sexta-feira, 30 de novembro de 2012
O fracasso de Kyoto
JC e-mail 4633, de 29 de Novembro de 2012.
O fracasso de Kyoto
Série de artigos publicados na revista Nature aponta que o protocolo internacional criado para combater o aquecimento global falhou. Além de não ter sido possível implementar um mercado de carbono eficiente, as emissões de gases do efeito estufa aumentaram nos últimos anos.
"O aquecedor está ligado." A frase estampada na capa da edição de hoje da revista Nature anuncia, com base em uma série de artigos, o fracasso do Protocolo de Kyoto em conseguir reduzir as emissões globais de gases causadores do efeito estufa, apesar de todo o esforço empregado em sucessivas reuniões de cúpula dedicadas ao tema. O alerta de uma das mais respeitadas publicações científicas do mundo é feito no momento em que, mais uma vez, líderes políticos tentam chegar a um acordo para prorrogar a validade do protocolo, previsto para expirar no próximo mês, durante a 18ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP18), em Doha, no Catar.
Segundo Dieter Helm, professor de Políticas Energéticas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, embora o principal alvo de Kyoto tenha sido reduzir os níveis de CO2 e demais gases que agravam o aquecimento global, as emissões permanecem em uma curva ascendente. "Elas passaram de quase 2 partes por milhão (ppm) por ano, no início de 1990, para quase 3ppm atualmente", informa o especialista, para quem a situação deve piorar ainda mais.
"O grande problema de Kyoto é que ele leva em consideração apenas a produção de carbono, e não a emissão", afirma o britânico. A distorção nos cálculos favorece o lançamento de uma quantidade maior de carbono na atmosfera. "O aquecimento global não leva em conta as fronteiras nacionais. Se um consumidor dos Estados Unidos compra um carro, pouco importa se o aço dentro dele é feito lá ou na China", prossegue. "A diferença entre a produção de carbono e o consumo de carbono não é trivial. Veja o Reino Unido: de 1990 a 2005, a sua produção de carbono caiu cerca de 15%, mas o consumo subiu aproximadamente 19%, quando se leva em conta o carbono embutido nas importações." O que ocorreu, portanto, segundo o especialista, foi uma transferência das emissões, desvirtuando a intenção do protocolo.
Se o atual acordo é falho, a elaboração de um substituto é ainda mais problemática. "Na COP de Durban, em dezembro de 2011, o máximo que se conseguiu foi que os países participantes concordassem que até 2015 haverá um acordo sobre o que eles podem fazer depois de 2020", lamenta o britânico.
Mercado - Outro aspecto do protocolo que falhou em seus objetivos e deve criar um panorama tenebroso para o mundo nos próximos anos é o mercado global de carbono. Segundo o que foi projetado em 1997, os países poderiam colocar um preço nas emissões - ou em seus cortes - e negociá-las entre si. Até o início dos anos 2000, o mercado estava prestes a se tornar uma realidade, mas uma sequência de acontecimentos minou o projeto.
O primeiro deles foi a eleição de George W. Bush, um forte crítico do protocolo, que presidiu os EUA entre 2001 e 2009. Contudo, outros fatores, além da resistência da maior economia e maior poluidor do mundo, outros pontos contribuíram para o fracasso. "A crise de crédito colocou instrumentos de negociação complexos em descrédito. A European Union Emissions Trading Scheme (EU ETS) se viu envolta em escândalos, como o roubo de licenças de emissão e fraudes fiscais", enumera Michael Grubb, pesquisador da Universidade de Cambridge, também no Reino Unido. Assim, questões financeiras e políticas formaram um gargalo para o crescimento do mercado mesmo na Europa, região que tem se mostrado mais flexível à adoção de mecanismos de redução das emissões.
Em um dos artigos que compõem o especial da Nature, Grubb explica que, embora a questão tenha ganhado novo fôlego nos EUA, no período pós-Bush, a crise econômica atuou como freio na região. "Criou-se o consenso de que os Estados Unidos não teriam estômago para precificação do carbono - o público nunca aceitaria uma tributação", conta. Sem um mercado grande, o comércio de carbono viu seus preços despencarem. Atualmente, o certificado para emissão de 1t de carbono custa tão pouco que é mais barato pagar por ele do que investir em tecnologias verdes.
Apesar do pessimismo generalizado, Grubb elenca três passos necessários para colocar as medidas de combate às mudanças climáticas de volta nos trilhos. O primeiro seria a inclusão dos Estados Unidos nos esforços globais para a redução das mudanças climáticas. Outro ponto seria o fortalecimento do comércio global de carbono. Por fim, o britânico defende que as nações mais pobres passem a investir em economia verde. "Os países em desenvolvimento devem parar de apontar a responsabilidade das mudanças climáticas para os países ricos e focar seu desenvolvimento em tecnologias limpas", completa.
Polêmica - A adoção de metas por países em desenvolvimento é uma das questões mais polêmicas das negociações ambientais. Os países desenvolvidos afirmam que a fatura ambiental deve ser paga por todos, independentemente da condição econômica. Por outro lado, o grupo de países em desenvolvimento, liderados pelo Brasil, defende que a questão da pobreza seja levada em consideração. Segundo o grupo, os países ricos devem focar a solução do problema ambiental, enquanto os emergentes precisam se desenvolver e retirar sua população da miséria.
(Correio Braziliense)
Mapa da Violência: professor alerta para 'pandemia' de mortes de jovens negros
Via Agência Brasil
Por Thais Leitão
20.11.2012
Brasília – As mortes por assassinato de jovens negros no país são, proporcionalmente, duas vezes e meia maior do que entre os jovens brancos. Em 2010, o índice de mortes violentas de jovens negros foi de 72, para cada 100 mil habitantes; enquanto entre os jovens brancos foi de 28,3 por 100 mil habitantes. A evolução do índice em oito anos também foi desfavorável para o jovem negro. Na comparação com os números de 2002, a taxa de homicídio de jovens brancos caiu (era 40,6 por 100 mil habitantes). Já entre os jovens negros o índice subiu (era 69,6 por 100 mil habitantes).
Os dados fazem parte do Mapa da Violência 2012: A Cor dos Homicídios no Brasil, divulgado hoje (29) em Brasília, pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela), a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir).
De acordo com o professor Julio Jacobo, responsável pelo estudo, os dados são “alarmantes” e representam uma “pandemia de mortes de jovens negros”. Entre os fatores que levam a esse panorama, ele cita a “cultura da violência” - tanto institucional como doméstica, e a impunidade. Segundo o professor, em apenas 4% dos casos de homicídios no Brasil, os responsáveis vão para a cadeia.
“O estudo confirma que o polo de violência no país são os jovens negros e não é por casualidade. Temos no país uma cultura que justifica a existência da violência em várias instâncias. O Estado e as famílias toleram a violência e é essa cultura que faz com que ela se torne corriqueira, que qualquer conflito seja resolvido matando o próximo”, disse Jacobo.
O professor defende políticas públicas mais amplas e integradas para atacar a questão, principalmente na área da educação. “Há no país cerca de 8 milhões de jovens negros que não estudam nem trabalham. As políticas públicas de incorporação dessa parcela da população são fundamentais para reverter o quadro”.
Ainda segundo o estudo, a situação mais grave é observada em oito estados, onde a morte de jovens negros ultrapassa a marca de 100 homicídios para cada 100 mil habitantes. São eles: Alagoas, Espírito Santo, Paraíba, Pernambuco, Mato Grosso, Distrito Federal, Bahia e Pará. A análise por municípios é ainda mais preocupante: em Simões Filho, na Bahia, e em Ananindeua, no Pará, são registrados 400 homicídios de jovens negros por 100 mil habitantes.
O professor enfatizou que as taxas de assassinato entre a população negra no Brasil são superiores às de muitas regiões que enfrentam conflitos armados. Jacobo também comparou a situação brasileira à de países desenvolvidos, como Alemanha, Holanda, França, Polônia e Inglaterra, onde a taxa de homicídio é 0,5 jovem para cada 100 mil habitantes.
“Para cada jovem que morre assassinado nesses países, morrem 106 jovens e 144 jovens negros no Brasil. Se compararmos com a Bahia, são 205 jovens negros para cada morte naqueles países; e no município baiano de Simões Filho, que tem o pior índice brasileiro, são 912 mortes de jovens negros para cada assassinato de jovem”, disse.
O secretário-executivo da Seppir, Mário Lisboa Theodoro, enfatizou que o governo federal tem intensificado as ações para enfrentar o problema que classificou de “crucial”. Ele lembrou que foi lançado em setembro, em Alagoas, o projeto Juventude Viva, para enfrentar o crescente número de homicídios entre jovens negros de todo o país. A iniciativa prevê aulas em período integral nas escolas estaduais, a criação de espaços culturais em territórios violentos e o estímulo ao empreendedorismo juvenil, associado à economia solidária.
O Juventude Viva é a primeira etapa de uma ação mais ampla – o Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra. A meta do governo é expandir o programa no primeiro semestre de 2013 para mais cinco unidades federativas: Paraíba, Espírito Santo, Distrito Federal, Bahia e Rio Grande do Sul.
“O objetivo é garantir um conjunto de serviços às comunidades onde esses jovens residem, como infraestrutura, além de fornecer oportunidade de estudo e de ocupação para eles, aproveitando inclusive os eventos esportivos que o Brasil vai sediar, como a Copa do Mundo”, disse Theodoro.
Edição: Denise Griesinger
Por Thais Leitão
20.11.2012
Brasília – As mortes por assassinato de jovens negros no país são, proporcionalmente, duas vezes e meia maior do que entre os jovens brancos. Em 2010, o índice de mortes violentas de jovens negros foi de 72, para cada 100 mil habitantes; enquanto entre os jovens brancos foi de 28,3 por 100 mil habitantes. A evolução do índice em oito anos também foi desfavorável para o jovem negro. Na comparação com os números de 2002, a taxa de homicídio de jovens brancos caiu (era 40,6 por 100 mil habitantes). Já entre os jovens negros o índice subiu (era 69,6 por 100 mil habitantes).
Os dados fazem parte do Mapa da Violência 2012: A Cor dos Homicídios no Brasil, divulgado hoje (29) em Brasília, pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela), a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir).
De acordo com o professor Julio Jacobo, responsável pelo estudo, os dados são “alarmantes” e representam uma “pandemia de mortes de jovens negros”. Entre os fatores que levam a esse panorama, ele cita a “cultura da violência” - tanto institucional como doméstica, e a impunidade. Segundo o professor, em apenas 4% dos casos de homicídios no Brasil, os responsáveis vão para a cadeia.
“O estudo confirma que o polo de violência no país são os jovens negros e não é por casualidade. Temos no país uma cultura que justifica a existência da violência em várias instâncias. O Estado e as famílias toleram a violência e é essa cultura que faz com que ela se torne corriqueira, que qualquer conflito seja resolvido matando o próximo”, disse Jacobo.
O professor defende políticas públicas mais amplas e integradas para atacar a questão, principalmente na área da educação. “Há no país cerca de 8 milhões de jovens negros que não estudam nem trabalham. As políticas públicas de incorporação dessa parcela da população são fundamentais para reverter o quadro”.
Ainda segundo o estudo, a situação mais grave é observada em oito estados, onde a morte de jovens negros ultrapassa a marca de 100 homicídios para cada 100 mil habitantes. São eles: Alagoas, Espírito Santo, Paraíba, Pernambuco, Mato Grosso, Distrito Federal, Bahia e Pará. A análise por municípios é ainda mais preocupante: em Simões Filho, na Bahia, e em Ananindeua, no Pará, são registrados 400 homicídios de jovens negros por 100 mil habitantes.
O professor enfatizou que as taxas de assassinato entre a população negra no Brasil são superiores às de muitas regiões que enfrentam conflitos armados. Jacobo também comparou a situação brasileira à de países desenvolvidos, como Alemanha, Holanda, França, Polônia e Inglaterra, onde a taxa de homicídio é 0,5 jovem para cada 100 mil habitantes.
“Para cada jovem que morre assassinado nesses países, morrem 106 jovens e 144 jovens negros no Brasil. Se compararmos com a Bahia, são 205 jovens negros para cada morte naqueles países; e no município baiano de Simões Filho, que tem o pior índice brasileiro, são 912 mortes de jovens negros para cada assassinato de jovem”, disse.
O secretário-executivo da Seppir, Mário Lisboa Theodoro, enfatizou que o governo federal tem intensificado as ações para enfrentar o problema que classificou de “crucial”. Ele lembrou que foi lançado em setembro, em Alagoas, o projeto Juventude Viva, para enfrentar o crescente número de homicídios entre jovens negros de todo o país. A iniciativa prevê aulas em período integral nas escolas estaduais, a criação de espaços culturais em territórios violentos e o estímulo ao empreendedorismo juvenil, associado à economia solidária.
O Juventude Viva é a primeira etapa de uma ação mais ampla – o Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra. A meta do governo é expandir o programa no primeiro semestre de 2013 para mais cinco unidades federativas: Paraíba, Espírito Santo, Distrito Federal, Bahia e Rio Grande do Sul.
“O objetivo é garantir um conjunto de serviços às comunidades onde esses jovens residem, como infraestrutura, além de fornecer oportunidade de estudo e de ocupação para eles, aproveitando inclusive os eventos esportivos que o Brasil vai sediar, como a Copa do Mundo”, disse Theodoro.
Edição: Denise Griesinger
Especialistas rejeitam PL que cria empresa pública para gerir o patrimônio genético
JC e-mail 4633, de 29 de Novembro de 2012.
Especialistas rejeitam PL que cria empresa pública para gerir o patrimônio genético
Cientistas e ambientalistas rejeitam a criação de uma empresa estatal para controlar o licenciamento das pesquisas nos biomas brasileiros e monopolizar as patentes originadas de pesquisas da biodiversidade do País, prevista no Projeto de Lei do Senado Federal (PLS) de nº 440/11.
De autoria do senador Sérgio Souza (PMDB-PR), a estatal denominada de Emgebio, inicialmente se chamaria Biobras, ou seja, seria uma espécie de Petrobras que cuidaria da exploração da biodiversidade nacional.
Na opinião da bióloga Rute Andrade, representante da comunidade científica no Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN), o PL 440 representa uma "aventura inconstitucional". "Esse projeto desconsidera tudo o que foi feito, até hoje, em termos de pesquisa em biodiversidade, de acordos internacionais do Brasil e da legislação vigente", critica Rute, que também é secretária-geral da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). "O projeto não leva em conta o quanto se lutou, se trabalhou e se conquistou no tocante à regulação que permeia esta atividade realizada pelas instituições públicas de pesquisa e ensino."
Na última terça-feira (27), a SBPC havia encaminhado uma carta à presidência do Senado alertando sobre o risco da criação dessa estatal. O documento (disponível em http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=85122) foi lido por cientistas, durante a audiência pública realizada ontem (28) na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT), que tratou da criação da Emgebio.
Marco legal eficiente - Para Rute, em vez de criar uma empresa para gerir o licenciamento do patrimônio genético nacional, o que é necessário é a construção de um marco legal "inteligente e eficiente", capaz de estimular o conhecimento da biodiversidade pela pesquisa científica e, assim, "propiciar eficiência na preservação e conservação de nossa biodiversidade". Na prática, ela defende o aperfeiçoamento da Medida Provisória (MP) nº 2.186-16, em vigor desde 2011, e que essa legislação seja transformada lei.
Reforçando tal posição, o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Adalberto Luis Val, defende a evolução da legislação nacional sobre o acesso ao patrimônio genético. "Precisamos fazer uma revisão de todos os marcos legais, para que eles evoluam e atendam definitivamente, de forma adequada, as necessidades da ciência no cenário que temos hoje", diz.
Para o diretor do Inpa, o PL 440 vai contribuir mais para inibir a pesquisa científica do que resolver os problemas internos dessa área. Segundo Val, não adianta ficar preocupado em "colocar uma cerca em torno de nossos biomas acreditando que o conhecimento do patrimônio genético nacional não será explorado (pelos estrangeiros). Isso porque, para os animais não existem fronteiras entres os países. "Os peixes, por exemplo, fazem migrações sem respeitar territórios nacionais, os pássaros vão continuar voando de um país para outro; e a andorinha vai continuar indo e vindo do Canadá para o Brasil", exemplificou.
Combate à biopirataria - Também contrário ao desenvolvimento da Emgebio, o físico Ennio Candotti, diretor do Museu da Amazônia, considera que os únicos instrumentos capazes de proteger o patrimônio genético nacional são investimentos em pesquisa científica, que pode "tirar proveito do laboratório natural do Brasil antes de outros laboratórios naturais de outros países".
Em referência a uma das alegações do autor do PL 440, de defender a criação da Emgebio para o combate à biopirataria, Candotti afirmou: "Uma empresa que teria o controle das pesquisas e o monopólio das patentes não conseguiria realizar isso sem o propósito de proteger os interesses nacionais, que só podem ser protegidos pelo avanço da pesquisa científica". "A única forma de protegermos a biodiversidade nos nossos biomas é investir fortemente em ciência e tecnologia para podermos chegar primeiro (no conhecimento) e ter o domínio sobre todas as informações da nossa biodiversidade", diz Candotti, também vice-presidente da SBPC.
Por possuir uma enorme biodiversidade, o Brasil é alvo constante da biopirataria. Segundo informações da organização não governamental Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres, divulgadas na imprensa, cerca de 38 milhões de animais da Amazônia, mata Atlântica, das planícies inundadas do Pantanal e da região semiárida do Nordeste são capturados e vendidos ilegalmente, o que rende cerca de US$ 1 bilhão por ano.
(Viviane Monteiro - Jornal da Ciência)
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
SBPC encaminha carta aos senadores sobre PL que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
JC e-mail 4633, de 29 de Novembro de 2012.
SBPC encaminha carta aos senadores sobre PL que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Leia o documento encaminhado aos senadores sobre o projeto que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação para dispor sobre a revalidação e o reconhecimento automático de diplomas oriundos de cursos de instituições de ensino superior estrangeiras de reconhecida excelência acadêmica.
Senhor Senador,
O PLS 399 de 2011, de autoria do Senador Roberto Requião, que "Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), para dispor sobre a revalidação e o reconhecimento automático de diplomas oriundos de cursos de instituições de ensino superior estrangeiras de reconhecida excelência acadêmica", está na pauta da reunião de hoje da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). Antes da votação da matéria, solicitamos aos senhores que observem e considerem alguns pontos do projeto que merecem reflexão e debate mais aprofundados.
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Academia Brasileira de Ciências (ABC), entidades e instituições ligadas à educação e à ciência e tecnologia já se manifestaram anteriormente quanto à aprovação dessa legislação. A revalidação de diplomas tanto da graduação quanto da pós-graduação deve obrigatoriamente seguir o mesmo rigor que é usado para a avaliação dos nossos graduandos e pós-graduandos.
Gostaríamos mais uma vez de relembrar aos senhores Senadores que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) há mais de quatro décadas, avalia, individualmente, a solicitação para abertura de cada Programa de Pós-Graduação em nosso país, bem como a evolução de desempenho trienal de cada um dos programas em andamento, tanto no nível de Mestrado quanto de Doutorado. Aqueles que não atendem ao padrão de qualidade exigido não têm aprovação para iniciar ou manter suas atividades. Assim, a nota mínima requerida para o curso de Mestrado é três, e quatro para o de Doutorado, em uma escala que varia de zero a sete. Em função desse padrão de qualidade, o Brasil atingiu patamar importante na ciência mundial, sendo responsável por 2,7% das publicações científicas indexadas em bases internacionais (JCR e Scopus), ocupando a 13ª posição no ranking mundial. Ainda, o Brasil é responsável por 60% da produção científica da América Latina. Nossos estudantes desenvolvem trabalhos originais tanto em suas dissertações de Mestrado quanto em suas teses de Doutorado.
O mesmo racional é válido para os cursos de graduação. Nossos estudantes realizam exames elaborados pelo Ministério da Educação que avaliam seu desenvolvimento de aprendizagem ao longo da sua formação universitária. As universidades por sua vez também respondem a esta e outras avaliações para poderem continuar suas atividades, e com isso garantir a qualidade do sistema universitário.
Salientamos, portanto, que os processos de revalidação de cursos de graduação e de pós-graduação realizados no exterior devam atender aos padrões de qualidade adotados no Brasil. A aprovação dessa legislação, hipótese que esperamos ser descartada, representará um desrespeito para com a sociedade brasileira, que por décadas busca, num esforço coletivo, alcançar excelência em sua educação superior.
Certos de contar com a atenção dos Senhores Senadores, apresentamos respeitosas saudações.
Atenciosamente,
Helena Bonciani Nader
Presidente
SBPC
Jacob Palis
Presidente
ABC
Avalista do silêncio, por Dora Kramer
Via blog do Noblat
28.11.2012
Dora Kramer, O Estado de S.Paulo
Nessa altura pouco importa se o ex-presidente Lula sabia ou não sabia se a amiga Rosemary Noronha fazia e acontecia nos escaninhos da administração pública.
A versão de que se sente "apunhalado pelas costas", repetindo a fórmula de escape - "fui traído" - adotada no caso do mensalão, fala por si em matéria de descrédito.
O importante é que se saiba como, quando, onde, por que, qual a extensão e a dimensão das ligações, sob a proteção de quem atuava a quadrilha da venda de pareceres descoberta pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro.
Demissões, pentes-finos em contratos, extinção de cargos, tudo isso é bom e necessário. Mas é insuficiente e ainda soa algo artificial quando se vê o governo preocupado com o estado de nervos da ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo.
Ela perdeu o emprego, as sinecuras da família, tem a vida devassada, não recebeu das autoridades companheiras a atenção que considerava devida depois de mais de 20 anos de convivência e, por isso, seria um perigo ambulante.
Fala-se isso com naturalidade no PT como se fosse argumento aceitável para evitar que Rosemary vá ao Congresso explicar suas atividades.
Admite-se a convocação do ministro da Justiça, do advogado-geral da União, mas aquela que fazia a ponte de negócios em troca de pequenos (ao que se saiba) favores e esteve na comitiva presidencial em 17 viagens internacionais de Lula, não pode ir. Teme-se o "despreparo" e o "destempero" da moça.
O líder do governo no Senado, Eduardo Braga, não vê motivo para tal convocação e o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto, considera uma "aberração" se pensar em chamar o padrinho de Rosemary.
É de se perguntar por quê. A condição de ex-presidente não faz de ninguém intocável. O Congresso não é uma masmorra, é Casa de representação popular, foro ideal para esse tipo de questionamento.
Leia a íntegra em Avalista do silêncio
Veja também:
- Polícia investiga construção de porto particular no litoral de São Paulo (SP)
- Rose quis ajudar Genoino e médico de Lula
28.11.2012
Dora Kramer, O Estado de S.Paulo
Nessa altura pouco importa se o ex-presidente Lula sabia ou não sabia se a amiga Rosemary Noronha fazia e acontecia nos escaninhos da administração pública.
A versão de que se sente "apunhalado pelas costas", repetindo a fórmula de escape - "fui traído" - adotada no caso do mensalão, fala por si em matéria de descrédito.
O importante é que se saiba como, quando, onde, por que, qual a extensão e a dimensão das ligações, sob a proteção de quem atuava a quadrilha da venda de pareceres descoberta pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro.
Demissões, pentes-finos em contratos, extinção de cargos, tudo isso é bom e necessário. Mas é insuficiente e ainda soa algo artificial quando se vê o governo preocupado com o estado de nervos da ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo.
Ela perdeu o emprego, as sinecuras da família, tem a vida devassada, não recebeu das autoridades companheiras a atenção que considerava devida depois de mais de 20 anos de convivência e, por isso, seria um perigo ambulante.
Fala-se isso com naturalidade no PT como se fosse argumento aceitável para evitar que Rosemary vá ao Congresso explicar suas atividades.
Admite-se a convocação do ministro da Justiça, do advogado-geral da União, mas aquela que fazia a ponte de negócios em troca de pequenos (ao que se saiba) favores e esteve na comitiva presidencial em 17 viagens internacionais de Lula, não pode ir. Teme-se o "despreparo" e o "destempero" da moça.
O líder do governo no Senado, Eduardo Braga, não vê motivo para tal convocação e o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto, considera uma "aberração" se pensar em chamar o padrinho de Rosemary.
É de se perguntar por quê. A condição de ex-presidente não faz de ninguém intocável. O Congresso não é uma masmorra, é Casa de representação popular, foro ideal para esse tipo de questionamento.
Leia a íntegra em Avalista do silêncio
Veja também:
- Polícia investiga construção de porto particular no litoral de São Paulo (SP)
- Rose quis ajudar Genoino e médico de Lula
Atrasos quase dobram custo da obra de transposição do Rio São Francisco
Jornal Nacional
26.11.2012
Pela previsão inicial, transposição do Rio São Francisco já deveria estar pronta, mas avançou apenas 43%. Custo seria de R$ 4,5 bilhões, mas há dois anos o valor subiu para R$ 6,8 bilhões e agora está em R$ 8,2 bilhões.
Ao longo das últimas semanas, o Jornal Nacional tem mostrado os efeitos da pior seca dos últimos 30 anos na região Nordeste. Ironicamente, isso acontece em um ano em que deveria estar pronta uma obra gigantesca para amenizar esse problema. Ela não só não terminou, como ainda teve o custo praticamente dobrado.
A transposição do Rio São Francisco foi uma ideia defendida pelo então ministro da Integração Nacional Ciro Gomes e acolhida pelo presidente Lula, no primeiro mandato. A obra começou em 2007. Dois anos depois, eles visitaram os canteiros, acompanhados da então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A transposição livraria dos efeitos da seca cerca de 12 milhões de sertanejos. Levaria água do Rio São Francisco a quase 400 municípios de quatro estados. Pela previsão inicial, a obra já deveria estar pronta, mas avançou apenas 43%, de acordo com o Ministério da Integração Nacional.
Menos de um mês antes de deixar o cargo, o então presidente Lula falou sobre o prazo de conclusão da obra. “Está previsto a gente inaugurar definitivamente a obra até 2012, o que será a redenção da região mais sofrida do nordeste brasileiro. E o povo do Nordeste vai poder decidir a utilização dessa água", declarou Lula.
Operários se empenharam para retirar a mata. Outros tantos cavaram o canal. A esperança se espalhou pelo sertão. A água escorreria por entre paredes de concreto. Só que a obra parou e o serviço já feito vai precisar ser novamente executado. No Lote 11, em Custódia, as placas de concreto estão sendo refeitas, enquanto centenas de quilômetros de terra escavada esperam pelo acabamento.
“Os gastos, evidentemente, vão crescendo, porque as obras vão sendo refeitas, os projetos vão sendo refeitos, e tudo isso significa custos adicionais”, explica Gil Castello Branco, secretário-geral do Contas Abertas.
Inicialmente, a obra custaria R$ 4,5 bilhões. Há dois anos, o valor subiu para R$ 6,8 bilhões. Agora, está em R$ 8,2 bilhões. Veja a matéria completa. Veja o vídeo.
26.11.2012
Pela previsão inicial, transposição do Rio São Francisco já deveria estar pronta, mas avançou apenas 43%. Custo seria de R$ 4,5 bilhões, mas há dois anos o valor subiu para R$ 6,8 bilhões e agora está em R$ 8,2 bilhões.
Ao longo das últimas semanas, o Jornal Nacional tem mostrado os efeitos da pior seca dos últimos 30 anos na região Nordeste. Ironicamente, isso acontece em um ano em que deveria estar pronta uma obra gigantesca para amenizar esse problema. Ela não só não terminou, como ainda teve o custo praticamente dobrado.
A transposição do Rio São Francisco foi uma ideia defendida pelo então ministro da Integração Nacional Ciro Gomes e acolhida pelo presidente Lula, no primeiro mandato. A obra começou em 2007. Dois anos depois, eles visitaram os canteiros, acompanhados da então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A transposição livraria dos efeitos da seca cerca de 12 milhões de sertanejos. Levaria água do Rio São Francisco a quase 400 municípios de quatro estados. Pela previsão inicial, a obra já deveria estar pronta, mas avançou apenas 43%, de acordo com o Ministério da Integração Nacional.
Menos de um mês antes de deixar o cargo, o então presidente Lula falou sobre o prazo de conclusão da obra. “Está previsto a gente inaugurar definitivamente a obra até 2012, o que será a redenção da região mais sofrida do nordeste brasileiro. E o povo do Nordeste vai poder decidir a utilização dessa água", declarou Lula.
Operários se empenharam para retirar a mata. Outros tantos cavaram o canal. A esperança se espalhou pelo sertão. A água escorreria por entre paredes de concreto. Só que a obra parou e o serviço já feito vai precisar ser novamente executado. No Lote 11, em Custódia, as placas de concreto estão sendo refeitas, enquanto centenas de quilômetros de terra escavada esperam pelo acabamento.
“Os gastos, evidentemente, vão crescendo, porque as obras vão sendo refeitas, os projetos vão sendo refeitos, e tudo isso significa custos adicionais”, explica Gil Castello Branco, secretário-geral do Contas Abertas.
Inicialmente, a obra custaria R$ 4,5 bilhões. Há dois anos, o valor subiu para R$ 6,8 bilhões. Agora, está em R$ 8,2 bilhões. Veja a matéria completa. Veja o vídeo.
País tem 21 milhões de crianças em casas com problema de saneamento
Jornal Nacional
28.11.2012
De acordo com o IBGE, mais de 60% vivem com famílias de baixo poder aquisitivo e quase metade mora em casas sem rede de esgoto ou abastecimento de água ou coleta de lixo.
Uma pesquisa do IBGE divulgada nesta quarta-feira (28) concluiu que 21 milhões de crianças brasileiras moram em casas em que falta pelo menos um dos serviços de saneamento básico.
A pista asfaltada, a calçada e a menos de dez metros, famílias inteiras dividem pequenos espaços à beira de um valão e com sujeira por toda parte. A dona de casa Viviane Oliveira mostra onde se abriga. Ela e a família, 11 pessoas.
“A gente fica com medo porque rato passa pelo telhado, às vezes quando está chovendo, a gente fica sem lugar para dormir porque pinga na nossa cama”, conta ela. Veja a matéria completa. Veja o vídeo.
Comentário básico:
Esse é o país das Olimpíadas!!!
Esse é o país da copa!!!
Adelidia Chiarelli
28.11.2012
De acordo com o IBGE, mais de 60% vivem com famílias de baixo poder aquisitivo e quase metade mora em casas sem rede de esgoto ou abastecimento de água ou coleta de lixo.
Uma pesquisa do IBGE divulgada nesta quarta-feira (28) concluiu que 21 milhões de crianças brasileiras moram em casas em que falta pelo menos um dos serviços de saneamento básico.
A pista asfaltada, a calçada e a menos de dez metros, famílias inteiras dividem pequenos espaços à beira de um valão e com sujeira por toda parte. A dona de casa Viviane Oliveira mostra onde se abriga. Ela e a família, 11 pessoas.
“A gente fica com medo porque rato passa pelo telhado, às vezes quando está chovendo, a gente fica sem lugar para dormir porque pinga na nossa cama”, conta ela. Veja a matéria completa. Veja o vídeo.
Comentário básico:
Esse é o país das Olimpíadas!!!
Esse é o país da copa!!!
Adelidia Chiarelli
Em 66% dos casos, filhos presenciam violência contra mulher
Via blog do Noblat
29.11.2012
O Globo
A Síntese de Indicadores Sociais 2012 tratou, pela primeira vez, da situação dos direitos humanos no país. Dentro dessa análise, trouxe dados sobre violência contra a mulher, usando informações do Ligue 180, serviço de denúncias da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência.
Segundo o estudo, dos registros de violência contra a mulher, em 74,6% dos casos, o agressor é o cônjuge, namorado ou companheiro; em 66,1% dos casos, os filhos presenciam a violência; em 52,9%, a mulher percebe risco de morte; em 58,6%, a violência ocorre diariamente; em 38,9%, a violência ocorre desde o início da relação; e em 40,6%, a relação dura 10 anos ou mais.
Leia mais em Em 66% dos casos, filhos presenciam violência contra mulher
Leia também Psicóloga inventa sequestro para esconder agressão de ex-marido
29.11.2012
O Globo
A Síntese de Indicadores Sociais 2012 tratou, pela primeira vez, da situação dos direitos humanos no país. Dentro dessa análise, trouxe dados sobre violência contra a mulher, usando informações do Ligue 180, serviço de denúncias da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência.
Segundo o estudo, dos registros de violência contra a mulher, em 74,6% dos casos, o agressor é o cônjuge, namorado ou companheiro; em 66,1% dos casos, os filhos presenciam a violência; em 52,9%, a mulher percebe risco de morte; em 58,6%, a violência ocorre diariamente; em 38,9%, a violência ocorre desde o início da relação; e em 40,6%, a relação dura 10 anos ou mais.
Leia mais em Em 66% dos casos, filhos presenciam violência contra mulher
Leia também Psicóloga inventa sequestro para esconder agressão de ex-marido
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
Governo se defende após escândalo dos agrotóxicos
Via O ECO
Por Daniele Bragança
26.11.2012
Após a demissão do gerente-geral de toxicologia da Anvisa, Luís Cláudio Meirelles, afastado depois de denunciar fraudes e irregularidades na liberação de agrotóxicos, o Ministério da Agricultura, a Anvisa e o Ibama publicaram nesta segunda-feira (26) nota conjunta defendendo os departamentos que cuidam da avaliação dos defensivos agrícolas.
Após a exoneração de Meirelles, veio à público a denúncia de que pelo menos 6 agrotóxicos tiveram seus laudos forjados para conseguir a liberação do Ministério da Agricultura. A assinatura de Luís Cláudio Meirelles foi falsificada para conseguir a liberação de produtos que não passaram pelo teste toxicológico. CONTINUA!
Por Daniele Bragança
26.11.2012
Após a demissão do gerente-geral de toxicologia da Anvisa, Luís Cláudio Meirelles, afastado depois de denunciar fraudes e irregularidades na liberação de agrotóxicos, o Ministério da Agricultura, a Anvisa e o Ibama publicaram nesta segunda-feira (26) nota conjunta defendendo os departamentos que cuidam da avaliação dos defensivos agrícolas.
Após a exoneração de Meirelles, veio à público a denúncia de que pelo menos 6 agrotóxicos tiveram seus laudos forjados para conseguir a liberação do Ministério da Agricultura. A assinatura de Luís Cláudio Meirelles foi falsificada para conseguir a liberação de produtos que não passaram pelo teste toxicológico. CONTINUA!
SBPC alerta sobre PL que propõe a criação de empresa para gerenciar licenciamento de pesquisa
JC e-mail 4631, de 27 de Novembro de 2012.
SBPC alerta sobre PL que propõe a criação de empresa para gerenciar licenciamento de pesquisa
Surpreendida com a notícia da proposta de criação de uma empresa pública para gestão do licenciamento de pesquisa nos biomas brasileiros, a SBPC encaminhou uma carta ao presidente do Senado Federal, José Sarney. Leia o texto na íntegra.
Senhor Presidente,
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) foi surpreendida nesta semana com a notícia da proposta de criação de uma empresa pública "para gestão do licenciamento de pesquisa nos biomas brasileiros, para estabelecer o monopólio das patentes originadas dessas pesquisas, entre outras providências", caso se aprove o PL 440/ 2011, de autoria do senador Sérgio Souza. Trata-se da Empresa para a Gestão do Licenciamento de Pesquisa no Bioma Brasileiro (BIOBRAS).
Pelo teor do PL observamos que é uma proposta para administrar e estabelecer regras para o uso e a pesquisa dos biomas brasileiros, que representam o maior patrimônio natural da nação brasileira, e que em hipótese alguma poderão ser gerenciados por empresa estatal a seguir regime jurídico próprio de empresas privadas, como sugere o PL. A justificativa de combate à biopirataria não é cabível, pois embora não tenhamos dúvida que essa deva ser inibida, não será a criação de uma empresa que irá resolver o problema.
Como cientistas, acreditamos que a solução passa pelo estímulo à pesquisa científica que promova o conhecimento da biodiversidade que se quer proteger e estimule o seu uso sustentável. Isso implica no estabelecimento de políticas públicas e na definição de um marco legal, a ser amplamente discutido com a sociedade, o que já vem ocorrendo em diversos foros técnicos e acadêmicos.
Reivindicamos que a audiência pública que está sendo convocada para discutir o PL considere os nossos comentários, e não aprove essa proposta que não atende em nada aos interesses da nação no que tange à biodiversidade brasileira.
Atenciosamente,
Helena B. Nader
Presidente da SBPC
Comentário básico:
O futuro?
Ali!
Ele foi por ali!
Adelidia Chiarelli
Ranking de qualidade em educação coloca Brasil em penúltimo lugar
Via Estadão
27.11.2012
País ficou em 39.º lugar entre 40 países analisados; índice cruza dados de habilidades cognitivas e de desempenho escolar
O Brasil ficou na penúltima posição em um índice comparativo de desempenho educacional feito com dados de 40 países. O ranking, divulgado nesta terça-feira, 27, pela Pearson Internacional, faz parte do projeto The Learning Curve (Curva do Aprendizado, em inglês), realizado pela Economist Intelligence Unit (EIU). O estudo mede os resultados de três testes internacionais aplicados a alunos do 5.º e do 9.º ano do ensino fundamental. A Finlândia e a Coreia do Sul foram os países mais bem colocados. O Brasil ficou à frente apenas da Indonésa, e atrás de países como Bulgária (30.º), Romênia (32.º) e Colômbia (36.º). CONTINUA!
27.11.2012
País ficou em 39.º lugar entre 40 países analisados; índice cruza dados de habilidades cognitivas e de desempenho escolar
O Brasil ficou na penúltima posição em um índice comparativo de desempenho educacional feito com dados de 40 países. O ranking, divulgado nesta terça-feira, 27, pela Pearson Internacional, faz parte do projeto The Learning Curve (Curva do Aprendizado, em inglês), realizado pela Economist Intelligence Unit (EIU). O estudo mede os resultados de três testes internacionais aplicados a alunos do 5.º e do 9.º ano do ensino fundamental. A Finlândia e a Coreia do Sul foram os países mais bem colocados. O Brasil ficou à frente apenas da Indonésa, e atrás de países como Bulgária (30.º), Romênia (32.º) e Colômbia (36.º). CONTINUA!
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Unificação de disciplinas deve aumentar déficit de professores
JC e-mail 4631, de 27 de Novembro de 2012.
Unificação de disciplinas deve aumentar déficit de professores
Especialistas da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) avaliam que a unificação das disciplinas do ensino médio, em quatro grandes áreas, conforme anunciado recentemente pelo Ministério da Educação (MEC), deve aumentar o déficit de professores no Brasil.
Isso porque, avalia o físico Luiz Davidovich, diretor da ABC, a mudança cria automaticamente demandas por outras disciplinas. Isto é, a necessidade de professores preparados para as novas atividades curriculares, como ciências da natureza, exatamente em um momento em que o Brasil se depara com escassez de docentes.
Reforçando tal posição, o físico Ennio Candotti, diretor do Museu da Amazônia e vice-presidente da SBPC, concorda que a falta de professores qualificados tende aumentar com a proposta do ministério.
A falta de professores qualificados é mais acentuada nas disciplinas de física, química e matemática. Baseado em dados do próprio ministério, do período de 2007, Candotti destacou que o déficit de professores de física hoje é estimado em 100 mil, número semelhante ao de professores de química. Já no caso de matemática, segundo Candotti, faltam 80 mil professores no País. "Desde 2007 não houve muita mudança para cá. Foram treinados muitos professores, mas o déficit ainda é muito grande", alertou Candotti.
Ao chamar de "remanejamento" a proposta de unificação das disciplinas do ensino médio, Candotti disse que essa é uma fórmula criada para resolver "a crônica deficiência" de professores, uma vez que a proposta estimula os professores a lecionar múltiplas disciplinas. "Isso vai piorar o cenário porque os professores não estão absolutamente preparados", analisou.
Ponto fora da curva - Demonstrando a mesma opinião, o educador João Batista Araujo e Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto - ONG dedicada à educação - disse que o Brasil é um único país a querer unificar as disciplinas escolares. "Nenhum país do mundo tem proposta como essa, o que deveria servir de cautela para as autoridades brasileiras", disse e alertou: "A proposta do MEC é transformar os alunos do ensino médio em cobaias de um experimento fadado ao fracasso. E, mais uma vez, os alunos, sobretudo os de menor condição, sairão prejudicados".
Segundo Oliveira, a experiência mostra que os países avançados oferecem um ensino médio diversificado: acadêmico e profissionalizante. "É lamentável que o Brasil não leve em consideração a experiência internacional, as características e as demandas do mercado de trabalho e, especialmente, as condições nas quais os jovens chegam e chegarão ao ensino médio".
Em outra frente, o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF), Ronald Shellard, concorda que o cenário negativo do ensino médio nacional pode ser agravado diante da integração das disciplinas. "Para os cursos de ciências, no sentido geral, não existem e nem seria possível preparar profissionais (em curto prazo). A não ser que tenhamos ementas tão genéricas que o aprendizado se tornaria inútil", analisou.
Aliás, ao contrário de pregar a generalidade nas áreas de conhecimento, Shellard considerou fundamental intensificar a formação de engenheiros e cientistas. "Engenheiros precisam de mais profundidade nos estudos de física e talvez em química. E o pessoal de saúde teria de ter mais ênfase em biologia", exemplifica.
(Viviane Monteiro - Jornal da Ciência)
Leia mais sobre o assunto:
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=85101
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=85102
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=85103
Livro sobre arte moderna analisa obra de
Odilla Mestriner
Via Jornal A Cidade
Por Régis Martins
24.11.2012
‘Um Modernismo que veio Depois’ vai ser lançado no Marp com a presença do autor
Comentário básico:
Viva a Odila!!!
Viva o meu irmão!!!
Viva a Vila Tibério!!!
Adelidia Chiarelli
Por Régis Martins
24.11.2012
‘Um Modernismo que veio Depois’ vai ser lançado no Marp com a presença do autor
A artista plástica ribeirão-pretana Odilla Mestriner morreu há três anos, mas deixou uma obra original e instigante que, infelizmente, ainda não teve o devido reconhecimento no cenário nacional e - porque não? - internacional. Na opinião do conterrâneo Tadeu Chiarelli, professor, crítico de arte e diretor do Museu de Arte Contemporânea da USP em São Paulo, Odilla merece ocupar um lugar de
destaque na história das artes do País.
"Penso que até hoje seu trabalho não teve a recepção
que merecia. A complexidade de sua obra, sobretudo o período que vai dos anos
1950 aos 1970, merece estudos mais aprofundados", diz Chiarelli, em entrevista
por e-mail.
O professor vem a Ribeirão Preto no
próximo dia 30 para o lançamento de seu livro "Um Modernismo que veio Depois",
no qual um dos capítulos ao trabalho da artista. Publicado pela editora Alameda,
o livro traz textos escritos por Chiarelli entre 1995 e 2008 e que seguem uma
ordem cronológica, obedecendo à passagem do tempo e da história da arte oficial.
Ou seja, percorre de Anita Malfatti, pioneira do Modernismo nacional, até os
artistas do início da segunda metade do século passado.
"No entanto, como foram escritos em momentos
diferentes, que não seguem a mesma ordem cronológica, eles podem ser lidos à
medida do interesse do leitor. Como se fosse um ‘Jogo de Amarelinha’, lembrando
o livro de [Júlio] Cortázar", informa, referindo-se ao clássico do escritor
argentino que dá ao leitor a opção de ser lido em qualquer ordem.
Diálogos
Chiarelli busca traçar algumas questões importantes da arte brasileira do período, como, por exemplo, os diálogos entre abstração e figuração que marcam aquele momento da arte no Brasil e, sobretudo, o que ele chama de caráter "conservador" do modernismo de 1922.
Chiarelli busca traçar algumas questões importantes da arte brasileira do período, como, por exemplo, os diálogos entre abstração e figuração que marcam aquele momento da arte no Brasil e, sobretudo, o que ele chama de caráter "conservador" do modernismo de 1922.
E onde Odilla se encaixa nisso tudo? "O fato de
dedicar um estudo sobre ela, penso que deixa claro a importância que credito à
sua obra. E isso não apenas pela obra ‘em si’ de Odilla, mas como, a partir
dela, é possível pensar na complexidade do fenômeno artístico assumido no Brasil
após a Segunda Guerra", argumenta.
Para o autor, é necessário um trabalho conjunto
entre poderes públicos e o Instituto Odilla Mestriner para manter a obra da
artista em destaque. "Certamente novas gerações de estudiosos irão se debruçar
sobre ela para, por meio de sua obra, pensar a complexidade de sua poética no
cenário geral da arte do período", comenta.
Serviço
Um Modernismo que veio Depois
Lançamento dia 30/11, às 19h30, no Marp
Rua Barão do Amazonas, 323
Entrada gratuita
Inf.: (16) 3635-2421
Um Modernismo que veio Depois
Lançamento dia 30/11, às 19h30, no Marp
Rua Barão do Amazonas, 323
Entrada gratuita
Inf.: (16) 3635-2421
Viva a Odila!!!
Viva o meu irmão!!!
Viva a Vila Tibério!!!
Adelidia Chiarelli
Belo Monte leva o maior financiamento da história do BNDES: R$ 22,5 bilhões
Via Estadão
Por VINICIUS NEDER
27.11.2012
Valor evidencia necessidade de capitalização do banco estatal; por R$ 500 milhões, crédito não superou os limites da regulação bancária
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou ontem o maior empréstimo de sua história para um único projeto. O financiamento, com prazo de 30 anos, somará R$ 22,5 bilhões para o consórcio Norte Energia S.A., que investirá R$ 28,9 bilhões na hidrelétrica de Belo Monte. O consórcio venceu o leilão em março de 2010 e as obras começaram no primeiro semestre de 2011.
Com Belo Monte, os cinco maiores projetos aprovados pelo BNDES, todos incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), somam R$ 57,1 bilhões, considerando aprovações desde 2008.
O valor anunciado ontem supera em mais que o dobro o financiamento à Refinaria Abreu e Lima, da Petrobrás, em Pernambuco, aprovado em 2009, no valor de R$ 9,9 bilhões. Já a construção da usina nuclear Angra III teve financiamento de R$ 6,1 bilhões, aprovado em 2010.
Belo Monte também receberá mais do que a soma das duas usinas hidrelétricas do Rio Madeira, em Rondônia: Santo Antônio teve empréstimo de R$ 6,1 bilhões, aprovado em 2008, e Jirau teve R$ 9,5 bilhões, incluindo uma suplementação de R$ 2,3 bilhões aprovada em setembro passado, como adiantou o Estado. CONTINUA!
Por VINICIUS NEDER
27.11.2012
Valor evidencia necessidade de capitalização do banco estatal; por R$ 500 milhões, crédito não superou os limites da regulação bancária
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou ontem o maior empréstimo de sua história para um único projeto. O financiamento, com prazo de 30 anos, somará R$ 22,5 bilhões para o consórcio Norte Energia S.A., que investirá R$ 28,9 bilhões na hidrelétrica de Belo Monte. O consórcio venceu o leilão em março de 2010 e as obras começaram no primeiro semestre de 2011.
Com Belo Monte, os cinco maiores projetos aprovados pelo BNDES, todos incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), somam R$ 57,1 bilhões, considerando aprovações desde 2008.
O valor anunciado ontem supera em mais que o dobro o financiamento à Refinaria Abreu e Lima, da Petrobrás, em Pernambuco, aprovado em 2009, no valor de R$ 9,9 bilhões. Já a construção da usina nuclear Angra III teve financiamento de R$ 6,1 bilhões, aprovado em 2010.
Belo Monte também receberá mais do que a soma das duas usinas hidrelétricas do Rio Madeira, em Rondônia: Santo Antônio teve empréstimo de R$ 6,1 bilhões, aprovado em 2008, e Jirau teve R$ 9,5 bilhões, incluindo uma suplementação de R$ 2,3 bilhões aprovada em setembro passado, como adiantou o Estado. CONTINUA!
Servidores indiciados em operação da PF são afastados ou exonerados
Via Jornal Nacional
26.11.2012
Entre os servidores, Rosemary Noronha, que era chefe de gabinete do escritório da presidência da República em São Paulo. Eles são suspeitos de corrupção e tráfico de influência pra favorecer empresas.
Servidores indiciados na Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, foram oficialmente afastados ou exonerados nesta segunda (26). Entre eles, Rosemary Noronha, que era chefe de gabinete do escritório da presidência da República em São Paulo. São suspeitos de corrupção e tráfico de influência pra favorecer empresas.
No Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com ministros da Casa Civil, da Secretaria Geral da Presidência, além do advogado-geral da União, Luis Inácio Adams, chefe de José Weber Holanda, um dos indiciados pela Polícia Federal. Weber foi exonerado nesta segunda.
Segundo nome na hierarquia da Advocacia-Geral da união, ele foi afastado também do fundo que vai gerir a aposentadoria complementar dos funcionários públicos.
Há apenas duas semanas, a presidente Dilma assinou decreto, nomeando Weber para o fundo.
O governo quer saber quais projetos passaram pelas mãos José Weber Holanda e dos outros funcionários indiciados pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro. Segundo os investigadores, o grupo comprava relatórios técnicos de funcionários públicos para favorecer empresas privadas. Veja a matéria completa. Veja o vídeo!
Veja também no Jornal Nacional:
- PF começa a investigar arquivos do escritório da Presidência em SP
- Oposição quer ouvir explicações de indiciados em Operação Porto Seguro
Leia também no blog do Noblat:
- Senado nega manobra para aprovar nome de Paulo Vieira à ANA em 2010
- Indiciado pela PF foi nomeado para o MEC por Dirceu
- Dilma vai extinguir em SP chefia de gabinete
26.11.2012
Entre os servidores, Rosemary Noronha, que era chefe de gabinete do escritório da presidência da República em São Paulo. Eles são suspeitos de corrupção e tráfico de influência pra favorecer empresas.
Servidores indiciados na Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, foram oficialmente afastados ou exonerados nesta segunda (26). Entre eles, Rosemary Noronha, que era chefe de gabinete do escritório da presidência da República em São Paulo. São suspeitos de corrupção e tráfico de influência pra favorecer empresas.
No Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com ministros da Casa Civil, da Secretaria Geral da Presidência, além do advogado-geral da União, Luis Inácio Adams, chefe de José Weber Holanda, um dos indiciados pela Polícia Federal. Weber foi exonerado nesta segunda.
Segundo nome na hierarquia da Advocacia-Geral da união, ele foi afastado também do fundo que vai gerir a aposentadoria complementar dos funcionários públicos.
Há apenas duas semanas, a presidente Dilma assinou decreto, nomeando Weber para o fundo.
O governo quer saber quais projetos passaram pelas mãos José Weber Holanda e dos outros funcionários indiciados pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro. Segundo os investigadores, o grupo comprava relatórios técnicos de funcionários públicos para favorecer empresas privadas. Veja a matéria completa. Veja o vídeo!
Veja também no Jornal Nacional:
- PF começa a investigar arquivos do escritório da Presidência em SP
- Oposição quer ouvir explicações de indiciados em Operação Porto Seguro
Leia também no blog do Noblat:
- Senado nega manobra para aprovar nome de Paulo Vieira à ANA em 2010
- Indiciado pela PF foi nomeado para o MEC por Dirceu
- Dilma vai extinguir em SP chefia de gabinete
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
Especialistas pedem cautela na reforma curricular do ensino médio
JC e-mail 4630, de 26 de Novembro de 2012.
Especialistas pedem cautela na reforma curricular do ensino médio
Acadêmicos, cientistas e pesquisadores pedem cautela na unificação das 13 disciplinas do ensino médio público nacional em quatro grandes áreas do conhecimento - anunciada recentemente pelo Ministério da Educação (MEC). Pela proposta, prevista para vigorar a partir do próximo ano, as disciplinas serão integradas em ciências humanas, ciências da natureza, linguagem e matemática.
Temendo eventuais frustrações, a maioria dos especialistas, ouvidos pelo Jornal da Ciência, critica a proposta do ministério por ser "precipitada" e sugere a criação de um debate na sociedade a fim de aperfeiçoar o projeto e apresentar solução para os problemas crônicos do ensino médio nacional. Eles entendem que a integração das disciplinas não seria a saída para melhorar "a péssima" qualidade da educação básica do País.
Procurado, o Ministério da Educação informou que tal proposta já foi discutida com a sociedade, sobretudo com secretários estaduais de educação; e discordou de que a proposta busque integrar ou eliminar qualquer disciplina. O que está em curso, segundo o secretário de Educação Básica do MEC, Cesar Callegari, é o que chamou de processo de "articulação" de disciplinas com outras áreas do conhecimento, o qual será elaborado pelo sistema estadual de educação baseado nas orientações do ministério.
Já os especialistas temem que o ensino médio fique mais genérico e prejudique os alunos, principalmente os menos favorecidos que não podem estudar em escolas privadas. "A impressão que se tem é a de que, para evitar o problema de evasão escolar, querem baixar medidas sem enfrentar as causas mais profundas do ensino médio", alerta o físico Luiz Davidovich, diretor da Academia Brasileira de Ciências (ABC), também professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Reforçando tal posição, o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF), Ronald Shellard, considera a proposta do MEC "um desastre para o País". Shellard alerta que países desenvolvidos, como a Inglaterra, experimentaram unificar as disciplinas do ensino médio sem sucesso. "A sorte é que eles têm mecanismos rápidos para reverter uma decisão dessa magnitude", observou.
Contrariedade - Pelo que entendem os especialistas, a iniciativa do MEC contraria as novas diretrizes do ensino médio aprovadas pelo Conselho Nacional da Educação (CNE) em maio de 2011 e que foram estabelecidas na Resolução nº 2 publicada em janeiro deste ano.
Conforme as normas aprovadas pelo colegiado do CNE, os componentes curriculares devem ser organizados em quatro blocos, garantindo a permanência das 13 disciplinas. Isto é, Linguagens, reunindo as disciplinas de línguas portuguesa, materna para populações indígenas e estrangeira moderna; arte - em suas diferentes linguagens (ciências, plásticas e musical) e educação física.
Outro bloco é matemática, sozinha. Há também o bloco ciências da natureza que reúne biologia, física e química. Outro é ciências humanas que abrange as disciplinas de história, geografia, filosofia e sociologia.
Manobra - Na avaliação do presidente da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), Vitor Francisco Ferreira, a proposta do MEC de integração das disciplinas do ensino médio sinaliza uma manobra em uma tentativa de "resolver a falta de profissionais" no País. Conforme Ferreira, o governo deveria implementar a unificação das disciplinas, apenas, a partir do momento em que for realizado um estudo metodológico capaz de mostrar que esse modelo seria melhor do que o atual. "Teria de haver uma discussão com a sociedade", recomendou Ferreira, também professor da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Generalidade - Bernardete Gatti, pesquisadora colaboradora da Fundação Carlos Chagas (FCC), com grande experiência na área educacional, acredita que a tendência é de que o ensino médio fique mais genérico e prejudicado diante da integração das disciplinas. "O MEC, ao invés de atacar o problema principal que é a de formação de professores, inventa mais uma moda", disse Bernardete que chamou de "modismo" a integração das disciplinas.
Com a mesma opinião, Jailson Bitencourt de Andrade, professor titular do Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia (UFBA), disse ser "temerário" mudar primeiro o currículo para ajustá-lo depois. "Sou favorável à inovação e às novas iniciativas, mas essa decisão, no mínimo, é precipitada", acrescentou Andrade, ex-conselheiro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e ex-presidente da SBQ.
Referência internacional - Em defesa da valorização do magistério, Andrade enalteceu o programa do governo dos Estados Unidos, lançado no início deste semestre, o qual apoia o ensino fundamental em uma tentativa de recuperar a perda de competitividade dos estudantes norte-americanos em relação aos asiáticos, principalmente. No programa norte-americano, Andrade destacou os investimentos de US$ 1 bilhão para a criação de forças de trabalho a fim de melhorar o ensino fundamental; e o adicional de US$ 20 mil ao ano ao salário dos professores do ensino fundamental.
A presidente da SBPC, Helena Nader, também se mostrou contrária à unificação das disciplinas. "Ainda que o conhecimento seja integrado, o estudo tem de ser dado de forma desintegrada porque em algum momento haverá necessidade de se ter todas as bases para formar o conhecimento integral", avaliou Helena, reconhecendo que o Brasil vem se esforçando, desde 2009, para formar professores qualificados para o ensino básico, em geral, principalmente pelos programas da Capes.
O ideal, sugeriu Helena, seria desenvolver temas no ensino médio que possam interagir com todas as áreas do conhecimento, sem a integração, de tal forma que o estudante possa entender a relação dos temas com cada disciplina. Ela exemplifica: "Se o tema for água, o estudante pode estudar a ligação da química com a água, estudar as relações da água com a física, com a matemática, com a geografia, com história e a sociologia".
Outro lado - O secretário de Educação Básica do MEC, Cesar Callegari, discorda de que a intenção do ministério seja de eliminar ou integrar qualquer disciplina do ensino médio. Nesse caso ele defende que cada disciplina tem sua base epistemológica (filosofia do conhecimento) própria, tem linguagem própria e, portanto, deve ser respeitada.
O que está em curso, explica Callegari, é a criação de ambientes para viabilizar a "articulação entre as diferentes disciplinas", medida que, na opinião dele, representa um avanço por constituir uma "boa" orientação para os sistemas estaduais de ensinos.
Callegari discorda também de que as propostas do MEC tenham sido elaboradas sem a realização de um debate. "As diretrizes avançadas representam a síntese de um longo e profundo debate nacional conduzido pelo CNE durante o processo de elaboração", disse ele, citando, além de membros do CNE, os secretários estaduais de educação, conselhos estaduais de educação e representantes de universidades. Nesse contexto, cientistas confirmam que as novas diretrizes para o ensino médio do CNE foram construídas a partir de um debate com a sociedade, o que não pode se dizer das propostas do MEC.
Conjunto de medidas - Callegari faz questão de destacar que a chamada "articulação entre as diferentes disciplinas" virá acompanhada de um conjunto de ações. Dentre as quais a produção de livros e de material didático articulados, ampliação do Programa Ensino Médio Inovador (Proemi), iniciado em 2009 e presente hoje em cerca de 2 mil escolas nacionais, e que servirá de base para a modernização do currículo do ensino médio público; e ampliação das linhas para formação continuada de professores.
Medidas insuficientes - Tais medidas são consideradas insuficientes. O que deve ser considerado prioridade no ensino médio, segundo um professor de matemática da Universidade de São Paulo (USP), que não quis ser identificado, são investimentos pesados na qualificação de professores que possam preparar os alunos antes do ingresso nas universidades, a redução do número de estudantes por sala de aula de 45, em média, para 25, em média; e reajuste salarial do magistério. A fonte sugere também viabilizar a importação de professores estrangeiros principalmente da Europa, onde há forte desemprego em razão da crise econômica, em uma tentativa de reduzir o déficit de profissionais qualificados no País.
Já o acadêmico Isaac Roitman, professor da Universidade de Brasília (UnB) - que comparou o atual modelo de ensino médio nacional a uma "tragédia" - considera prioridade identificar os objetivos da educação básica no geral, tanto do ensino médio como o do fundamental. Para ele, é importante traçar os passos que os estudantes devem dar após a conclusão de cada grau de escolaridade.
"Hoje o indivíduo que conclui o ensino médio não está habilitado a nada. É apenas um generalista não preparado para o mercado de trabalho", destacou Roitman, membro titular da ABC e coordenador do Grupo de Trabalho de Educação da SBPC.
Outro ponto criticado por Roitman é o processo pedagógico, que segundo ele, também precisa de mudanças. "O conhecimento caminha numa velocidade rápida e a pedagogia, desde o ensino infantil, precisa desafiar os alunos a pensar, a refletir, a contestar, a criar, a transgredir", destacou Roitman.
Livros didáticos articulados - Além de considerar precipitada a unificação das disciplinas do ensino médio, a professora Lisbeth Kaiserlian Cordani, conselheira da SBPC, considera também prematuras as metas do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) de 2015 as quais preveem a distribuição de livros e material didáticos articulados com outras áreas do conhecimento.
"É impossível atingir a meta. O Brasil não tem escritores para escrever esses livros e não estão explícitos os possíveis escritores e atores que poderão contemplar a interdisciplinaridade de textos para o ensino básico", alertou.
Exceções - Dentre os especialistas ouvidos pelo Jornal da Ciência, a exceção é do acadêmico Roberto Leal Lobo e Silva Filho, professor titular aposentado do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) que considerou positiva a integração das disciplinas do ensino médio. Ele considera negativa a pulverização de disciplinas e avalia que a falha na educação brasileira é a ausência de ligação do ensino com a prática. "Temos de acabar com o decoreba de definição da definição".
Com o tema em pauta, o Jornal da Ciência publica na edição de amanhã (27) a análise de especialistas sobre a proposta do MEC que, segundo eles, deve ampliar o déficit de docentes qualificados nas áreas de física, química e matemática. Será publicada também a avaliação de secretários estaduais de educação.
(Viviane Monteiro - Jornal da Ciência)
Aves Migratórias - Repórter ECO
Para a minha mãe,
que completaria 94 anos hoje.
Para a minha mãe, que tinha como
amiguinho um beija-flor que ia visitá-la
todos os dias. Lindo, lindo...!!!
que completaria 94 anos hoje.
Para a minha mãe, que tinha como
amiguinho um beija-flor que ia visitá-la
todos os dias. Lindo, lindo...!!!
Moradores vizinhos aos terrenos da Rhodia ignoram riscos de contaminação
Via Agência Brasil
Por Camila Maciel
24.11.2012
São Paulo – Moradores do entorno de terrenos em São Vicente, na Baixada Santista, que receberam durante décadas o descarte do lixo tóxico resultante do processo de produção da empresa Rhodia, desconhecem os riscos da proximidade com os resíduos. A Agência Brasil esteve no local e ouviu relatos de que, embora a área seja isolada, crianças e adultos frequentam o local para pegar frutos e consumir drogas, dentre outras ações.
O motorista Riberto Tadeu da Silva, 51 anos, mora há 14 anos na comunidade Gleba 2, que fica na lateral da Estação de Espera da Rhodia. Esse terreno acumula cerca de 30 mil toneladas de organoclorados, como o pó da china (pentaclorofenato de sódio) e o hexaclorobenzeno, materiais comprovadamente cancerígenos. O muro da casa dele é um dos que delimitam o território da empresa. “Eu mesmo já pulei com um facão pra cortar o mato que se acumula perto da minha casa”, declarou.
O morador informou que o muro foi construído há cerca de três anos e que antes não havia impedimento para acesso ao terreno. “Passaram o muro aqui, mas também não avisaram nada. Não temos informação nenhuma da área. Só sei que tem o vigilante que passa aqui para não invadirem, não roubarem nada”, relatou. Ele disse ainda que crianças também acessam o terreno para pegar bola e pipa. “Pulam, mas saem logo em seguida. Os seguranças não tiram, porque nem percebem”, acrescentou.
Há 20 anos no local, a dona de casa Hildete Correia de Souza, 55 anos, também confirma que moradores acessam o terreno para pegar frutos. “Tem gente que entra, não é? Tem gente que corta cacho de banana, mas eu mesmo não pego, não. Não tenho medo, mas não arrisco”, disse. Ela relatou que, com a construção do muro, o acesso de usuários de drogas foi dificultado. “Antes do muro, entrava mais gente para usar droga. A gente sentia o cheiro. Era uma bagunça. Agora não se vê mais isso”, contou.
O diretor industrial da Rhodia, Gerson Oliveira, nega que seja possível acessar os terrenos contaminados. “Isso não acontece. Tem o pessoal da vigilância que faz a ronda regular. No instante em que observam qualquer movimento no entorno, a gente aciona as autoridades locais, mas a gente não tem esse problema. Estamos em constante manutenção de cercas e muros para assegurar que nossa área esteja bem protegida”, declarou. Ele assegurou ainda que os resíduos estão confinados e não há risco de contaminação ao meio ambiente e à população.
Em comunidade do bairro Jardim Quarentenário, composta por sete ruas que margeiam outro terreno da Rhodia, também em São Vicente, a violação da área de segurança é uma constante, segundo relataram moradores. A caixa de supermercado Thabita França Alves, 28 anos, mora há 20 anos na região. “Depois do muro, que deve ter uns oito a dez anos, diminuiu as pessoas que iam usar droga lá, mas quando era só cerca, as pessoas entravam muito. Eu mesma, quando era criança, entrava lá para brincar”, relembra. CONTINUA!
Por Camila Maciel
24.11.2012
São Paulo – Moradores do entorno de terrenos em São Vicente, na Baixada Santista, que receberam durante décadas o descarte do lixo tóxico resultante do processo de produção da empresa Rhodia, desconhecem os riscos da proximidade com os resíduos. A Agência Brasil esteve no local e ouviu relatos de que, embora a área seja isolada, crianças e adultos frequentam o local para pegar frutos e consumir drogas, dentre outras ações.
O motorista Riberto Tadeu da Silva, 51 anos, mora há 14 anos na comunidade Gleba 2, que fica na lateral da Estação de Espera da Rhodia. Esse terreno acumula cerca de 30 mil toneladas de organoclorados, como o pó da china (pentaclorofenato de sódio) e o hexaclorobenzeno, materiais comprovadamente cancerígenos. O muro da casa dele é um dos que delimitam o território da empresa. “Eu mesmo já pulei com um facão pra cortar o mato que se acumula perto da minha casa”, declarou.
O morador informou que o muro foi construído há cerca de três anos e que antes não havia impedimento para acesso ao terreno. “Passaram o muro aqui, mas também não avisaram nada. Não temos informação nenhuma da área. Só sei que tem o vigilante que passa aqui para não invadirem, não roubarem nada”, relatou. Ele disse ainda que crianças também acessam o terreno para pegar bola e pipa. “Pulam, mas saem logo em seguida. Os seguranças não tiram, porque nem percebem”, acrescentou.
Há 20 anos no local, a dona de casa Hildete Correia de Souza, 55 anos, também confirma que moradores acessam o terreno para pegar frutos. “Tem gente que entra, não é? Tem gente que corta cacho de banana, mas eu mesmo não pego, não. Não tenho medo, mas não arrisco”, disse. Ela relatou que, com a construção do muro, o acesso de usuários de drogas foi dificultado. “Antes do muro, entrava mais gente para usar droga. A gente sentia o cheiro. Era uma bagunça. Agora não se vê mais isso”, contou.
O diretor industrial da Rhodia, Gerson Oliveira, nega que seja possível acessar os terrenos contaminados. “Isso não acontece. Tem o pessoal da vigilância que faz a ronda regular. No instante em que observam qualquer movimento no entorno, a gente aciona as autoridades locais, mas a gente não tem esse problema. Estamos em constante manutenção de cercas e muros para assegurar que nossa área esteja bem protegida”, declarou. Ele assegurou ainda que os resíduos estão confinados e não há risco de contaminação ao meio ambiente e à população.
Em comunidade do bairro Jardim Quarentenário, composta por sete ruas que margeiam outro terreno da Rhodia, também em São Vicente, a violação da área de segurança é uma constante, segundo relataram moradores. A caixa de supermercado Thabita França Alves, 28 anos, mora há 20 anos na região. “Depois do muro, que deve ter uns oito a dez anos, diminuiu as pessoas que iam usar droga lá, mas quando era só cerca, as pessoas entravam muito. Eu mesma, quando era criança, entrava lá para brincar”, relembra. CONTINUA!
Gargalo na sala de aula
Via Revista Fapesp
Por FABRÍCIO MARQUES
Edição 200 - Outubro de 2012
Baixo desempenho no aprendizado de ciências prejudica formação de pesquisadores e deixa o país pouco competitivo
A precariedade do ensino de ciências desponta como uma incômoda pedra no meio do caminho do Brasil, num momento em que o país ambiciona internacionalizar sua pesquisa científica e é desafiado a formar recursos humanos qualificados em grande quantidade para acelerar seu crescimento. O obstáculo é tangível na série histórica de resultados do Pisa, sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, exame que testa, a cada três anos, o nível de competência de adolescentes de 15 anos em leitura, matemática e ciências e é aplicado em mais de 60 países. O Brasil participou da prova de 2009 com uma amostra de 20.127 estudantes e obteve uma média de 405 pontos em ciências. O desempenho superou os 390 pontos obtidos no exame de 2006, mas está muito distante do de países desenvolvidos ou mesmo dos emergentes com os quais compete diretamente. A China, por exemplo, alcançou 575 com um time de estudantes da cidade de Xangai (ver gráfico ao lado). No pelotão do Brasil aparecem países como a Colômbia (402 pontos), a Tunísia (401) e o Cazaquistão (400). “Os alunos brasileiros tiveram um desempenho ruim tanto na parte da prova que avalia conceitos teóricos quanto naquela que exige a solução de problemas concretos”, observa a socióloga Maria Helena Guimarães de Castro, que entre 1995 e 2002 foi presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) do Ministério da Educação e coordenou a entrada do Brasil no Pisa em 2000.
O Pisa divide os alunos em seis categorias: do nível 1, no qual os jovens só conseguem apresentar explicações científicas que sejam óbvias, até o nível 6, no qual já conseguem demonstrar capacidade consistente de raciocinar de uma forma cientificamente avançada. A situação do Brasil nessa escala é desalentadora. A maioria (83%) da amostra brasileira situou-se até o nível 2. Significa que só possuem conhecimentos para dar explicações em contextos familiares e tirar conclusões baseadas em pesquisas simples. CONTINUA!
Por FABRÍCIO MARQUES
Edição 200 - Outubro de 2012
Baixo desempenho no aprendizado de ciências prejudica formação de pesquisadores e deixa o país pouco competitivo
A precariedade do ensino de ciências desponta como uma incômoda pedra no meio do caminho do Brasil, num momento em que o país ambiciona internacionalizar sua pesquisa científica e é desafiado a formar recursos humanos qualificados em grande quantidade para acelerar seu crescimento. O obstáculo é tangível na série histórica de resultados do Pisa, sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, exame que testa, a cada três anos, o nível de competência de adolescentes de 15 anos em leitura, matemática e ciências e é aplicado em mais de 60 países. O Brasil participou da prova de 2009 com uma amostra de 20.127 estudantes e obteve uma média de 405 pontos em ciências. O desempenho superou os 390 pontos obtidos no exame de 2006, mas está muito distante do de países desenvolvidos ou mesmo dos emergentes com os quais compete diretamente. A China, por exemplo, alcançou 575 com um time de estudantes da cidade de Xangai (ver gráfico ao lado). No pelotão do Brasil aparecem países como a Colômbia (402 pontos), a Tunísia (401) e o Cazaquistão (400). “Os alunos brasileiros tiveram um desempenho ruim tanto na parte da prova que avalia conceitos teóricos quanto naquela que exige a solução de problemas concretos”, observa a socióloga Maria Helena Guimarães de Castro, que entre 1995 e 2002 foi presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) do Ministério da Educação e coordenou a entrada do Brasil no Pisa em 2000.
O Pisa divide os alunos em seis categorias: do nível 1, no qual os jovens só conseguem apresentar explicações científicas que sejam óbvias, até o nível 6, no qual já conseguem demonstrar capacidade consistente de raciocinar de uma forma cientificamente avançada. A situação do Brasil nessa escala é desalentadora. A maioria (83%) da amostra brasileira situou-se até o nível 2. Significa que só possuem conhecimentos para dar explicações em contextos familiares e tirar conclusões baseadas em pesquisas simples. CONTINUA!
A saúde da baía
Via Revista Pesquisa FAPESP
Por RICARDO ZORZETTO
Edição 201 - Novembro de 2012
Projeto mapeia fontes de poluentes e correntes marinhas na baía de Todos os Santos
Passava um pouco de 11 horas da terça-feira 16 de outubro quando o barco pilotado pelo químico Jailson Bittencourt de Andrade parou junto a um banco de areia no canal que liga a baía de Aratu à imensidão de águas cor de esmeralda da baía de Todos os Santos. Na faixa de areia exposta pela maré baixa cerca de 40 mulheres e algumas crianças, todas negras, andavam de cócoras olhando para o chão. Elas mariscavam. Com uma colher ou apenas com os dedos, desenterravam um pequeno molusco que chamam de chumbinho ou papa-fumo, pouco maior que a unha do polegar. São necessárias horas de trabalho, quase sempre sob um sol intenso, para encher um cesto grande de mariscos, que, depois de limpos, pesam dois quilos e são vendidos a R$ 17 para os comerciantes de pescados da região. Como têm baixo valor comercial, o chumbinho e outros mariscos, como a lambreta e o sururu, são a principal fonte de proteína animal de quase 15 mil famílias de pescadores e catadores de moluscos da baía de Todos os Santos. Vivendo abaixo da linha de pobreza, muitas dessas famílias se alimentam hoje de modo semelhante ao dos primeiros seres humanos que milhares de anos atrás ocuparam a costa do que viria a ser o Brasil.
Atualmente, porém, é recomendável consumir com moderação os peixes e frutos do mar apanhados em Aratu, Itapagi, Suba e em outras áreas mais industrializadas da baía de Todos os Santos. Eles estão contaminados. Concentram alguns metais em níveis superiores aos aceitos por autoridades da saúde como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Muitos desses metais são elementos químicos que, em concentrações bem baixas, são essenciais para uma boa saúde, mas, em níveis altos, podem ser tóxicos. Comer os pescados e os moluscos de áreas contaminadas algumas vezes na semana não chega a causar risco à saúde, afirmam os pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) que, sob a coordenação de Andrade, vêm mapeando nos últimos anos a poluição ambiental na baía de Todos os Santos. Mas os pescadores e os catadores de mariscos, que consomem frutos do mar quase todos os dias, tornam-se mais vulneráveis a desenvolver problemas de saúde associados à exposição contínua a elevadas concentrações de alguns desses metais. CONTINUA!
Por RICARDO ZORZETTO
Edição 201 - Novembro de 2012
Projeto mapeia fontes de poluentes e correntes marinhas na baía de Todos os Santos
Passava um pouco de 11 horas da terça-feira 16 de outubro quando o barco pilotado pelo químico Jailson Bittencourt de Andrade parou junto a um banco de areia no canal que liga a baía de Aratu à imensidão de águas cor de esmeralda da baía de Todos os Santos. Na faixa de areia exposta pela maré baixa cerca de 40 mulheres e algumas crianças, todas negras, andavam de cócoras olhando para o chão. Elas mariscavam. Com uma colher ou apenas com os dedos, desenterravam um pequeno molusco que chamam de chumbinho ou papa-fumo, pouco maior que a unha do polegar. São necessárias horas de trabalho, quase sempre sob um sol intenso, para encher um cesto grande de mariscos, que, depois de limpos, pesam dois quilos e são vendidos a R$ 17 para os comerciantes de pescados da região. Como têm baixo valor comercial, o chumbinho e outros mariscos, como a lambreta e o sururu, são a principal fonte de proteína animal de quase 15 mil famílias de pescadores e catadores de moluscos da baía de Todos os Santos. Vivendo abaixo da linha de pobreza, muitas dessas famílias se alimentam hoje de modo semelhante ao dos primeiros seres humanos que milhares de anos atrás ocuparam a costa do que viria a ser o Brasil.
Atualmente, porém, é recomendável consumir com moderação os peixes e frutos do mar apanhados em Aratu, Itapagi, Suba e em outras áreas mais industrializadas da baía de Todos os Santos. Eles estão contaminados. Concentram alguns metais em níveis superiores aos aceitos por autoridades da saúde como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Muitos desses metais são elementos químicos que, em concentrações bem baixas, são essenciais para uma boa saúde, mas, em níveis altos, podem ser tóxicos. Comer os pescados e os moluscos de áreas contaminadas algumas vezes na semana não chega a causar risco à saúde, afirmam os pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) que, sob a coordenação de Andrade, vêm mapeando nos últimos anos a poluição ambiental na baía de Todos os Santos. Mas os pescadores e os catadores de mariscos, que consomem frutos do mar quase todos os dias, tornam-se mais vulneráveis a desenvolver problemas de saúde associados à exposição contínua a elevadas concentrações de alguns desses metais. CONTINUA!
domingo, 25 de novembro de 2012
A última entrevista de Manuel Bandeira
Para a Luiza
Via Revista Bula
Por Carlos Willian Leite
13.11.2012
Ninguém sabe explicar como aquele homem, castigado, tantos anos, pela doença, não amargou. Disse Mário de Andrade: “Eu fico espantado de como há certos homens no mundo! Tu, por exemplo. Essa sublime bondade inconsciente, bem no íntimo, de quem nem sabe que é bom”. Vou além. Acho que Manuel Bandeira nem tem plena consciência de sua imensa envergadura de gente e poeta. Acho que, talvez, os quatro anos que viveu em sua terra, Recife, é que explicam, mais que os males, o homem de hoje. Diante de mim está o gigante de nossa poesia: Manuel Bandeira, em seu modesto apartamento, atulhado de livros e calor humano, na Avenida Beira-Mar, no Rio. Do bem que lhe querem todos, da ternura que desperta em quem dele se aproxima, basta dizer que Mário de Andrade só o tratava de Manu ou Manuelucho; Rodrigo Melo Franco de Andrade lhe deu o nome de Manula; Madame Blank, sua amiga de almoço de todo o dia, o trata de Mané. Creio que nunca ninguém teve tanto apelido, tanta gente querendo chegá-lo à sua amizade. (Edição e seleção de poemas Carlos Willian Leite).
Manuel Bandeira: Do Recife tenho quatro anos de existência consciente, mas ali está a raiz de toda a minha poesia. Quando comparo esses quatro anos de minha meninice a quaisquer outros quatro anos de minha vida é que vejo o vazio dos últimos.
Rua da União...
Como eram lindos os montes
das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame
de dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
Manuel Bandeira: Meu nome todo é Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho. Fisicamente me pareço com mamãe (D. Francelina): míope, dentuça como eu; no resto sou como meu pai
Que importa a paisagem,
a Glória,
a baía,
a linha do horizonte?
— O que eu vejo é o beco
Manuel Bandeira: Sabe, que meu avô reprovou Castro Alves num exame? Erámos três irmãos. Os mais velhos (Antônio e Maria Cândida) já não existem. Saí do Recife com 2 anos. Deles nada recordo. Viemos pro Sul e com 6 (quando da revolta da Esquadra, em 1892) meu pai nos levou de volta pra casa de meu avô. Fui com 6 e voltei ao Rio com 10. Mas esses quatros anos... Essa coisa de viver, na infância, num lugar e, depois, ser arrancado dele, isola essa vida dentro da vida da gente.
Hoje não ouço mais as vozes
daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?
— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.
Manuel Bandeira: Papai, no Rio, não teve sorte. Aos 40 anos passou por crise religiosa. Dele recordo com intensidade o dia em que exclamou olhando, pra mim, menino de 6 anos: “É impossível que este menino não saiba ler”. Trancou-se comigo na biblioteca, por duas horas. Saí de lá lendo. Outra coisa que me tocou fundo foi ouvi-lo exclamar ao morrer: “Meu Jesus Cristinho!” E eu conto no poema: “Mas Jesus Cristo nem se ‘incomodou!’”
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma.
Manuel Bandeira: Foi o livro de D’Amicis [Edmondo De Amicis, escritor italiano] uma das coisas que mais me marcaram. Ali descobri a literatura e a vida. Isto no Recife. No Rio, eu e meu irmão fomos fazer exame para o Ginásio Nacional (Pedro II). Na casa das Laranjeiras, onde morávamos, nunca faltou pão; mas a luta era dura. Nunca briguei com moleque da rua, mas me impregnei do realismo do povo. (Mais tarde conheci a Lapa.) Comecei fazendo versos pretensamente humorísticos. Com a puberdade, versos de amor. Meus namoros eram sempre calados, namoro de caboclo. E eu, menino ainda, vivia amando moças já feitas. Um dia perguntei a meu tio se Vésper rimava com Cadáver. Ele disse que não. Descobri, mais tarde, que meu ouvido é que estava certo. Tanto se rima consoantemente como toantemente e de outras maneiras. Aprendi que a boa rima é a que traz ao ouvido uma sensação de surpresa, não de raridade, senão de uma espécie de resolução musical. Como nas “Pombas” [poema de Raimundo Correia]: “Raia, sanguínea e fresca, a madrugada”. Entre outros eu tinha como colegas do Pedro II o professor [Antenor] Nascentes, o Artur Moses, o Souza Silveira, o Lopes da Costa. Acabei bacharel em Letras.
Ó caro ruído embalador,
Terno como a canção das amas!
Canta as baladas que mais amas,
Para embalar a minha dor
Manuel Bandeira: Como ainda não havia um bom curso de arquitetura no Rio (eu queria ser arquiteto) fui estudar em São Paulo. Aos 18 anos, nas férias do 1º ano para o 2° da Politécnica, fiquei tuberculoso. Durante muitos anos vivi provisoriamente. Hemoptises, tosse, febre, desesperança. Andei de ceca em meca, alopatia, homeopatia, e em junho de 1913 segui para um sanatório suíço (Clavadel). Meu pai ganhava um conto e novecentos. A passagem, ida e volta, custava 900 mil réis. O sanatório, com balcão e quarto, 360 mil réis que valiam 600 francos suíços. Lá fiquei até outubro de 1914. Com a guerra o franco dobrou e eu não pude continuar lá. Foi quando perguntei ao Dr. Bodmer: “Quanto tempo de vida o senhor me dá?” A resposta: “O senhor tem lesões teoricamente incompatíveis com a vida, mas nenhum sintoma alarmante. Pode durar uns cinco... dez anos”. Calcule! (“Então, doutor!, não é possível tentar o pneumotórax? — Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.”)
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Manuel Bandeira: Na Suíça, conheci, como companheiro de sanatório, o poeta Paul Éluard e Gala [Gala Dalí], que veio a ser sua esposa e, atualmente, é a mulher de Salvador Dalí.
Não quero mais saber
do lirismo
que não é libertação.
Manuel Bandeira: Voltei. Mal tinha dado pra conhecer Paris. Só 44 anos depois pude voltar à Europa. Aqui no Rio eu ficava até tarde, deitado na praia, no Leme, diante das recriminações de todos. Em 1917 publiquei meu primeiro livro, “A Cinza das Horas”, 200 exemplares me custaram 300 mil réis. Em “Carnaval” (publicado em 1919), depois, eu dizia: “Quero beber! Cantar asneiras!”. Pois um crítico observou: “Conseguiu plenamente o que queria”. Nestes dois volumes e em “Ritmo Dissoluto” estão poemas feitos em estado de lucidez. A partir de “Libertinagem” é que me resignei à condição de poeta. Tomei cedo consciência de que era um poeta menor, consciência de minhas limitações. Devo dizer que aprendi muito com os maus poetas: o que devemos evitar.
Ninguém passa na estrada.
Nem um bêbado.
No entanto há seguramente por ela
uma procissão de sombras.
Sombras de todos os que passaram.
Os que ainda vivem e os que já morreram.
Manuel Bandeira: Ao voltar da Suíça eu era um inválido. Basta dizer que papai passou pra mim o montepio de 500 mil réis. Depois dos 50 é que eu pude começar a trabalhar, a ganhar a vida. Fiscal de ensino. Depois fui lecionar Literatura no Pedro II, até 1942. San Tiago Dantas, posteriormente, me convidou para ensinar Literatura Hispano-Americana na Faculdade de Filosofia, onde permaneci até 1956. Traduzi muito, fiz muita crônica, crítica musical, crítica de arte. Mas, durante a minha doença, dependi de meu pai (até que morreu em 1921) e do montepio. Por falar em crítica musical, ocorre-me que sempre fui muito sensível ao desenho e à música. Na verdade, faço versos porque não sei fazer música. Quando morei na Rua do Curvelo conheci melhor Ribeiro Couto, que me aproximou da nova geração literária do Rio e de São Paulo: Ronald, Álvaro Moreyra, Di Cavalcanti, Mário e Oswald de Andrade. Em 1921 Mário veio ler aqui sua “Pauliceia Desvairada”. Foi a última influência que recebi. O que veio depois me encontrou calcificado. Também não quis participar da Semana da Arte Moderna. Pouco me deve o movimento. O que devo a ele é enorme. Mas eu falava de Ribeiro Couto, um dos responsáveis pela minha entrada para a Academia. No tempo da Rua do Curvelo era ele quem me ajudava a ajustar-me ao mundo dos sãos, porque a doença gerara em mim um sentimentalão.
Andorinha lá fora está dizendo:
— “Passei o dia à toa, à toa!”
Andorinha, andorinha,
minha cantiga é mais triste!
Passei a vida à toa, à toa...
Manuel Bandeira: Não. Nunca fui um antiacadêmico. O problema é que eu gostava de tomar minhas licenças com a língua. Não aceito que não se possa dizer “me dê isso”, “me dê aquilo” se até o Laet [Carlos de Laet] dizia. Nada mais gostoso que: “pra mim brincar”. Todos os brasileiros deviam querer falar como os cariocas que não sabem gramática. “Ele já mo deu”... é horrível! Horríveis também são quiçá e alhures. A Rua do Curvelo me ensinou muitas coisas. Foi ali que, vendo os moleques de rua, reaprendi os caminhos da infância. A mim sempre agradou o coloquial e até o baixo calão.
Meu coração está sedento
De tão ardido pelo pranto.
Dai um brando acompanhamento
À canção do meu desencanto.
Manuel Bandeira: Em 1921, papai morto, continuei vivendo com 500 mil réis. Outro dia, fui comprar um queijo: custava 550! Em 1940, houve vaga na Academia, Ribeiro Couto voltou à carga. Eu, inspetor de ensino, tinha perdido o montepio: — os 500 mil réis exatos com que a Academia me acenava. Juntei o meu desejo de segurança ao respeito pela Academia e venci o medo de conspurcá-la com os meus pronomes. (Fora dali, onde só tenho amigos diletos, faço programas e crônicas para a Rádio Ministério da Educação.)
É que na tua voz selvagem,
Voz de cortante, álgida mágoa,
Aprendi na cidade a ouvir
Como um eco que vem na aragem
A estrugir, rugir e mugir,
O lamento das quedas-d'água!
Manuel Bandeira: Um dos mais chegados é o Rodrigo Melo Franco de Andrade. Almoço todos os dias com uma cara amiga, de sadios 84 anos, Madame Blank. Já ao Drummond eu quero um bem imenso, mas nunca sentei na mesa dele pra almoçar. Nem ele na minha. Nos admiramos muito, mas não temos convivência doméstica.
Se queres sentir a felicidade de amar,
esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus — ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Manuel Bandeira: A minha poesia tem tomado um aspecto, assim de preparação para a morte. Estou com 77, vou fazer 78 em abril. Nasci a 19 de abril de 1886. Me sinto cansado. Faço algumas outras coisas, mas só no chão da poesia piso com alguma segurança. Estou perdendo a curiosidade. Prefiro ficar em casa a viajar. Do que imaginei ver só “Ronda Noturna”, de Rembrandt, ultrapassou a expectativa. As obras de arte, “Vênus de Milo” e o resto, de tão divulgadas, já não constituem mais surpresa. Não tenho a menor curiosidade pelo Oriente. Me sinto cem por cento Ocidental.
Provinciano que nunca soube
Escolher bem uma gravata;
Pernambucano a quem repugna
A faca do pernambucano;
Poeta ruim que na arte da prosa
Envelheceu na infância da arte,
E até mesmo escrevendo crônicas
Ficou cronista de província.
Manuel Bandeira: Posso dizer que pouco se me dá, quando morrer, morrer completamente para sempre na minha carne e na minha poesia. Entretanto, já não será possível, para alguns de meus versos, aquela serena paz da morte absoluta, não por virtude própria, mas por culpa de Villa-Lobos (o primeiro a musicar verso meu), Francisco Mignone, Camargo Guarnieri, Lorenzo Fernandez, Jaime Ovalle, Radamés e tantos outros. Gosto de ser traduzido, de ser musicado, de ser fotografado. Criancice? Deus conserve minhas criancices.
Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão — felizes! — num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade
do que do espanto da morte.
Manuel Bandeira: Espiritualmente... minha filosofia é a de Einstein. “Minha religião — disse ele — consiste numa humilde admiração pelo espírito superior e sem limites que se revela nos menores detalhes que possamos perceber com nossos frágeis espíritos. Essa profunda convicção sentimental da presença de uma razão poderosa e superior revelando-se no incompreensível universo — eis a minha ideia de Deus.” Quando li isto, disse comigo mesmo: “É exatamente o que eu sinto”. Não compreendo a negação absoluta de Deus. Como é que veio essa coisa que não começa nem acaba? Tempo infinito... Espaço infinito... Uma coisa absurda que, no entanto, existe!
O pardalzinho nasceu
Livre. Quebraram-lhe a asa.
Sacha lhe deu uma casa,
Água, comida e carinhos.
Foram cuidados em vão:
A casa era uma prisão,
O pardalzinho morreu.
O corpo Sacha enterrou
No jardim; a alma, essa voou
Para o céu dos passarinhos!
Manuel Bandeira: Não sei por que, hoje em dia, tenho pudor de fazer poemas de amor. Muitas vezes, isto se reflete na minha poesia. Não digo tudo, por discreto e a muitos parece hermético. É como se não quisesse que os outros entrassem na minha confidência, no meu segredo. Amei, sim. Mas casar não pude. Primeiro era a saúde. Depois... Minhas finanças. Meus amores não podiam levar-me ao casamento com quinhentos mil réis de montepio.
Aquele pequenino anel que tu me deste,
— Ai de mim — era vidro e logo se quebrou…
Assim também o eterno amor que prometeste,
— Eterno! era bem pouco e cedo se acabou.
Via Revista Bula
Por Carlos Willian Leite
13.11.2012
Manuel Bandeira: Do Recife tenho quatro anos de existência consciente, mas ali está a raiz de toda a minha poesia. Quando comparo esses quatro anos de minha meninice a quaisquer outros quatro anos de minha vida é que vejo o vazio dos últimos.
Rua da União...
Como eram lindos os montes
das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame
de dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
Manuel Bandeira: Meu nome todo é Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho. Fisicamente me pareço com mamãe (D. Francelina): míope, dentuça como eu; no resto sou como meu pai
Que importa a paisagem,
a Glória,
a baía,
a linha do horizonte?
— O que eu vejo é o beco
Manuel Bandeira: Sabe, que meu avô reprovou Castro Alves num exame? Erámos três irmãos. Os mais velhos (Antônio e Maria Cândida) já não existem. Saí do Recife com 2 anos. Deles nada recordo. Viemos pro Sul e com 6 (quando da revolta da Esquadra, em 1892) meu pai nos levou de volta pra casa de meu avô. Fui com 6 e voltei ao Rio com 10. Mas esses quatros anos... Essa coisa de viver, na infância, num lugar e, depois, ser arrancado dele, isola essa vida dentro da vida da gente.
Hoje não ouço mais as vozes
daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?
— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.
Manuel Bandeira: Papai, no Rio, não teve sorte. Aos 40 anos passou por crise religiosa. Dele recordo com intensidade o dia em que exclamou olhando, pra mim, menino de 6 anos: “É impossível que este menino não saiba ler”. Trancou-se comigo na biblioteca, por duas horas. Saí de lá lendo. Outra coisa que me tocou fundo foi ouvi-lo exclamar ao morrer: “Meu Jesus Cristinho!” E eu conto no poema: “Mas Jesus Cristo nem se ‘incomodou!’”
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma.
Manuel Bandeira: Foi o livro de D’Amicis [Edmondo De Amicis, escritor italiano] uma das coisas que mais me marcaram. Ali descobri a literatura e a vida. Isto no Recife. No Rio, eu e meu irmão fomos fazer exame para o Ginásio Nacional (Pedro II). Na casa das Laranjeiras, onde morávamos, nunca faltou pão; mas a luta era dura. Nunca briguei com moleque da rua, mas me impregnei do realismo do povo. (Mais tarde conheci a Lapa.) Comecei fazendo versos pretensamente humorísticos. Com a puberdade, versos de amor. Meus namoros eram sempre calados, namoro de caboclo. E eu, menino ainda, vivia amando moças já feitas. Um dia perguntei a meu tio se Vésper rimava com Cadáver. Ele disse que não. Descobri, mais tarde, que meu ouvido é que estava certo. Tanto se rima consoantemente como toantemente e de outras maneiras. Aprendi que a boa rima é a que traz ao ouvido uma sensação de surpresa, não de raridade, senão de uma espécie de resolução musical. Como nas “Pombas” [poema de Raimundo Correia]: “Raia, sanguínea e fresca, a madrugada”. Entre outros eu tinha como colegas do Pedro II o professor [Antenor] Nascentes, o Artur Moses, o Souza Silveira, o Lopes da Costa. Acabei bacharel em Letras.
Ó caro ruído embalador,
Terno como a canção das amas!
Canta as baladas que mais amas,
Para embalar a minha dor
Manuel Bandeira: Como ainda não havia um bom curso de arquitetura no Rio (eu queria ser arquiteto) fui estudar em São Paulo. Aos 18 anos, nas férias do 1º ano para o 2° da Politécnica, fiquei tuberculoso. Durante muitos anos vivi provisoriamente. Hemoptises, tosse, febre, desesperança. Andei de ceca em meca, alopatia, homeopatia, e em junho de 1913 segui para um sanatório suíço (Clavadel). Meu pai ganhava um conto e novecentos. A passagem, ida e volta, custava 900 mil réis. O sanatório, com balcão e quarto, 360 mil réis que valiam 600 francos suíços. Lá fiquei até outubro de 1914. Com a guerra o franco dobrou e eu não pude continuar lá. Foi quando perguntei ao Dr. Bodmer: “Quanto tempo de vida o senhor me dá?” A resposta: “O senhor tem lesões teoricamente incompatíveis com a vida, mas nenhum sintoma alarmante. Pode durar uns cinco... dez anos”. Calcule! (“Então, doutor!, não é possível tentar o pneumotórax? — Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.”)
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Manuel Bandeira: Na Suíça, conheci, como companheiro de sanatório, o poeta Paul Éluard e Gala [Gala Dalí], que veio a ser sua esposa e, atualmente, é a mulher de Salvador Dalí.
Não quero mais saber
do lirismo
que não é libertação.
Manuel Bandeira: Voltei. Mal tinha dado pra conhecer Paris. Só 44 anos depois pude voltar à Europa. Aqui no Rio eu ficava até tarde, deitado na praia, no Leme, diante das recriminações de todos. Em 1917 publiquei meu primeiro livro, “A Cinza das Horas”, 200 exemplares me custaram 300 mil réis. Em “Carnaval” (publicado em 1919), depois, eu dizia: “Quero beber! Cantar asneiras!”. Pois um crítico observou: “Conseguiu plenamente o que queria”. Nestes dois volumes e em “Ritmo Dissoluto” estão poemas feitos em estado de lucidez. A partir de “Libertinagem” é que me resignei à condição de poeta. Tomei cedo consciência de que era um poeta menor, consciência de minhas limitações. Devo dizer que aprendi muito com os maus poetas: o que devemos evitar.
Ninguém passa na estrada.
Nem um bêbado.
No entanto há seguramente por ela
uma procissão de sombras.
Sombras de todos os que passaram.
Os que ainda vivem e os que já morreram.
Manuel Bandeira: Ao voltar da Suíça eu era um inválido. Basta dizer que papai passou pra mim o montepio de 500 mil réis. Depois dos 50 é que eu pude começar a trabalhar, a ganhar a vida. Fiscal de ensino. Depois fui lecionar Literatura no Pedro II, até 1942. San Tiago Dantas, posteriormente, me convidou para ensinar Literatura Hispano-Americana na Faculdade de Filosofia, onde permaneci até 1956. Traduzi muito, fiz muita crônica, crítica musical, crítica de arte. Mas, durante a minha doença, dependi de meu pai (até que morreu em 1921) e do montepio. Por falar em crítica musical, ocorre-me que sempre fui muito sensível ao desenho e à música. Na verdade, faço versos porque não sei fazer música. Quando morei na Rua do Curvelo conheci melhor Ribeiro Couto, que me aproximou da nova geração literária do Rio e de São Paulo: Ronald, Álvaro Moreyra, Di Cavalcanti, Mário e Oswald de Andrade. Em 1921 Mário veio ler aqui sua “Pauliceia Desvairada”. Foi a última influência que recebi. O que veio depois me encontrou calcificado. Também não quis participar da Semana da Arte Moderna. Pouco me deve o movimento. O que devo a ele é enorme. Mas eu falava de Ribeiro Couto, um dos responsáveis pela minha entrada para a Academia. No tempo da Rua do Curvelo era ele quem me ajudava a ajustar-me ao mundo dos sãos, porque a doença gerara em mim um sentimentalão.
Andorinha lá fora está dizendo:
— “Passei o dia à toa, à toa!”
Andorinha, andorinha,
minha cantiga é mais triste!
Passei a vida à toa, à toa...
Manuel Bandeira: Não. Nunca fui um antiacadêmico. O problema é que eu gostava de tomar minhas licenças com a língua. Não aceito que não se possa dizer “me dê isso”, “me dê aquilo” se até o Laet [Carlos de Laet] dizia. Nada mais gostoso que: “pra mim brincar”. Todos os brasileiros deviam querer falar como os cariocas que não sabem gramática. “Ele já mo deu”... é horrível! Horríveis também são quiçá e alhures. A Rua do Curvelo me ensinou muitas coisas. Foi ali que, vendo os moleques de rua, reaprendi os caminhos da infância. A mim sempre agradou o coloquial e até o baixo calão.
Meu coração está sedento
De tão ardido pelo pranto.
Dai um brando acompanhamento
À canção do meu desencanto.
Manuel Bandeira: Em 1921, papai morto, continuei vivendo com 500 mil réis. Outro dia, fui comprar um queijo: custava 550! Em 1940, houve vaga na Academia, Ribeiro Couto voltou à carga. Eu, inspetor de ensino, tinha perdido o montepio: — os 500 mil réis exatos com que a Academia me acenava. Juntei o meu desejo de segurança ao respeito pela Academia e venci o medo de conspurcá-la com os meus pronomes. (Fora dali, onde só tenho amigos diletos, faço programas e crônicas para a Rádio Ministério da Educação.)
É que na tua voz selvagem,
Voz de cortante, álgida mágoa,
Aprendi na cidade a ouvir
Como um eco que vem na aragem
A estrugir, rugir e mugir,
O lamento das quedas-d'água!
Manuel Bandeira: Um dos mais chegados é o Rodrigo Melo Franco de Andrade. Almoço todos os dias com uma cara amiga, de sadios 84 anos, Madame Blank. Já ao Drummond eu quero um bem imenso, mas nunca sentei na mesa dele pra almoçar. Nem ele na minha. Nos admiramos muito, mas não temos convivência doméstica.
Se queres sentir a felicidade de amar,
esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus — ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Manuel Bandeira: A minha poesia tem tomado um aspecto, assim de preparação para a morte. Estou com 77, vou fazer 78 em abril. Nasci a 19 de abril de 1886. Me sinto cansado. Faço algumas outras coisas, mas só no chão da poesia piso com alguma segurança. Estou perdendo a curiosidade. Prefiro ficar em casa a viajar. Do que imaginei ver só “Ronda Noturna”, de Rembrandt, ultrapassou a expectativa. As obras de arte, “Vênus de Milo” e o resto, de tão divulgadas, já não constituem mais surpresa. Não tenho a menor curiosidade pelo Oriente. Me sinto cem por cento Ocidental.
Provinciano que nunca soube
Escolher bem uma gravata;
Pernambucano a quem repugna
A faca do pernambucano;
Poeta ruim que na arte da prosa
Envelheceu na infância da arte,
E até mesmo escrevendo crônicas
Ficou cronista de província.
Manuel Bandeira: Posso dizer que pouco se me dá, quando morrer, morrer completamente para sempre na minha carne e na minha poesia. Entretanto, já não será possível, para alguns de meus versos, aquela serena paz da morte absoluta, não por virtude própria, mas por culpa de Villa-Lobos (o primeiro a musicar verso meu), Francisco Mignone, Camargo Guarnieri, Lorenzo Fernandez, Jaime Ovalle, Radamés e tantos outros. Gosto de ser traduzido, de ser musicado, de ser fotografado. Criancice? Deus conserve minhas criancices.
Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão — felizes! — num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade
do que do espanto da morte.
Manuel Bandeira: Espiritualmente... minha filosofia é a de Einstein. “Minha religião — disse ele — consiste numa humilde admiração pelo espírito superior e sem limites que se revela nos menores detalhes que possamos perceber com nossos frágeis espíritos. Essa profunda convicção sentimental da presença de uma razão poderosa e superior revelando-se no incompreensível universo — eis a minha ideia de Deus.” Quando li isto, disse comigo mesmo: “É exatamente o que eu sinto”. Não compreendo a negação absoluta de Deus. Como é que veio essa coisa que não começa nem acaba? Tempo infinito... Espaço infinito... Uma coisa absurda que, no entanto, existe!
O pardalzinho nasceu
Livre. Quebraram-lhe a asa.
Sacha lhe deu uma casa,
Água, comida e carinhos.
Foram cuidados em vão:
A casa era uma prisão,
O pardalzinho morreu.
O corpo Sacha enterrou
No jardim; a alma, essa voou
Para o céu dos passarinhos!
Manuel Bandeira: Não sei por que, hoje em dia, tenho pudor de fazer poemas de amor. Muitas vezes, isto se reflete na minha poesia. Não digo tudo, por discreto e a muitos parece hermético. É como se não quisesse que os outros entrassem na minha confidência, no meu segredo. Amei, sim. Mas casar não pude. Primeiro era a saúde. Depois... Minhas finanças. Meus amores não podiam levar-me ao casamento com quinhentos mil réis de montepio.
Aquele pequenino anel que tu me deste,
— Ai de mim — era vidro e logo se quebrou…
Assim também o eterno amor que prometeste,
— Eterno! era bem pouco e cedo se acabou.
Nota: Entrevista concedida ao jornalista Pedro Bloch e publicada na revista “Manchete”, em março de 1964, e republicada no livro “Pedro Bloch Entrevista”, Bloch Editores, em 1989.
A safra de 1942 - Gil, Caetano, Paulinho, Milton... Afinal, que água eles beberam?
Via Estadão
Por Roberto Nascimento
24.11.2012
Quando eles tinham 14 anos, que sons vinham do rádio e das praças para formar uma turma tão prodigiosa?
Os espíritas diriam que foi uma reencarnação em massa de mentes iluminadas. Quiroga - ou Susan Miller - identificariam uma conjunção planetária das brabas em ação nos céus da época. Nostradamus, sem dúvida, opinou. Mas há pouco, na esfera da lógica, que nos ajude a esclarecer a força criativa dos anos 60.
O que havia, por exemplo, na água para que a época produzisse uma média tão alta de gênios por ano e metro quadrado (Dylan, Hendrix, Sir Paul McCartney, Sir Paulinho da Viola)? O que comiam os monstros dos anos 60, que continuam sagrados, ano após ano, e ainda reinam vitalícios ou póstumos no altar da cultura pop brasileira, sem perder a influência sobre o que acontece hoje em dia? A verdade é que ninguém sabe, e talvez o melhor seja encarar os anos 60 da mesma forma que os macacos de Stanley Kubrick encaram o monólito: fascinados e temerosos. Mas a pergunta há de voltar, principalmente em um ano como 2012, em que Gilberto Gil, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Milton Nascimento, Tim Maia (in memoriam) e Jorge Ben Jor (este último sem voto unânime) fazem 70 anos. CONTINUA!
Por Roberto Nascimento
24.11.2012
Quando eles tinham 14 anos, que sons vinham do rádio e das praças para formar uma turma tão prodigiosa?
Os espíritas diriam que foi uma reencarnação em massa de mentes iluminadas. Quiroga - ou Susan Miller - identificariam uma conjunção planetária das brabas em ação nos céus da época. Nostradamus, sem dúvida, opinou. Mas há pouco, na esfera da lógica, que nos ajude a esclarecer a força criativa dos anos 60.
O que havia, por exemplo, na água para que a época produzisse uma média tão alta de gênios por ano e metro quadrado (Dylan, Hendrix, Sir Paul McCartney, Sir Paulinho da Viola)? O que comiam os monstros dos anos 60, que continuam sagrados, ano após ano, e ainda reinam vitalícios ou póstumos no altar da cultura pop brasileira, sem perder a influência sobre o que acontece hoje em dia? A verdade é que ninguém sabe, e talvez o melhor seja encarar os anos 60 da mesma forma que os macacos de Stanley Kubrick encaram o monólito: fascinados e temerosos. Mas a pergunta há de voltar, principalmente em um ano como 2012, em que Gilberto Gil, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Milton Nascimento, Tim Maia (in memoriam) e Jorge Ben Jor (este último sem voto unânime) fazem 70 anos. CONTINUA!
sábado, 24 de novembro de 2012
Dilma demite chefe do escritório da Presidência em São Paulo
Via Estadão
Por Tânia Monteiro
24.11.2012
Presidente também exonera o advogado geral da União substituto; diretores da ANA e ANAC serão afastados
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff decidiu exonerar a chefe do escritório da Representação da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha, indiciada pela Polícia Federal por corrupção e tráfico de influência. O advogado geral da União substituto, José Weber Holanda, também será exonerado da função que exerce de número 2 do órgão.
Os diretores das agências ANA (Agência Nacional de Águas), Paulo Rodrigues Vieira, e seu irmão, Rubens Rodrigues Vieira, da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), que estão presos, serão afastados e haverá abertura de processos disciplinares contra eles, já que o processo deles é mais complexo pois as suas indicações passaram pelo Congresso. Todos os servidores indiciados serão afastados ou demitidos pelo governo. Os órgãos citados na Operação Porto Seguro da Polícia Federal passarão por sindicâncias internas para que responsabilidades sejam apuradas, além de verificar se há envolvimento de outros funcionários nas denúncias. CONTINUA!
Por Tânia Monteiro
24.11.2012
Presidente também exonera o advogado geral da União substituto; diretores da ANA e ANAC serão afastados
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff decidiu exonerar a chefe do escritório da Representação da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha, indiciada pela Polícia Federal por corrupção e tráfico de influência. O advogado geral da União substituto, José Weber Holanda, também será exonerado da função que exerce de número 2 do órgão.
Os diretores das agências ANA (Agência Nacional de Águas), Paulo Rodrigues Vieira, e seu irmão, Rubens Rodrigues Vieira, da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), que estão presos, serão afastados e haverá abertura de processos disciplinares contra eles, já que o processo deles é mais complexo pois as suas indicações passaram pelo Congresso. Todos os servidores indiciados serão afastados ou demitidos pelo governo. Os órgãos citados na Operação Porto Seguro da Polícia Federal passarão por sindicâncias internas para que responsabilidades sejam apuradas, além de verificar se há envolvimento de outros funcionários nas denúncias. CONTINUA!
Veja
também no Estadão:
PF apreende documentos no escritório da Presidência da República em SP
PF apreende 18 malotes de documentos em seis órgãos públicos federais
Operação Porto Seguro resulta no indiciamento de 18 pessoas
ESPECIAL: No início do governo, Dilma realizou faxina
PF apreende documentos no escritório da Presidência da República em SP
PF apreende 18 malotes de documentos em seis órgãos públicos federais
Operação Porto Seguro resulta no indiciamento de 18 pessoas
ESPECIAL: No início do governo, Dilma realizou faxina
***
Veja no blog do Noblat:
Parlamentares e população baiana reagem contra envio de material tóxico de Cubatão para Camaçari
Via EcoDebate
Por Alex Rodrigues, da Agência Brasil
23.11.2012
Parlamentares e cidadãos baianos prometem agir para impedir que toneladas de resíduos industriais tóxicos – há décadas armazenados pela empresa multinacional Rhodia em terrenos de Cubatão (SP), sejam transportados e queimados em Camaçari, na região metropolitana de Salvador (BA).
Após a Agência Brasil divulgar, nesta terça-feira (20), com exclusividade, que o Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) da Bahia e a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) de São Paulo autorizaram o envio de toneladas de material contaminado por substâncias organocloradas como o pó da china (pentaclorofenato de sódio) e o hexaclorobenzeno para serem incineradas pela empresa de soluções ambientais Cetrel Lumina, as manifestações de repúdio à decisão vêm ganhando corpo.
Em Camaçari, além dos alertas e campanhas compartilhados entre usuários de redes sociais, os vereadores do Democratas, Antonio Elinaldo e Manoel Jorge Curvelo, prometem entrar, ainda hoje (22), com uma representação junto ao Ministério Público estadual para impedir o envio do material à Bahia.
“É uma falta de responsabilidade com a população permitir que este produto venha para Camaçari, que já tem tantos problemas de saúde”, disse Elinaldo, indiferente às manifestações dos órgãos ambientais baiano e paulista, que garantem que a operação só foi aprovada após a Cetrel Lumina ter realizado testes de queima de provas do material, comprovando a eficácia do incinerador para eliminar integralmente qualquer resíduo que ofereça risco à população.
“A população não vai ter ganho nenhum com isso e nem é obrigada a correr riscos, que existem. Temos exemplos comprovando que estes produtos causam danos [à saúde e ao meio ambiente]. Vamos verificar porque trazer esse material para a cidade, ao invés de queimá-lo em São Paulo mesmo”, disse Elinaldo, por telefone, a Agência Brasil.
Os testes de queima realizados pela Cetrel foram, segundo a Cetesb e o Inema, uma exigência do Ministério Público estadual para que o transporte e a queima fossem autorizados. Em 2003, a Rhodia já havia obtido o aval dos órgãos ambientais oficiais para transportar e incinerar parte do material contaminado que está armazenado em São Vicente. A Rhodia chegou a enviar para Camaçari 3,6 mil toneladas do lixo tóxico, mas, em fevereiro de 2004, o juiz Ricardo D’Ávila, da 5ª Vara da Fazenda Pública da Bahia, proibiu a continuidade da operação.
Ao discursar, em 21/11, na Assembleia Legislativa, a deputada estadual Luiza Maia (PT) também prometeu recorrer à Justiça para impedir que o material contaminado seja incinerado em Camaçari.
“Atenção ambientalistas de Camaçari. Não vamos aceitar o lixo químico de São Paulo. Todos à luta: revogação da licença do Inema já!”, escreveu a deputada no twitter, antes do início da sessão na assembleia.
O deputado Bira Corôa (PT) também se pronunciou contra a iniciativa, durante a sessão de ontem da Assembleia Legislativa, Ele afirmou que a queima dos resíduos da Rhodia são uma ameaça não só para a população de Camaçari e região, mas também para as cidades por onde vão passar os caminhões nos quais o material vai ser transportado. “Convocamos a sociedade civil para começar uma campanha contra esse absurdo, que atenta contra a saúde pública e o meio ambiente”, conclamou Corôa. No twitter, o deputado sustentou que a queima do material é proibida no estado de São Paulo porque o estado adota limites mais restritivos de índices de emissão de poluentes junto à fumaça resultante da queima.
Leia também:
Autoridades de São Vicente aguardam resultado de testes para discutir envio de material tóxico para Camaçari
Por Alex Rodrigues, da Agência Brasil
23.11.2012
Parlamentares e cidadãos baianos prometem agir para impedir que toneladas de resíduos industriais tóxicos – há décadas armazenados pela empresa multinacional Rhodia em terrenos de Cubatão (SP), sejam transportados e queimados em Camaçari, na região metropolitana de Salvador (BA).
Após a Agência Brasil divulgar, nesta terça-feira (20), com exclusividade, que o Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) da Bahia e a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) de São Paulo autorizaram o envio de toneladas de material contaminado por substâncias organocloradas como o pó da china (pentaclorofenato de sódio) e o hexaclorobenzeno para serem incineradas pela empresa de soluções ambientais Cetrel Lumina, as manifestações de repúdio à decisão vêm ganhando corpo.
Em Camaçari, além dos alertas e campanhas compartilhados entre usuários de redes sociais, os vereadores do Democratas, Antonio Elinaldo e Manoel Jorge Curvelo, prometem entrar, ainda hoje (22), com uma representação junto ao Ministério Público estadual para impedir o envio do material à Bahia.
“É uma falta de responsabilidade com a população permitir que este produto venha para Camaçari, que já tem tantos problemas de saúde”, disse Elinaldo, indiferente às manifestações dos órgãos ambientais baiano e paulista, que garantem que a operação só foi aprovada após a Cetrel Lumina ter realizado testes de queima de provas do material, comprovando a eficácia do incinerador para eliminar integralmente qualquer resíduo que ofereça risco à população.
“A população não vai ter ganho nenhum com isso e nem é obrigada a correr riscos, que existem. Temos exemplos comprovando que estes produtos causam danos [à saúde e ao meio ambiente]. Vamos verificar porque trazer esse material para a cidade, ao invés de queimá-lo em São Paulo mesmo”, disse Elinaldo, por telefone, a Agência Brasil.
Os testes de queima realizados pela Cetrel foram, segundo a Cetesb e o Inema, uma exigência do Ministério Público estadual para que o transporte e a queima fossem autorizados. Em 2003, a Rhodia já havia obtido o aval dos órgãos ambientais oficiais para transportar e incinerar parte do material contaminado que está armazenado em São Vicente. A Rhodia chegou a enviar para Camaçari 3,6 mil toneladas do lixo tóxico, mas, em fevereiro de 2004, o juiz Ricardo D’Ávila, da 5ª Vara da Fazenda Pública da Bahia, proibiu a continuidade da operação.
Ao discursar, em 21/11, na Assembleia Legislativa, a deputada estadual Luiza Maia (PT) também prometeu recorrer à Justiça para impedir que o material contaminado seja incinerado em Camaçari.
“Atenção ambientalistas de Camaçari. Não vamos aceitar o lixo químico de São Paulo. Todos à luta: revogação da licença do Inema já!”, escreveu a deputada no twitter, antes do início da sessão na assembleia.
O deputado Bira Corôa (PT) também se pronunciou contra a iniciativa, durante a sessão de ontem da Assembleia Legislativa, Ele afirmou que a queima dos resíduos da Rhodia são uma ameaça não só para a população de Camaçari e região, mas também para as cidades por onde vão passar os caminhões nos quais o material vai ser transportado. “Convocamos a sociedade civil para começar uma campanha contra esse absurdo, que atenta contra a saúde pública e o meio ambiente”, conclamou Corôa. No twitter, o deputado sustentou que a queima do material é proibida no estado de São Paulo porque o estado adota limites mais restritivos de índices de emissão de poluentes junto à fumaça resultante da queima.
Leia também:
Autoridades de São Vicente aguardam resultado de testes para discutir envio de material tóxico para Camaçari
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Joaquim Barbosa toma posse como presidente do STF
Via Jornal Nacional
22.11.2012
Ele defendeu a independência dos magistrados e afirmou que a Justiça deve ser acessível a todos.
O ministro Joaquim Barbosa tomou posse nesta quinta-feira (22) como presidente do Supremo Tribunal Federal. Ele defendeu a independência dos magistrados e afirmou que a Justiça deve ser acessível a todos.
Na plateia, a mãe, dona Benedita, irmãos e o filho Felipe. E autoridades: ex-ministros do Supremo, o presidente do Senado, José Sarney, e a presidente Dilma Rousseff. O hino nacional foi ao som de um bandolim.
O ministro mais antigo da corte, Celso de Mello, empossou Joaquim Benedito Barbosa Gomes como presidente do Supremo Tribunal Federal.
“Declaro empossado no cargo de presidente do STF e do CNJ o eminente ministro Joaquim Barbosa”, afirmou ele.
E Barbosa empossou o vice-presidente, Ricardo Lewandowski. A saudação ao primeiro ministro negro a ocupar a presidência do Supremo foi feita pelo ministro Luiz Fux.
“Sonhe como sonhou Mandela pela igualdade e Martin Luther King revelou ter sonhado que um dia os homens seriam iguais, trabalhariam e rezariam juntos, e vê-se hoje que os sonhos não inventam”, afirmou Fux.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, elogiou o ex-presidente do Supremo, ministro Ayres Britto, e destacou qualidades de Joaquim Barbosa:
“Integridade, independência e firmeza. Qualidades essenciais que têm acompanhado vossa excelência durante toda a sua vida, e sobretudo nos momentos particularmente complexos e difíceis.”
Em um discurso de 17 minutos, o presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, fez uma defesa veemente da independência dos juízes, dizendo que eles devem ser imunes a pressões políticas. Afirmou também que os cidadãos ainda são tratados de forma desigual no Brasil e que é preciso fazer com que a justiça seja acessível a todos.
“O que se vê aqui e acolá, não sempre, é claro, mas às vezes sim, é o tratamento privilegiado. O Judiciário que aspiramos a ter é um Judiciário sem firulas, sem floreios, sem rapapés”, disse Barbosa. “É preciso reforçar a independência do juiz; afastá-lo desde o ingresso na carreira das múltiplas e nocivas influências que podem paulatinamente minar-lhe a independência”, completou. VEJA O VÍDEO!
22.11.2012
Ele defendeu a independência dos magistrados e afirmou que a Justiça deve ser acessível a todos.
O ministro Joaquim Barbosa tomou posse nesta quinta-feira (22) como presidente do Supremo Tribunal Federal. Ele defendeu a independência dos magistrados e afirmou que a Justiça deve ser acessível a todos.
Na plateia, a mãe, dona Benedita, irmãos e o filho Felipe. E autoridades: ex-ministros do Supremo, o presidente do Senado, José Sarney, e a presidente Dilma Rousseff. O hino nacional foi ao som de um bandolim.
O ministro mais antigo da corte, Celso de Mello, empossou Joaquim Benedito Barbosa Gomes como presidente do Supremo Tribunal Federal.
“Declaro empossado no cargo de presidente do STF e do CNJ o eminente ministro Joaquim Barbosa”, afirmou ele.
E Barbosa empossou o vice-presidente, Ricardo Lewandowski. A saudação ao primeiro ministro negro a ocupar a presidência do Supremo foi feita pelo ministro Luiz Fux.
“Sonhe como sonhou Mandela pela igualdade e Martin Luther King revelou ter sonhado que um dia os homens seriam iguais, trabalhariam e rezariam juntos, e vê-se hoje que os sonhos não inventam”, afirmou Fux.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, elogiou o ex-presidente do Supremo, ministro Ayres Britto, e destacou qualidades de Joaquim Barbosa:
“Integridade, independência e firmeza. Qualidades essenciais que têm acompanhado vossa excelência durante toda a sua vida, e sobretudo nos momentos particularmente complexos e difíceis.”
Em um discurso de 17 minutos, o presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, fez uma defesa veemente da independência dos juízes, dizendo que eles devem ser imunes a pressões políticas. Afirmou também que os cidadãos ainda são tratados de forma desigual no Brasil e que é preciso fazer com que a justiça seja acessível a todos.
“O que se vê aqui e acolá, não sempre, é claro, mas às vezes sim, é o tratamento privilegiado. O Judiciário que aspiramos a ter é um Judiciário sem firulas, sem floreios, sem rapapés”, disse Barbosa. “É preciso reforçar a independência do juiz; afastá-lo desde o ingresso na carreira das múltiplas e nocivas influências que podem paulatinamente minar-lhe a independência”, completou. VEJA O VÍDEO!
Estudo aponta para o risco das reservas de água do subsolo do planeta entrarem em colapso
Via EcoDebate
22.11.2012
Seca subterrânea – Estudo publicado na revista Nature Geoscience aponta para o risco de as reservas de água do subsolo do planeta entrarem em colapso. Problema está na má gestão do recurso hídrico, aliada aos efeitos das mudanças climáticas
Sob a terra sólida, corre a maior reserva de água potável líquida do mundo, um verdadeiro tesouro cobiçado, principalmente, por agricultores. Todos os dias, milhões de litros são drenados do solo para a produção de alimentos em todo o planeta, um método prático e barato, mas que começa a cobrar seu preço. Uma análise [Regional strategies for the accelerating global problem of groundwater depletion] publicada ontem na revista especializada on-line Nature Geoscience alerta para a possibilidade da perda permanente de algumas dessas fontes, motivada pela falta de planejamento na exploração dos aquíferos combinada com os efeitos da mudança climática. Matéria de Roberta Machado, no Correio Braziliense, socializada pelo ClippingMP.
De acordo com os autores do artigo, uma ação urgente é necessária para estabilizar os níveis nessas regiões e garantir a produção de alimentos. “A questão é urgente em algumas regiões, onde a queda dos níveis de água torna cada vez mais difícil o suprimento para irrigação. Isso pode causar um impacto na produção da agricultura e no mercado de alimentos”, avisa o alemão Werner Aeschbach-Hertig, um dos responsáveis pela análise. De acordo com a publicação, cerca de 90% de todo a água usada no mundo tem como destino as plantações irrigadas, responsáveis por 40% da produção global de comida.
A falta de equilíbrio no sistema causa prejuízo na vegetação das regiões exploradas e ainda influencia no aumento do nível dos oceanos. A redução do volume no subterrâneo ainda pode induzir o fluxo do líquido, que sofre um processo de salinização e poluição, com o deslocamento para outras áreas.
Isso acontece, de acordo com o especialista, porque a recuperação dessas fontes costuma ser mais lenta que a velocidade de extração. A conta, no entanto, é mais complicada do que parece. A interferência em um aquífero muda o ritmo de produção de água, criando um equilíbrio dinâmico e difícil de ser mantido. Parte da água usada na irrigação também retorna a terra pela evapotranspiração, mas esse processo não pode ser medido com precisão.
Estima-se que cerca de 1,5 trilhão de litros de água sejam retirados do solo todos os anos. O volume representa somente um décimo do volume produzido pelo planeta no mesmo período. Parece pouco, mas, mesmo que a exploração retire apenas uma fração do que é criado, a concentração dos poços em determinadas regiões põe em risco todo o sistema. Um aquífero pode levar horas ou anos para voltar ao seu salto de água original, mas, se o dano for muito profundo, é possível que ele nunca volte ao normal, e aquela fonte seja perdida.
Problema global
O perigo, ressalta Aeschbach-Hertig, é para todos. Contudo, o esgotamento do aquífero atinge áreas semiáridas e úmidas de uma forma mais intensa do que regiões carentes de água. Isso ocorre porque a exploração acaba influenciando mais que os fatores climáticos. Entre os locais com depósitos mais afetados está o nordeste da China, o oeste dos Estados Unidos, o norte da África e países como México, Irã e Arábia Saudita.
São locais prejudicados pela alta concentração da exploração, como as grandes planícies norte-americanas, onde um terço de todo o consumo do recurso se reúne em apenas 4% da região. Mesmo procurando seguir um ritmo constante e seguro de extração, muitos agricultores levaram à extinção de aquíferos e à degradação ecológica.
O ponto mais prejudicado pela extração desenfreada é a Planície Indo-Gangética, que inclui partes do Paquistão, o norte da Índia e Bangladesh. Mais de 1 bilhão de pessoas vivem na região. O problema teve início nos anos 1970, quando a tecnologia permitiu que os agricultores abandonassem a exploração dos rios e criassem milhões de poços que funcionam sem qualquer regulação. “Um bom exemplo de mau gerenciamento é o fato de que fazendeiros podem obter eletricidade apenas bombeando água a preços muito baixos. Embora isso ajude a melhorar suas vidas, tem um efeito ruim nos reservatórios”, exemplifica o autor do artigo.
Somente na Índia, a agricultura consome o dobro de água subterrânea que os Estados Unidos ou a China. Essa falta de cuidados tem levado a uma diminuição de mais de 1m no nível dos aquíferos todos os anos. Em pouco tempo, é possível que alguns deles sejam reduzidos a volumes tão pequenos que tornem seu uso inviável, um quadro que muitas vezes não pode ser revertido.
Brasil
No Brasil, os níveis de exploração permanecem relativamente baixos, devido ao clima úmido da maior parte do território e à alta oferta de água superficial. Mas a má gestão dos recursos naturais pode colocar em risco essa abundância. “Um exemplo é o próprio Distrito Federal, que tem uma situação de abastecimento bastante delicada. Produzimos praticamente a mesma quantidade de água que consumimos, e somos, infelizmente, uma população mal-educada, com um histórico de desperdício”, lamenta Gustavo Souto Maior, professor do Núcleo de Estudos Ambientais da Universidade de Brasília (UnB).
De acordo com o engenheiro, além do uso consciente da água, é necessária uma regulação rígida sobre a criação e exploração de poços artesianos no país. “São milhares de poços abertos sem o menor controle por parte do poder público. Esse controle tem de ser feito não somente pela quantidade de água retirada, mas também pela qualidade da água, pois muitos poços são abertos em locais inapropriados, como próximo a áreas com esgoto”, afirma o engenheiro. Um dos pontos do DF mais prejudicados pelo uso indevido é a Bacia do Rio Preto, onde há grande produção agrícola.
A falta de controle é uma questão mundial, o que torna difícil medir a dimensão do problema. Sem supervisão de agências reguladoras, muitos produtores de diversos países recorrem a soluções técnicas que buscam aumentar a eficiência da irrigação e até mesmo repor a água retirada, mas essas estratégias não são suficientes.
Para o pesquisador, cada caso exige uma análise especializada, que leve em conta os aspectos geológicos, econômicos e sociais da região para criar um plano de longo prazo. Entre as medidas que podem ser utilizadas, estão a divisão de grandes plantações em campos menores e a irrigação combinada com águas de rios e outras fontes superficiais.
Um exemplo positivo é o Texas, nos Estados Unidos, que passou a manter o planejamento de seu sistema subterrâneo ao menos 50 anos adiantado, com objetivos como a manutenção de fontes especiais para o equilíbrio ecológico ou a preservação de determinado fluxo. E, a cada cinco anos, a estratégia passa por adaptações baseadas em avaliações regulares.
Regional strategies for the accelerating global problem of groundwater depletion
Werner Aeschbach-Hertig / Tom Gleeson
Nature Geoscience doi:10.1038/ngeo1617
http://www.nature.com/ngeo/journal/vaop/ncurrent/full/ngeo1617.html
22.11.2012
Seca subterrânea – Estudo publicado na revista Nature Geoscience aponta para o risco de as reservas de água do subsolo do planeta entrarem em colapso. Problema está na má gestão do recurso hídrico, aliada aos efeitos das mudanças climáticas
Sob a terra sólida, corre a maior reserva de água potável líquida do mundo, um verdadeiro tesouro cobiçado, principalmente, por agricultores. Todos os dias, milhões de litros são drenados do solo para a produção de alimentos em todo o planeta, um método prático e barato, mas que começa a cobrar seu preço. Uma análise [Regional strategies for the accelerating global problem of groundwater depletion] publicada ontem na revista especializada on-line Nature Geoscience alerta para a possibilidade da perda permanente de algumas dessas fontes, motivada pela falta de planejamento na exploração dos aquíferos combinada com os efeitos da mudança climática. Matéria de Roberta Machado, no Correio Braziliense, socializada pelo ClippingMP.
De acordo com os autores do artigo, uma ação urgente é necessária para estabilizar os níveis nessas regiões e garantir a produção de alimentos. “A questão é urgente em algumas regiões, onde a queda dos níveis de água torna cada vez mais difícil o suprimento para irrigação. Isso pode causar um impacto na produção da agricultura e no mercado de alimentos”, avisa o alemão Werner Aeschbach-Hertig, um dos responsáveis pela análise. De acordo com a publicação, cerca de 90% de todo a água usada no mundo tem como destino as plantações irrigadas, responsáveis por 40% da produção global de comida.
A falta de equilíbrio no sistema causa prejuízo na vegetação das regiões exploradas e ainda influencia no aumento do nível dos oceanos. A redução do volume no subterrâneo ainda pode induzir o fluxo do líquido, que sofre um processo de salinização e poluição, com o deslocamento para outras áreas.
Isso acontece, de acordo com o especialista, porque a recuperação dessas fontes costuma ser mais lenta que a velocidade de extração. A conta, no entanto, é mais complicada do que parece. A interferência em um aquífero muda o ritmo de produção de água, criando um equilíbrio dinâmico e difícil de ser mantido. Parte da água usada na irrigação também retorna a terra pela evapotranspiração, mas esse processo não pode ser medido com precisão.
Estima-se que cerca de 1,5 trilhão de litros de água sejam retirados do solo todos os anos. O volume representa somente um décimo do volume produzido pelo planeta no mesmo período. Parece pouco, mas, mesmo que a exploração retire apenas uma fração do que é criado, a concentração dos poços em determinadas regiões põe em risco todo o sistema. Um aquífero pode levar horas ou anos para voltar ao seu salto de água original, mas, se o dano for muito profundo, é possível que ele nunca volte ao normal, e aquela fonte seja perdida.
Problema global
O perigo, ressalta Aeschbach-Hertig, é para todos. Contudo, o esgotamento do aquífero atinge áreas semiáridas e úmidas de uma forma mais intensa do que regiões carentes de água. Isso ocorre porque a exploração acaba influenciando mais que os fatores climáticos. Entre os locais com depósitos mais afetados está o nordeste da China, o oeste dos Estados Unidos, o norte da África e países como México, Irã e Arábia Saudita.
São locais prejudicados pela alta concentração da exploração, como as grandes planícies norte-americanas, onde um terço de todo o consumo do recurso se reúne em apenas 4% da região. Mesmo procurando seguir um ritmo constante e seguro de extração, muitos agricultores levaram à extinção de aquíferos e à degradação ecológica.
O ponto mais prejudicado pela extração desenfreada é a Planície Indo-Gangética, que inclui partes do Paquistão, o norte da Índia e Bangladesh. Mais de 1 bilhão de pessoas vivem na região. O problema teve início nos anos 1970, quando a tecnologia permitiu que os agricultores abandonassem a exploração dos rios e criassem milhões de poços que funcionam sem qualquer regulação. “Um bom exemplo de mau gerenciamento é o fato de que fazendeiros podem obter eletricidade apenas bombeando água a preços muito baixos. Embora isso ajude a melhorar suas vidas, tem um efeito ruim nos reservatórios”, exemplifica o autor do artigo.
Somente na Índia, a agricultura consome o dobro de água subterrânea que os Estados Unidos ou a China. Essa falta de cuidados tem levado a uma diminuição de mais de 1m no nível dos aquíferos todos os anos. Em pouco tempo, é possível que alguns deles sejam reduzidos a volumes tão pequenos que tornem seu uso inviável, um quadro que muitas vezes não pode ser revertido.
Brasil
No Brasil, os níveis de exploração permanecem relativamente baixos, devido ao clima úmido da maior parte do território e à alta oferta de água superficial. Mas a má gestão dos recursos naturais pode colocar em risco essa abundância. “Um exemplo é o próprio Distrito Federal, que tem uma situação de abastecimento bastante delicada. Produzimos praticamente a mesma quantidade de água que consumimos, e somos, infelizmente, uma população mal-educada, com um histórico de desperdício”, lamenta Gustavo Souto Maior, professor do Núcleo de Estudos Ambientais da Universidade de Brasília (UnB).
De acordo com o engenheiro, além do uso consciente da água, é necessária uma regulação rígida sobre a criação e exploração de poços artesianos no país. “São milhares de poços abertos sem o menor controle por parte do poder público. Esse controle tem de ser feito não somente pela quantidade de água retirada, mas também pela qualidade da água, pois muitos poços são abertos em locais inapropriados, como próximo a áreas com esgoto”, afirma o engenheiro. Um dos pontos do DF mais prejudicados pelo uso indevido é a Bacia do Rio Preto, onde há grande produção agrícola.
A falta de controle é uma questão mundial, o que torna difícil medir a dimensão do problema. Sem supervisão de agências reguladoras, muitos produtores de diversos países recorrem a soluções técnicas que buscam aumentar a eficiência da irrigação e até mesmo repor a água retirada, mas essas estratégias não são suficientes.
Para o pesquisador, cada caso exige uma análise especializada, que leve em conta os aspectos geológicos, econômicos e sociais da região para criar um plano de longo prazo. Entre as medidas que podem ser utilizadas, estão a divisão de grandes plantações em campos menores e a irrigação combinada com águas de rios e outras fontes superficiais.
Um exemplo positivo é o Texas, nos Estados Unidos, que passou a manter o planejamento de seu sistema subterrâneo ao menos 50 anos adiantado, com objetivos como a manutenção de fontes especiais para o equilíbrio ecológico ou a preservação de determinado fluxo. E, a cada cinco anos, a estratégia passa por adaptações baseadas em avaliações regulares.
Regional strategies for the accelerating global problem of groundwater depletion
Werner Aeschbach-Hertig / Tom Gleeson
Nature Geoscience doi:10.1038/ngeo1617
http://www.nature.com/ngeo/journal/vaop/ncurrent/full/ngeo1617.html
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