sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Em defesa do curso de Pedagogia, artigo de Ivonaldo Leite



JC e-mail 3655, de 04 de Dezembro de 2008.
7. Em defesa do curso de Pedagogia, artigo de Ivonaldo Leite


“A suposta deficiência do curso de pedagogia, formando “maus professores”, está intensamente relacionada ao ensino de base que os seus estudantes tiveram”

Ivonaldo Leite é Ph.D em Ciências da Educação e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Artigo enviado pelo autor ao “JC e-mail”:

Nos últimos dias, tem-se dado curso a um conjunto de afirmações a respeito do curso de pedagogia que são, no mínimo, instigantes ao debate. Refiro-me às reportagens com a professora Eunice Duhran. A grande imprensa, como a Revista Veja, e mesmo órgãos de divulgação científica, como este JC, têm estampado manchetes brandindo que o curso de pedagogia não passa de uma “fábrica de maus professores”.

Que a precipitação na emissão de juízos de valor seja uma das marcas de um determinado tipo jornalismo, é, até certo ponto, compreensível, embora não aceitável. O sensacionalismo tem apelo comercial. Manchetes espetaculosas vendem bem. Todavia, nem de longe, tal postura é admissível em quem deve ter compromisso com a problematização analítica dos fenômenos. A análise social não pode ser refém de pautas jornalísticas – não obstante, cada vez mais, intelectuais (nalguns casos por vaidade, noutros nem tanto) orientem-se pela lógica dos holofotes e pelas diretrizes dos editoriais.

Ora, como diria Ariano Suassuna, não “saio a terreiro”, em nome do curso de pedagogia, de “capa e espada”, até porque, em princípio, sou oriundo do campo da teoria social, tendo aportado no contexto educativo-pedagógico por via do doutoramento em ciências da educação.

De resto, longe de mim atitudes que guardem semelhanças com posturas quixotescas. Se venho a público tratar do assunto em tela, é em decorrência da necessidade de se realizar um debate referenciado nos quadros da problematização analítica, orientado pelo recíproco movimento entre a instância lógica e a instância empírica, o que, por certo, é algo que não se coadune com a precipitação jornalística. Entendamo-nos. Continua.

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Veja também: Fábrica de maus professores