quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Depois de quase dois anos, vítimas do césio 137 voltam a receber remédios e pedem assistência médica para todos

Via EcoDebate
Por Joseana Paganine, do Jornal do Senado / Agência Senado
26.09.2012

Vítimas do césio 137 pedem ampliação da assistência médica

Em falta há quase dois anos, os remédios para as 60 vítimas diretas do césio 137 contaminadas há 25 anos em Goiânia, voltam a ser distribuídos este mês. Mas a associação das vítimas quer atendimento médico para todos os mil cadastrados no Centro de Assistência aos Radioacidentados (Cara), que pertence à Secretaria da Saúde do Estado de Goiás.

O fato, que ficou conhecido como o acidente do césio 137, ocorreu no dia 13 de setembro de 1987, quando uma cápsula contendo um pó que emitia luz azul brilhante foi aberta, de modo desavisado, por catadores de material reciclável em Goiânia. O brilho azulado encantou trabalhadores e familiares. Logo se espalhou também pela vizinhança. Em pouco tempo, as pessoas começaram a se sentir mal. Consultada a Vigilância Sanitária, foi constatado que a substância era o elemento químico césio 137, altamente radioativo.

Ainda hoje, o episódio se faz presente na vida dos acidentados e na memória da cidade. Vinte e cinco anos depois, as vítimas reivindicam assistência médica adequada, ressarcimento financeiro e pesquisa científica sobre as consequências da radiação a longo prazo. É o que pede Odesson Alves Ferreira, presidente da Associação das Vítimas do Césio 137 (AVCésio).

Odesson teve um dedo da mão direita amputado e outro da mão esquerda atrofiado por causa do contato com a substância. Era caminhoneiro e motorista de ônibus. Foi obrigado a se aposentar aos 32 anos. É irmão de Devair Ferreira, dono do ferro-velho onde a cápsula foi aberta, e de Ivo Ferreira, também contaminado.

Ele reclama que o Centro de Assistência aos Radioacidentados não vem cumprindo a função. O centro possui cerca de mil cadastrados, mas só 164 pessoas são acompanhadas pela instituição. Dessas, 60 são vítimas diretas do césio e devem receber medicamentos, mas isso não acontece desde novembro de 2010. O restante dos cadastrados não tem direito a assistência médica, apenas a ajuda financeira, no valor de um salário mínimo.

— O centro só existe porque existem os radioacidentados que precisam de assistência. Se ele não dá assistência, não precisa existir. Todos os envolvidos no acidente deveriam ter acompanhamento médico — reclama Odesson. CONTINUA!