andes e a Amazônia".
Para o geólogo Albano Araújo, coordenador de Conservação de Água Doce da ONG The Nature Conservancy (TNC), a construção de barragens é a principal ameaça não apenas à Amazônia, mas também ao Pantanal. Ele participou de uma pesquisa publicada em fevereiro que avaliou os riscos ecológicos na bacia do Rio Paraguai.
"A barragem quebra a conectividade ao longo do rio e a chamada conectividade lateral. A variação entre seca e cheia cria áreas que inundam regularmente. Vários processos ecológicos na Amazônia dependem desta inundação sazonal", explicou. "É necessário levar em conta a questão ecológica para decidir se há ou não barragens. E os impactos podem ser minimizados na construção e na operação".
Ainda é necessário realizar mais estudos para entender melhor as consequências ambientais de barragens, ressalta Jenkis. "A interrupção da conexão entre entre os Andes e as planícies da Amazônia é muito importante. Ainda há muitas incertezas porque ainda é um sistema pouco estudado. O impacto total das barragens propostas ainda não é conhecido, mas isto deveria ser determinado antes da construção delas, e não depois, quando será tarde demais", ressaltou Jenkis.
(O Globo)
Comentário básico:
tenho de concordar
com a Didi:
perdemos o pé
da involução humana.
Adelidia Chiarelli