domingo, 9 de setembro de 2012

Novas práticas, por Merval Pereira

Via blog do Noblat
08.09.2012

O Globo

O julgamento do mensalão está provocando na opinião pública um debate que até bem pouco não se considerava possível, dentro da tradição brasileira de leniência com a corrupção pública.

É verdade que não houve mobilização para grandes manifestações nas ruas das principais capitais do país, e nem mesmo em Brasília houve a movimentação que se esperava, a ponto de o Supremo Tribunal Federal ter contratado segurança particular reforçada.

Mas também o mensalão não virou “piada de salão”, como está prestes a descobrir na própria pele o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que fez essa previsão anos atrás, quando se considerava inalcançável pela Justiça brasileira.

A repercussão de suas consequências já se faz sentir tanto nas redes sociais, que escolheram o ministro relator Joaquim Barbosa como seu herói, quanto nas pesquisas eleitorais que estão mostrando a perda de substância política do PT em áreas onde sempre foi bem votado ultimamente, como o Nordeste.

As capitais do país, onde a classe média tem mais peso, estão até o momento rejeitando os candidatos petistas, mesmo que o tema mensalão não tenha entrado com toda força nas campanhas eleitorais e que se saiba que questões locais têm grande influência nas eleições municipais.

O ex-presidente Lula tinha razão quando tentou, ultrapassando todas as margens de segurança e civilidade democrática, adiar o julgamento para depois das eleições. Ele sabia que a combinação dos dois não faria bem à saúde do PT, muito embora os demais partidos também tenham suas culpas parecidas.

O problema do PT é que o julgamento dos políticos do DEM e do PSDB envolvidos em mensalões semelhantes em Brasília e em Minas não está sendo realizado neste momento.

No entanto, a jurisprudência que está sendo criada pelo Supremo Tribunal Federal certamente levará a que os próximos julgamentos desse tipo de crime ocorram sob critérios mais rigorosos do que, por exemplo, aquele que liberou o ex-presidente Collor de Mello.

Leia a íntegra em Novas práticas