sábado, 17 de novembro de 2012
Conhecimento não é fator determinante para formação de opinião sobre ciência
Via Agência FAPESP
Por Elton Alisson
14.11.2012
Códigos morais e políticos podem influenciar muito mais as atitudes em relação a questões científicas e tecnológicas, aponta pesquisador (FAPESP)
Agência FAPESP – As pesquisas sobre percepção pública da ciência e tecnologia realizadas em diferentes países, incluindo o Brasil, com o objetivo de avaliar a opinião dos cidadãos sobre temas científicos e tecnológicos deparam com o desafio de explicar quais fatores influenciam atitudes, interesse e engajamento em relação a esses assuntos.
Isso porque, do conjunto de indicadores utilizados nessas pesquisas para analisar quais fatores são mais relevantes na formação de interesses e atitudes dos cidadãos sobre ciência e tecnologia – como renda, educação, idade e escolaridade –, nenhum deles consegue explicar minimamente a variabilidade das respostas.
“Tem alguma outra variável que não estamos medindo que determina o tipo de atitude das pessoas sobre ciência e tecnologia em geral”, disse Juri Castelfranchi, professor do Departamento de Sociologia e Antropologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), durante conferência sobre os desafios interpretativos e metodológicos para o estudo da percepção pública da ciência e tecnologia que proferiu no dia 27 de outubro no 2º Seminário Internacional Empírika.
Realizado nos dias 26 e 27 de outubro no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o evento integrou a programação da Feira Ibero-americana de Ciência, Tecnologia e Inovação (Empírika).
De acordo com Castelfranchi, um dos fatores que contribuem para a dificuldade de as pesquisas sobre percepção pública da ciência e tecnologia determinarem qual ou quais processos contribuem para a construção da opinião pública sobre o tema é que elas estão “baseadas na hipótese mal fundada e fundamentada de que as atitudes das pessoas em relação aos assuntos científicos e tecnológicos são moduladas pelo conhecimento que têm sobre esses temas”.
Tradicionalmente, segundo Castelfranchi, a maioria dos estudos realizados sobre o que faz com que as pessoas aceitem ou rejeitem a realização de uma pesquisa científica ou uma nova tecnologia focalizou o interesse, o conhecimento e as atitudes dos entrevistados em relação à ciência e tecnologia, baseado na ideia de que esses três aspectos estariam relacionados.
Dessa forma, as pessoas não interessadas teriam baixo nível de informação e tenderiam, em geral, a ter atitudes mais negativas em relação à ciência e tecnologia. Por outro lado, ao estimular o interesse dessas pessoas por temas científicos e tecnológicos seria possível melhorar o nível de conhecimento delas sobre essas áreas e, consequentemente, suas atitudes em relação à ciência e tecnologia se tornariam mais positivas.
Entretanto, pesquisas de campo demonstraram que essas premissas são falsas e que a situação real é muito mais complexa do que a defendida por esse modelo, que foi derrubado. CONTINUA!
Por Elton Alisson
14.11.2012
Códigos morais e políticos podem influenciar muito mais as atitudes em relação a questões científicas e tecnológicas, aponta pesquisador (FAPESP)
Agência FAPESP – As pesquisas sobre percepção pública da ciência e tecnologia realizadas em diferentes países, incluindo o Brasil, com o objetivo de avaliar a opinião dos cidadãos sobre temas científicos e tecnológicos deparam com o desafio de explicar quais fatores influenciam atitudes, interesse e engajamento em relação a esses assuntos.
Isso porque, do conjunto de indicadores utilizados nessas pesquisas para analisar quais fatores são mais relevantes na formação de interesses e atitudes dos cidadãos sobre ciência e tecnologia – como renda, educação, idade e escolaridade –, nenhum deles consegue explicar minimamente a variabilidade das respostas.
“Tem alguma outra variável que não estamos medindo que determina o tipo de atitude das pessoas sobre ciência e tecnologia em geral”, disse Juri Castelfranchi, professor do Departamento de Sociologia e Antropologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), durante conferência sobre os desafios interpretativos e metodológicos para o estudo da percepção pública da ciência e tecnologia que proferiu no dia 27 de outubro no 2º Seminário Internacional Empírika.
Realizado nos dias 26 e 27 de outubro no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o evento integrou a programação da Feira Ibero-americana de Ciência, Tecnologia e Inovação (Empírika).
De acordo com Castelfranchi, um dos fatores que contribuem para a dificuldade de as pesquisas sobre percepção pública da ciência e tecnologia determinarem qual ou quais processos contribuem para a construção da opinião pública sobre o tema é que elas estão “baseadas na hipótese mal fundada e fundamentada de que as atitudes das pessoas em relação aos assuntos científicos e tecnológicos são moduladas pelo conhecimento que têm sobre esses temas”.
Tradicionalmente, segundo Castelfranchi, a maioria dos estudos realizados sobre o que faz com que as pessoas aceitem ou rejeitem a realização de uma pesquisa científica ou uma nova tecnologia focalizou o interesse, o conhecimento e as atitudes dos entrevistados em relação à ciência e tecnologia, baseado na ideia de que esses três aspectos estariam relacionados.
Dessa forma, as pessoas não interessadas teriam baixo nível de informação e tenderiam, em geral, a ter atitudes mais negativas em relação à ciência e tecnologia. Por outro lado, ao estimular o interesse dessas pessoas por temas científicos e tecnológicos seria possível melhorar o nível de conhecimento delas sobre essas áreas e, consequentemente, suas atitudes em relação à ciência e tecnologia se tornariam mais positivas.
Entretanto, pesquisas de campo demonstraram que essas premissas são falsas e que a situação real é muito mais complexa do que a defendida por esse modelo, que foi derrubado. CONTINUA!