sábado, 20 de dezembro de 2008

Leitores comentam matéria “MEC diz que criacionismo não é tema para aula de ciências”



JC e-mail 3666, de 19 de Dezembro de 2008.
22. Leitores comentam matéria “MEC diz que criacionismo não é tema para aula de ciências”


“A liberdade de culto e a separação Estado-Igreja são conquistas muito importantes para permitirmos que sejam deixadas a perder pelo renascimento do obscurantismo”

Leia o comentário de Roberto Vicente, físico e pesquisador do Ipen:

“A pressão constante de igrejas para mudar a lei não permite que fiquemos indiferentes a uma questão que parece menor para muitos cidadãos. Não podemos esmorecer nessa luta! Se algumas igrejas não defendem oficialmente a idéia de se ensinar o criacionismo como uma explicação alternativa ao surgimento e diversificação das formas de vida na Terra, muitos de seus membros são ativos nessa campanha. A argumentação é variada, mas, via de regra, tenta simular o método científico, explorar os valores da democracia e mimetizar a lógica para convencer a sociedade a aceitar essa proposição.

Gostaria de acrescentar alguns pensamentos a tudo que tem sido dito e escrito a respeito: A idéia de que o criacionismo seja uma explicação alternativa à ‘doutrina’ darwinista e que "... a maneira mais justa e honesta de lidar com a questão é apresentar ambos os modelos nas aulas de ciências, dando-se destaque aos pontos fortes e fracos de cada um" como diz Christiano da Silva Neto, presidente da Associação Brasileira de Pesquisa da Criação, é uma tática ardilosa do proselitismo religioso.

Primeiro, porque não existe um modelo criacionista para ser apresentado. São muitos os modelos, como se observa na ampla literatura disponível na Internet. Nos EUA, os criacionistas se classificam, entre outras correntes, em YEC ou OEC (young earth criationists ou old earth criationists). Mas há, desde o mais radical literalismo na leitura da Bíblia, até o extremo de aceitar o Big Bang como o momento em que ‘Deus criou tudo’, inclusive a receita para que a vida se desenvolvesse segundo as leis da física, parando Ele, naquele exato momento, de reger a orquestra do Mundo e deixando que a Natureza seguisse seu curso. Continua