segunda-feira, 16 de agosto de 2010

‘O mundo deve tentar intervir’

Via blog do Noblat - 16.08.2010


Deu em O Globo

Entre elogios e críticas ao Brasil, iraniana Nobel da Paz pede pressão internacional para salvar Sakineh

Prêmio Nobel da Paz em 2003, a advogada iraniana Shirin Ebadi, de 63 anos, acha que o presidente Lula ainda não sabe bem que posição adotar em relação ao Irã. Afinal, lembra ela, de um lado, ele apoia as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas contra Teerã; de outro, toma a iniciativa unilateral de negociar com o país.

Ela critica Lula também num episódio ligado ao sindicalista iraniano Mansour Ossanla, que está preso. Como considerava o presidente brasileiro um defensor dos sindicalistas, Shirin pediu que Lula, em sua última viagem ao Irã, visitasse a família de Ossanla, mas o apelo não foi atendido.

Em entrevista exclusiva ao GLOBO, Shirin elogiou, porém, a tentativa brasileira de pressionar o Irã no caso de Sakineh Ashtiani, iraniana condenada à morte por apedrejamento.

(...) O caso de Sakineh traz lembranças amargas para Shirin. Pouco depois da revolução, ela defendeu uma acusada de adultério. E de nada valeram os protestos que organizou contra a execução. A mulher foi morta por apedrejamento.

Em parte de sua entrevista a Graça Magalhães-Ruether, de O Globo, a dra. Shirin Ebadi diz:

Desde as eleições presidenciais do Irã, ano passado, a senhora vive na Europa porque tem medo de voltar ao seu país. A situação piorou muito desde a reeleição de Mahmoud Ahmadinejad?

A situação dos direitos humanos piorou muito. Muitos jornalistas estão na prisão. Alguns advogados que defenderam as pessoas perseguidas pelo regime por terem participado dos protestos depois das eleições foram presos e condenados a muitos anos.

Trabalhar em defesa dos direitos humanos é uma atividade perigosa no Irã. Queria contar apenas um exemplo. Uma colega, Narges Mohammadi, vice-diretora da minha ONG de direitos humanos (Centro de Defesa dos Direitos Humanos), foi uma das perseguidas. Os agentes de segurança chegaram à casa dela de madrugada, algemaram-na e levaram-na presa diante dos olhos dos seus filhos, dois gêmeos de 3 anos, que choraram e tentaram se agarrar à mãe. Narges ficou 20 dias na prisão, mas o efeito desses dias de tortura ela vai arrastar consigo talvez a vida inteira. Continua