Via Agência Brasil
Por Fernanda Cruz
11.11.2012
São Paulo – Um levantamento feito com homens entre 25 e 35 anos
atendidos pelo Centro de Referência em Saúde do Homem da capital paulista
revelou que 20% dos pacientes utilizaram medicamentos para disfunção erétil sem
prescrição médica. Foram consultados 300 homens durante o período de um mês.
“São jovens que acham que tomando a medicação vão virar
super-homens, vão ter um aumento da potência. Mas, na verdade, não tem nada
disso”, disse Cláudio Murta, coordenador da Urologia do centro.
Murta explicou que o uso dos estimulantes sem necessidade não
faz diferença no desempenho sexual. “A medicação funciona apenas para quem tem
problema. Para quem não tem, praticamente não faz efeito”, informou.
De acordo com o médico, além de não trazer benefícios, a
utilização inadequada de estimulantes pode ocasionar efeitos colaterais como dor
de cabeça, nariz entupido, rosto vermelho, diarreia, náusea, vômito e, em casos
mais raros, pode provocar cegueira. “Para quem tem problemas cardíacos, pode
levar até a morte”, alertou.
Outro problema provocado pelo uso dos estimulantes é o risco de
dependência psicológica. “O paciente acaba achando que só vai conseguir ter
relação [sexual] se tomar a medicação, quando, na verdade, não é nada disso. Ele
pode ter a relação [sexual] independentemente do remédio”, explicou. Segundo o
médico, os pacientes nessa situação passam a achar que precisam da medicação
para conseguir a ereção, mesmo que o remédio não seja, de fato, necessário. “O
paciente acaba sofrendo muito depois”, disse
O médico alerta que o uso indiscriminado dos estimulantes tem
aumentado. “Há bastante tempo, desde que foi lançado o Viagra, a gente sabe que
existe este tipo de uso. Agora, com a quebra da patente do Viagra, a tendência é
[o problema] aumentar, porque o preço caiu. Então, há um certo receio de que a
coisa fique até pior”, disse.
Os estimulantes sexuais, destacou o médico, devem ser usados
apenas por pacientes com problemas reais de ereção. “Nós prescrevemos o remédio
para quem tem alguma doença orgânica que leva à disfunção erétil como pressão
alta e diabetes”.
Normalmente, a idade comum dos usuários que utilizam a
medicação é acima de 60 anos. “Eventualmente, tem pacientes jovens para quem a
gente prescreve, são os que têm problemas psicológicos. A gente acaba usando
como uma terapia de apoio, enquanto ele faz a psicoterapia e trata o problema
psicológico dele”.
Edição Beto Coura