segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Entrevista - Geraldo Vandré
Via Correio Braziliense - 13/12/2008
Leandro Colon
Aos 73 anos, Geraldo Vandré afirma que não sabe quem é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, a política brasileira depois do AI-5 não existe mais. “Naquele tempo eu não tinha presidente. Agora você tem, não tem? Eu não tenho. Quero ficar longe dessa realidade que você está”, disse o autor da música Disparada numa conversa de 40 minutos por telefone na terça passada.
Ele também reclama do uso público de suas músicas hoje em dia: “Como tudo mais que as pessoas usam como querem e não pagam nada para ninguém”. E nega que tenha feito música de protesto ao regime militar. “Era uma crônica da realidade, talvez”.
O AI-5 não só encerrou a carreira de Vandré no Brasil, como o transformou num homem solitário, longe dos palcos, recluso num mundo particular, muitas vezes chamado de paranóico pelos amigos. Um mundo com frases desconexas quando fala do presente, mas lúcidas e irônicas ao tratar do passado. Quem foi Vandré? “Foi um artista, uma pessoa que fazia música, arte, canção popular”, diz ele, para logo provocar: “Pergunte ao governo quem foi Vandré”.
O paraibano e advogado Geraldo Pedrosa de Araújo Dias (Vandré era uma homenagem ao pai) vive em São Paulo, num pequeno apartamento no centro da cidade. Mas não é fácil encontrá-lo em casa. Nos últimos dias, disse estar cuidando da saúde num lugar incerto. É aposentado pelo Ministério da Fazenda, por ter trabalhado na extinta Sunab antes de 1968.
O que isso significou o AI-5 na sua carreira?
Eu parei ali. Acabou a carreira. Não tive mais carreira.
Por que optou por essa reclusão e não voltou mais a cantar?
Porque é outro país, não é o meu. Mudou demais. Naquele tempo não tinha presidente. Agora você tem, não tem? Pois, bem. Eu não tenho. Não tinha e continuo não tendo. Eu tenho outras coisas a fazer, eu fui expulso do serviço público por causa dessa canção (Para não dizer que não falei das flores). O que você chama de governo cobra impostos sobre o meu crime. Sou advogado, de outra época, do tempo em que se estudava leis nesse país. Antes havia lei e se estudava leis.
Quem foi Geraldo Vandré?
Um artista que fazia música brasileira, canção popular.
O senhor acha que os jovens de hoje deveriam saber quem foi Geraldo Vandré?
Você deveria perguntar isso para o governo deles. Você não tem governo? Pergunta para o governo quem foi Geraldo Vandré. Continua
Leandro Colon
Aos 73 anos, Geraldo Vandré afirma que não sabe quem é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, a política brasileira depois do AI-5 não existe mais. “Naquele tempo eu não tinha presidente. Agora você tem, não tem? Eu não tenho. Quero ficar longe dessa realidade que você está”, disse o autor da música Disparada numa conversa de 40 minutos por telefone na terça passada.
Ele também reclama do uso público de suas músicas hoje em dia: “Como tudo mais que as pessoas usam como querem e não pagam nada para ninguém”. E nega que tenha feito música de protesto ao regime militar. “Era uma crônica da realidade, talvez”.
O AI-5 não só encerrou a carreira de Vandré no Brasil, como o transformou num homem solitário, longe dos palcos, recluso num mundo particular, muitas vezes chamado de paranóico pelos amigos. Um mundo com frases desconexas quando fala do presente, mas lúcidas e irônicas ao tratar do passado. Quem foi Vandré? “Foi um artista, uma pessoa que fazia música, arte, canção popular”, diz ele, para logo provocar: “Pergunte ao governo quem foi Vandré”.
O paraibano e advogado Geraldo Pedrosa de Araújo Dias (Vandré era uma homenagem ao pai) vive em São Paulo, num pequeno apartamento no centro da cidade. Mas não é fácil encontrá-lo em casa. Nos últimos dias, disse estar cuidando da saúde num lugar incerto. É aposentado pelo Ministério da Fazenda, por ter trabalhado na extinta Sunab antes de 1968.
O que isso significou o AI-5 na sua carreira?
Eu parei ali. Acabou a carreira. Não tive mais carreira.
Por que optou por essa reclusão e não voltou mais a cantar?
Porque é outro país, não é o meu. Mudou demais. Naquele tempo não tinha presidente. Agora você tem, não tem? Pois, bem. Eu não tenho. Não tinha e continuo não tendo. Eu tenho outras coisas a fazer, eu fui expulso do serviço público por causa dessa canção (Para não dizer que não falei das flores). O que você chama de governo cobra impostos sobre o meu crime. Sou advogado, de outra época, do tempo em que se estudava leis nesse país. Antes havia lei e se estudava leis.
Quem foi Geraldo Vandré?
Um artista que fazia música brasileira, canção popular.
O senhor acha que os jovens de hoje deveriam saber quem foi Geraldo Vandré?
Você deveria perguntar isso para o governo deles. Você não tem governo? Pergunta para o governo quem foi Geraldo Vandré. Continua