domingo, 2 de setembro de 2012
O Mensalão e a torre de marfim, por Ruy Fabiano
Via blog do Noblat
Por Ruy Fabiano
01.09.2012
Não há quem não tenha se surpreendido com os rumos que vem tomando o julgamento do Mensalão. O país, até aqui, estava acostumado à inimputabilidade de seus políticos. Podiam ser cassados no seu próprio âmbito, mas jamais no Judiciário.
O próprio Fernando Collor, levado ao impeachment pelo Senado, safou-se no Supremo Tribunal Federal por 5 a 3. Não houve, naquela ocasião, nenhuma surpresa: até então, o STF jamais havia condenado um político. E prosseguiu assim até aqui.
Nesse contexto, não causou qualquer estranheza a descrença popular quanto ao Mensalão. Mais ainda pelo fato de se terem passado, entre a denúncia pública e o julgamento, nada menos que sete anos.
No mundo jurídico, muitos dizem que isso é normal. Mas Collor foi julgado – e absolvido - pelo STF em 1994, dois anos após a CPI que gerou o seu impeachment. A opinião pública não se revoltou com a absolvição. Contentou-se com o impeachment.
No caso do Mensalão, poderia ter ocorrido o mesmo. Afinal, a CPI gerou também cassações, inclusive a do assim considerado mentor do processo, o ex-ministro José Dirceu, apeado da Casa Civil e despojado de seu mandato de deputado federal.
Por que, porém, isso não ocorreu? Há aí uma conjunção de fatores, entre os quais uma maior conscientização quanto à necessidade de se ir adiante. Collor, ao perder o mandato, viu-se banido da vida pública por oito anos, como impõe a lei, e saiu de cena por todo aquele período.
O mesmo não se deu com a maioria dos protagonistas do Mensalão. José Dirceu tornou-se um próspero consultor de empresas (mesmo sem jamais ter sido empresário) e continuou a ser, depois de Lula, o mais influente líder de seu partido.
João Paulo Cunha, absolvido pelo plenário da Câmara, reelegeu-se deputado e foi designado pelo PT para presidir nada menos que a Comissão de Constituição e Justiça. José Genoíno tornou-se assessor especial do Ministério da Defesa.
Leia a íntegra em O Mensalão e a torre de marfim
Por Ruy Fabiano
01.09.2012
Não há quem não tenha se surpreendido com os rumos que vem tomando o julgamento do Mensalão. O país, até aqui, estava acostumado à inimputabilidade de seus políticos. Podiam ser cassados no seu próprio âmbito, mas jamais no Judiciário.
O próprio Fernando Collor, levado ao impeachment pelo Senado, safou-se no Supremo Tribunal Federal por 5 a 3. Não houve, naquela ocasião, nenhuma surpresa: até então, o STF jamais havia condenado um político. E prosseguiu assim até aqui.
Nesse contexto, não causou qualquer estranheza a descrença popular quanto ao Mensalão. Mais ainda pelo fato de se terem passado, entre a denúncia pública e o julgamento, nada menos que sete anos.
No mundo jurídico, muitos dizem que isso é normal. Mas Collor foi julgado – e absolvido - pelo STF em 1994, dois anos após a CPI que gerou o seu impeachment. A opinião pública não se revoltou com a absolvição. Contentou-se com o impeachment.
No caso do Mensalão, poderia ter ocorrido o mesmo. Afinal, a CPI gerou também cassações, inclusive a do assim considerado mentor do processo, o ex-ministro José Dirceu, apeado da Casa Civil e despojado de seu mandato de deputado federal.
Por que, porém, isso não ocorreu? Há aí uma conjunção de fatores, entre os quais uma maior conscientização quanto à necessidade de se ir adiante. Collor, ao perder o mandato, viu-se banido da vida pública por oito anos, como impõe a lei, e saiu de cena por todo aquele período.
O mesmo não se deu com a maioria dos protagonistas do Mensalão. José Dirceu tornou-se um próspero consultor de empresas (mesmo sem jamais ter sido empresário) e continuou a ser, depois de Lula, o mais influente líder de seu partido.
João Paulo Cunha, absolvido pelo plenário da Câmara, reelegeu-se deputado e foi designado pelo PT para presidir nada menos que a Comissão de Constituição e Justiça. José Genoíno tornou-se assessor especial do Ministério da Defesa.
Leia a íntegra em O Mensalão e a torre de marfim