Por Eloy Casagrande Jr. - PHD*
Que a tragédia que assolou o Vale do Itajaí não é algo novo todos sabem. Talvez, não saibam, no entanto, que as enchentes do Vale ocorrem desde a sua colonização há mais 150 anos. De 1850 a 1992 foram 66 enchentes, das quais 11 (onze) até 1900, 20 (vinte) nos 50 anos subseqüentes e 35 nos últimos 43 anos. Relatos históricos registram 9 metros de elevação do rio Itajaí-Açu na enchente de 1862, tornando terras agrícolas e cidades alagadas um cenário comum até os dias de hoje.
Isto levou a população local, principalmente de Blumenau a criar uma cultura de coexistência com as enchentes de pequena magnitude e também a conviver com o uso político das mesmas. Promessas de que se vai acabar com as cheias, são parte de velhos chavões políticos como prometer mais investimentos na educação, na segurança e na saúde. Também medidas governamentais de atendimento as populações atingidas e as inúmeras soluções de engenharia para o problema são discutidas desde a enchente de 1880 – a maior que se tinha registro até então, chegando o nível a 17,10m!
Em 1911, quando o pico de cheia alcançou 16,90m, surgiram várias propostas para o problema, inclusive a mudança da cidade para pontos mais altos e a construção de um canal de escoamento a partir de Blumenau. Esta segunda seria retomada nos anos 30 pelo primeiro estudo de defesa contra as cheias e também nos anos 80. A primeira e mais inteligente, poderia ser traduzida para uma linguagem técnica mais moderna dos dias de hoje: o uso ordenado do solo, onde se pode controlar a densidade demográfica, evitar a ocupação de áreas inundáveis e as encostas e os desmatamentos. Continua.
* Professor na área de sustentabilidade e inovação
Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR