domingo, 18 de novembro de 2012

CARTA ABERTA-REDE FAOR

16.11.2012
Autor: REDE FAOR

FÓRUM DA AMAZÔNIA ORIENTAL

Carta Aberta
 
O Fórum da Amazônia Oriental, uma rede de organizações e movimentos socio-ambientais, de trabalhadores e trabalhadoras da agricultura familiar e camponesa, agroextrativistas, quilombolas, organizações de mulheres, organizações populares urbanas, pescadores, estudantes, povos e comunidades tradicionais e povos originários que compartilham a luta contra o capitalismo e suas mazelas aos povos da Amazônia e do Brasil, vem à público, manifestar sua indignação diante das violações dos direitos, que vem ocorrendo de forma covarde, cruel e incessante, aos povos amazônidas.

A Amazônia brasileira vem sendo violentada por grandes projetos de infraestrutura, agronegócio, exploração mineral, entre outros, que produzem diariamente fome, violências urbanas e rurais, com assassinatos e ameaças de morte, desmatamento – resultante do avanço das monoculturas que favorecem o agronegócio, as mudanças climáticas e um modelo de dês-envolvimento, baseado no crescimento econômico, servindo às empresasagroexportadoras e mineradoras e latifundiários do agronegócio, consórcios de grandes empresas para construírem Hidrelétricas nos rios da Amazônia Teles Pires, Xingu e Madeira, entre outros, violando os direitos fundamentais direito à terra, à preservação de sua cultura e segurança alimentar, de comunidades indígenas, ribeirinhas, quilombolas, extrativistas, entre outras.

Em nome deste Des-envolvimento o governo brasileiro dá sustentação ao projeto do capital contra anatureza, projeto de exaustão das riquezas naturais da Amazônia, e do mundo, desconsiderando a voz dos povos amazônidas que gritam por justiça socioambiental e por vida no planeta Terra. Exemplos de violações só dos últimos dias:
  • Assassinato de 3 quilombolas em Tomé – Açu em decorrência do avanço da monocultura do dendê em território quilombola e da disputa por terra nesta região;
  • O conflito envolvendo índios Munduruku da Aldeia Teles Pires, fronteira entre Pará e Mato Grosso, e a Polícia Federal do Brasil, que resultou na morte de 2 indígenas e diversas violações de direitos constitucionais dos povos Munduruku e Kayabi;
  • Greve de trabalhadores nos canteiros de obras da UHE de Belo Monte, no rio Xingu, que resultou na queima total dos alojamentos de três sítios da obra, mais de 5 mil funcionários demitidos e 5 funcionários assassinados durante os tumultos na luta por melhores condições de trabalho.
Rechaçamos este modelo de desenvolvimento e responsabilizamos o governo pelo ocorrido na aldeia Teles Pires, por conta de uma ação desastrosa da Polícia Federal subordinada ao Ministério da Justiça, do Governo Federal, e todas as violações de direitos decorrentes desta prática predatória capitalista. Exigimos que os fatos sejam apurados e os culpados pelos ataques e assassinato dos indígenas Munduruku sejam criminalmente penalizados, assim como os responsáveis pelo assassinato das 3 lideranças quilombolas em Tomé Açu.

Reiteramos nossa denuncia contra o projeto do governo do Brasil. Projeto de destruição da floresta, dos rios e da vida na Amazônia e deixamos claro que compartilhamos de outro desenvolvimento para nosso povo, um novo modelo de produção, distribuição e consumo, baseado na agroecologia, na economia solidária e numa matriz energética diversificada e descentralizada, que garanta a segurança e soberania alimentar, outra visão de território, que estamos construindo ao longo do tempo, articulando o uso sustentável da floresta e o livre uso da biodiversidade.

Belém, 13 de novembro de 2012.

Assinam a presente carta as entidades da coordenação do Fórum da Amazônia Oriental
Associação de Moradores e produtores e Quilombolas – AMPRQRO / AMAPÁ
Ass. Sociocultural de Umbanda e Nina Nagô Nossa Senhora das Graças / AMAPÁ
Rede de Mulheres em Comunicação / AMAPÁ
Federação das Entidades Comunitárias do Estado do Amapá – FECAP / AMAPÁ
Instituto Cidadania Comunitária / MARANHÃO
Grupo Identidade GLBT
CONTRAB – Grupo de Mulheres Trabalhadoras da Bacia do Bacana / MARANHÃO
ACONERUQ / MARANHÃO
ACA – Associação Camponesa / MARANHÃO
FMRU – Fórum Metropolitano de Reforma Urbana / PARÁ
AOMTB – Associação de Organizações de Mulheres Trabalhadoras do Baixo Amazonas / PARÁ
UNIPOP - Instituto Universidade Popular / PARÁ
FMAP – Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense / PARÁ
CEDENPA - Centro de Defesa do Negro no Pará / PARÁ
Movimento Estadual de DH / TOCANTINS
Casa da Mulher 8 de Março / TOCANTINS
CONSAUDE / TOCANTINS
MST / TOCANTINS