segunda-feira, 12 de novembro de 2012
Espanha: o terrível drama de pessoas que perdem suas casas
Via blog do Noblat
Blog do Ricardo Setti
12.11.2012
Quando chegaram os oficiais de Justiça e alguns policiais para comunicar que, por falta de pagamento da hipoteca de seu apartamento, ela seria desalojada de seu imóvel, Amaia Egoña, 53 anos de idade, chefe de recursos humanos de uma empresa de transportes em Barakaldo, no País Basco, e ex-vereadora socialista, subiu a uma cadeira e se atirou pela janela do quarto andar.
Em duas semanas, a tragédia das mais de 400 mil famílias que perderam sua casa por falta de pagamento na Espanha desde 2006 abrangia o segundo suicídio — o outro foi o de um homem em Granada, na Andaluzia, que se enforcou –, sem contar uma tentativa frustrada de outro homem em Valência.
Imersa em brutal crise econômica desde 2008, às voltas agora com uma crise institucional — o governo nacionalista da Catalunha caminha para as eleições regionais do próximo dia 25 com o firme propósito de declarar a independência –, a Espanha vive sobretudo uma crise social cuja face mais dramática, mais ainda do que o desemprego, que atinge um em cada quatro trabalhadores, é o das famílias que perdem suas casas.
Esse quadro levou à reunião que devem realizar nesta segunda, 12, dirigentes do Partido Popular, do governo, e do Partido Socialista Operário Espanhol, o principal da oposição, na busca de uma solução legal de emergência que preveja, pelo menos, uma moratória nas imissões de posse dos imóveis pelos bancos credores.
Uma nova lei deverá prever a “dação em pagamento” (a devolução do imóvel quita a dívida) mas, segundo a Constituição, não poderá retroagir para alterar contratos já em curso — e este é um enorme obstáculo à solução do drama que afeta a classe média baixa e a vasta classe média espanhola.
A situação é tal, são tantos os protestos de associações de moradores, a que se juntam vários outros setores, que associações de magistrados estão ameaçando parar por conta própria os processos de retomada dos imóveis, sem contar os policiais que, cada vez mais, se recusam a participar do que na Espanha se denomina desahucios.
Não raro, vizinhos e outros moradores resistem às autoridades em solidariedade aos atingidos, tentando evitar ou adiar o cumprimento da ordem judicial.
Leia a íntegra em Espanha: suicídios de pessoas que perdem suas casas por falta de pagamento tornam agudo o drama e levam a reunião de emergência governo-oposição. 523 famílias são desalojadas por dia
Blog do Ricardo Setti
12.11.2012
Quando chegaram os oficiais de Justiça e alguns policiais para comunicar que, por falta de pagamento da hipoteca de seu apartamento, ela seria desalojada de seu imóvel, Amaia Egoña, 53 anos de idade, chefe de recursos humanos de uma empresa de transportes em Barakaldo, no País Basco, e ex-vereadora socialista, subiu a uma cadeira e se atirou pela janela do quarto andar.
Em duas semanas, a tragédia das mais de 400 mil famílias que perderam sua casa por falta de pagamento na Espanha desde 2006 abrangia o segundo suicídio — o outro foi o de um homem em Granada, na Andaluzia, que se enforcou –, sem contar uma tentativa frustrada de outro homem em Valência.
Imersa em brutal crise econômica desde 2008, às voltas agora com uma crise institucional — o governo nacionalista da Catalunha caminha para as eleições regionais do próximo dia 25 com o firme propósito de declarar a independência –, a Espanha vive sobretudo uma crise social cuja face mais dramática, mais ainda do que o desemprego, que atinge um em cada quatro trabalhadores, é o das famílias que perdem suas casas.
Esse quadro levou à reunião que devem realizar nesta segunda, 12, dirigentes do Partido Popular, do governo, e do Partido Socialista Operário Espanhol, o principal da oposição, na busca de uma solução legal de emergência que preveja, pelo menos, uma moratória nas imissões de posse dos imóveis pelos bancos credores.
Uma nova lei deverá prever a “dação em pagamento” (a devolução do imóvel quita a dívida) mas, segundo a Constituição, não poderá retroagir para alterar contratos já em curso — e este é um enorme obstáculo à solução do drama que afeta a classe média baixa e a vasta classe média espanhola.
A situação é tal, são tantos os protestos de associações de moradores, a que se juntam vários outros setores, que associações de magistrados estão ameaçando parar por conta própria os processos de retomada dos imóveis, sem contar os policiais que, cada vez mais, se recusam a participar do que na Espanha se denomina desahucios.
Não raro, vizinhos e outros moradores resistem às autoridades em solidariedade aos atingidos, tentando evitar ou adiar o cumprimento da ordem judicial.
Leia a íntegra em Espanha: suicídios de pessoas que perdem suas casas por falta de pagamento tornam agudo o drama e levam a reunião de emergência governo-oposição. 523 famílias são desalojadas por dia